Os professores, cientistas, pesquisadores e estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora vêm a público manifestar seu apoio e se unir à comunidade científica mundial contra a redução do financiamento da pesquisa e a partidarização das políticas públicas de apoio à ciência. A submissão às decisões políticas que desvinculam a ciência de sua relação com o interesse público e de sua capacidade de transformação social para atender ao bem comum, causará impactos negativos para as futuras gerações. Especialmente no atual contexto brasileiro, as restrições à atividade científica têm sido significativas. A fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação ao Ministério das Comunicações, para além da incompatibilidade das agendas das duas áreas, sinalizou para a falta de prioridade da ciência, relegando-a a um plano inferior; a emenda constitucional aprovada pelo governo limitou os gastos federais apenas aos ajustes da inflação pelos próximos 20 anos, o que levará a cortes não só na área da saúde, como na educação em geral; os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) um instrumento importantíssimo para desenvolver os programas de ciência, tecnologia & inovação (CT&I) receberam cortes da ordem de 44%, resultando no menor orçamento da área nos últimos 12 anos; os dispêndios públicos e privados em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no país caíram nos últimos três anos e voltaram ao patamar de 1% em relação ao Produto Interno Bruto. Em decorrência, a agência FINEP, tradicional no fomento aos equipamentos multiusuários e de grande porte às universidades, teve que promover redução de 50% em seu último edital, além da suspensão de novos editais. Estes cortes prejudicarão a pesquisa e o desenvolvimento econômico sustentável pelas próximas décadas. A ciência e a tecnologia são instrumentos importantíssimos para países emergentes como o Brasil e a inovação tecnológica é fator determinante para se sair de um quadro de estagnação econômica e para se retomar o crescimento da produtividade. O financiamento público orientado para áreas estratégicas da ciência e tecnologia, pela via da inovação e do empreendedorismo, é fundamental para superação do atraso. É necessário um consenso nacional e o apoio político para a manutenção de um nível de financiamento constante, apesar dos altos e baixos da economia. É imprescindível dar estabilidade para geração de inovação e autonomia tecnológicas, como importantes veículos que são, de crescimento econômico sustentável, geração de renda e socialização dos ganhos para toda a sociedade brasileira, refletindo na diminuição da desigualdade e melhoria das condições de vida.
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