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Projeto de extensão dá voz aos pacientes do HU

Tentar amenizar o sofrimento da estadia em um hospital para os pacientes é a proposta do projeto de extensão “Ouvindo para ajudar”, desenvolvido pelo professor e Diretor Geral do Hospital Universitário (HU), Dimas Augusto, e pela servidora da Pró-Reitoria de Recursos Humanos, Elazir Paletta. A iniciativa conta com o trabalho de acadêmicos de vários cursos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e é realizada nas duas unidades do HU: Dom Bosco e Santa Catarina.
O projeto, criado em 2009, surgiu da observação de reclamações frequentes dos pacientes em relação à alimentação, hotelaria, solidão e falta de alguma atividade. Reclamações que podem parecer simples, mas que faz toda a diferença para quem precisa passar alguns dias, semanas e até meses internado em um hospital. Então para resolver o problema, a solução encontrada foi ouvi-los e saber das suas reais necessidades.
O coordenador do projeto, Dimas Augusto, explica que a iniciativa tem o objetivo de ouvir os pacientes através de um olhar mais humano, mais acolhedor, deixando a visão da assistência médica para os profissionais. “Queremos saber se os pacientes têm alguma sugestão ou reclamação a fazer sobre o atendimento, sobre a sua estadia no Hospital Universitário”, declara.
Para Dimas, a iniciativa é importante, pois resulta na satisfação do paciente pelo atendimento. “O hospital se preocupa muito em saber se o paciente melhorou da dor, da infecção, se já operou e não foca muito no lado das necessidades. Se ele quer um travesseiro a mais, se quer assistir televisão ou ter um contato da família. São pequenos detalhes que, no dia a dia passam despercebidos e que leva a insatisfação”, ressalta.

Equipe multidisciplinar pronta para ouvir os pacientes

Diariamente, bolsistas percorrem os leitos de todas as alas do hospital, fazendo perguntas aos pacientes. São perguntas baseadas em um questionário e se referem à satisfação no atendimento e na estadia. Atualmente, o projeto conta com seis bolsistas multidisciplinares. Cada um fica responsável por um setor do hospital. Ao final do trabalho, os questionários são entregues ao chefe do setor para tomar as providências.
Entre as reclamações frequentes feitas pelos pacientes está a alimentação, como esclarece Dimas Augusto: “Às vezes, o paciente, por exemplo, está com uma dieta que não pode receber açúcar. Então ele vai reclamar que a comida não é boa porque não está doce. Nesse caso, o paciente recebe a orientação de que sua alimentação é diferente porque é um tipo de tratamento que a nutricionista orientou”.
Uma vez por mês, a equipe se reúne e faz um levantamento dos questionários para ver o que foi resolvido, quais reclamações foram reincidentes, as sugestões, entre outros. “O levantamento é para demonstrar que são coisas simples que, às vezes, pertuba o paciente. É um horário de alimentação para mudar, um barulho à noite, o desejo de assistir televisão. São coisas muito simples de serem resolvidas, mas que faz toda a diferença”, argumenta Dimas.
A estudante do Curso de Enfermagem da UFJF, Marcella Leles, participa do projeto desde que ele foi criado. E, de acordo com ela, o resultado do seu trabalho já está refletindo na vida acadêmica: “Eu já consigo ter um contato muito maior com os pacientes, já sei me virar mais fácil que meus amigos por participar dessa iniciativa”, ressalta a estudante.
Marcella explica que o trabalho possibilita criar uma relação de amizade e aprendizado com os pacientes, o que é muito gratificante. “Os pacientes me ensinam muitas coisas. Com eles, eu sou enfermeira, psicóloga, amiga. Eles se lembram de você, te chamam pelo nome. Só um sorriso que uma pessoa dá vale por tudo. É muito gratificante”, relata a estudante.

Da esquerda para a direita: Eva Maria, Marcella Leles e Cristina Bordion durante aplicação do questionário

A paciente Eva Maria Salgado, que está internada para fazer uma cirurgia na unidade do HU, no bairro Santa Catarina, gostou da iniciativa. “Eu achei muito boa. Muito interessante”. Quem compartilha da mesma opinião é a sua filha, Cristina Bordion, que está acompanhando-a. “Achei ótimo, uma ideia excelente. Às vezes, o paciente está com uma autoestima baixa, uma depressão, está sozinho, então precisa de uma pessoa animada para saber essas questões, opiniões. Quando chega o acadêmico com um sorriso, como a Marcella, você já se sente melhor porque hospital é um clima pesado, você fica ansioso, então, tendo esse tipo de iniciativa, eu acho ótimo. Eu ainda não tinha visto isso em outros hospitais. Aqui, é a primeira vez que eu vejo”, informa Cristina.