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Escola de Espectador leva o teatro para as salas de aula

Uma das apresentações da “Escola de Espectador”

Em 1985, o espetáculo “Fausto” era apresentado, por meio do projeto de extensão “Escola de Espectador”, a estudantes de colégios públicos que foram pela primeira vez ao teatro. Passados 25 anos, não só clássicos como o do dramaturgo Johan Goethe, mas também outras peças continuam sendo exibidas às instituições de ensino e grupos comunitários de Juiz de Fora e região. A iniciativa, promovida pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com o Grupo Divulgação, busca promover a cidadania pela arte teatral.

Além de apresentar peças gratuitas, o projeto promove um aprofundamento cultural aos participantes, como o passeio pelo Forum da Cultura, local das apresentações. O público tem a oportunidade de visitar as exposições do Museu de Cultura Popular, da Galeria de Arte, e, ainda, conhecer mais sobre a arquitetura e a história do espaço. “O objetivo é desenvolver as pessoas para que a cultura se faça cada vez mais forte”, explica o coordenador, professor José Luiz Ribeiro.

Para José Luiz Ribeiro, o objetivo da iniciativa é que a cultura se fortaleça

Segundo o docente, o trabalho investe em uma política cultural, no qual as ações ocorrem de forma contínua. Durante o ano, são exibidas cinco peças. Os espetáculos visam retratar a sociedade e o momento atual. Em média, seis mil espectadores ocupam as cadeiras do teatro. O conteúdo das peças é trabalhado, posteriormente, em sala de aula pelos professores das escolas participantes. “Nas atividades escolares, os estudantes colocam o que viram, o que acharam e, principalmente, o que aprenderam com a peça”, diz a secretária da Escola Estadual Professor Teodoro Coelho, Rosimeria Gonçalves.

A instituição de ensino, localizada no bairro Jóquei Clube, participa há 25 anos do projeto. Para Rosimeria, as mudanças no comportamento dos alunos, tanto dentro, como fora de sala, são visíveis. “Nas primeiras visitas ao teatro, eles não sabiam como se comportar. Não estavam acostumados a frequentar esse tipo de ambiente. Aos poucos, foram mudando. Tiveram a oportunidade de ver o mundo de um modo diferente.” O colégio é uma das 238 instituições da cidade atendidas pela iniciativa. Além de Juiz de Fora, 62 escolas em 28 municípios da região participam.

Bastidores
A participação dos colégios no projeto é realizada por meio de cadastro. Cabem aos quatro bolsistas da UFJF mediarem o contato com as instituições. A estudante de Comunicação Social Taís Poliana, que atuou na iniciativa em 2010, acredita que a experiência possibilitou enxergar melhor a realidade local. “Observar pessoas que nunca tiveram contato com peças teatrais foi muito impactante. Não podemos tratar essa arte como uma cultura morta. Temos que adaptá-la à realidade da sociedade.”

Suellen Dias ressalta que a participação no projeto ampliou seu conhecimento

Suellen Dias, que também já foi bolsista do projeto, diz como a experiência na “Escola de Espectador” foi importante em sua vida. “O projeto me trouxe disciplina, aumentou a comunicabilidade e a minha bagagem cultural.” Para Suellen, a iniciativa mostra a realidade mais de perto. “Você vê como as pessoas não têm acesso à cultura e como esse tipo de projeto social traz acessibilidade. Consegui enxergar o outro lado da moeda, o de perceber que o nosso papel pode fazer diferença na vida das pessoas.”

25 anos de cidadania
Em 2010, a “Escola de Espectador” completou 25 anos. Tempo suficiente para perceber que o projeto provoca mudanças reais nos participantes, como afirma Ribeiro. “Hoje temos grande quantidade de grupos que se formam na escola a partir do momento que os meninos vão, assistem e gostam. Podemos entender que houve uma transformação e que há um efeito cascata.”

A aproximação do público com o teatro também é outra mudança crescente, além do fato da iniciativa servir como modelo para projetos semelhantes. “Atualmente existem outros projetos, como no Cine-Theatro Central, que já buscam as escolas. Nós somos precursores”, destaca o professor.

E como os resultados mostram que a receita está dando certo, o desafio é manter a essência. “Nós não podemos deitar sobre aquilo que já construímos. Temos sentido que muitas vezes a própria escola já não é mais a mesma. Então, temos sempre que está resgatando o sentido original do projeto, o que não é fácil”, declara a professora e atriz do Grupo Divulgação, Márcia Falabella, também coordenadora da iniciativa.

Forum da Cultura
Rua Santo Antônio 1.112, Centro
Tel: (32) 3215-3850