Professora Clarice Cassab teve projeto de pesquisa “Dos espaços-mortos a produção do lugar? juventudes, planejamento urbano e outros usos da cidade” aprovado pela FAPEMIG.
A pesquisa pretende compreender como, a partir de suas práticas espaciais ligadas à cultura, jovens da periferia da cidade de Juiz de Fora, dão vida e dinamismo a espaços-mortos da cidade, tensionando, com isso, a lógica hegemônica produtora da cidade. Neste projeto, consideramos espaços-mortos aqueles sem usos, não ocupados e não apropriados, e que podem, inclusive, virarem espaços considerados sujos ou perigosos na cidade. Muitas vezes, resultam da construção de grandes fixos destinados à circulação, como, por exemplo, no caso deste projeto, o vão de um viaduto. Esses espaços são, portanto, o produto da lógica de valorização da escala fragmentada da cidade e do esforço de ampliar a velocidade, reduzindo o tempo de circulação. Nosso objeto aparece empiricamente como um fenômeno recente na cidade de Juiz de Fora – MG, quando, em seguida a inauguração de um viaduto, jovens de periferias, reuniram-se em seu vão, ocupando aquele espaço-morto e dando-o vida através de seu uso. Essa realidade nos coloca diante da oportunidade de pensarmos novas práticas de planejamento e gestão que incorporem o cotidiano e sejam capazes de reconhecer outros sujeitos e outras temporalidades. Práticas que possam incorporar não apenas a grande e média escala, mas sobretudo, a escala humana no momento da definição de planos e ações que incidam sobre as formas de organização e uso da cidade. Sua metodologia sustenta-se na pesquisa qualitativa e se dará pelo uso de técnicas que mesclam entrevistas semi-estruturadas, observação participante, diário de campo e elaboração de mapas mentais. Espera-se, com a pesquisa, a produção de conhecimentos, técnicas e metodologias que possam, dentre outras coisas, contribuir para a qualificação e aprimoramento do planejamento da cidade a partir do reconhecimento dos múltiplos sujeitos que produzem a cidade e de suas diferentes intencionalidades. Desse modo, construindo instrumentos capazes de, no momento do planejamento, incorporar a escala humana (GEHL,2015)