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Número especial – Juventudes e cidade

EDITORIAL

Número especial da Revista de Geografia da UFJF

 

É com alegria que disponibilizamos o primeiro número especial da Revista de Geografia da UFJF que congrega parte dos trabalhos apresentados no I Seminário de pesquisa juventudes e cidade, ocorrido na cidade de Juiz de Fora em outubro de 2011. O evento foi uma realização do Núcleo de Pesquisa Geografia, Espaço e Ação (NuGea), do Departamento de Geociências da UFJF, do PPGEO/UFJF, do Departamento de Serviço Social do Pólo Universitário de Campos dos Goytacazes da UFF e do curso de Geografia da UNESP/Presidente Prudente e contou com o financiamento da Propesq/UFJF e da FAPEMIG.

 

O Seminário teve como objetivo estimular a construção coletiva de apontamentos para uma agenda de pesquisa sobre a temática Juventudes e cidades, buscando destacar a importância de se considerar a instância espacial nos estudos sobre os jovens e sobre as juventudes.

 

O primeiro artigo, Ser jovem na cidade: uma experiência marcada pela inserção social, de autoria de Carolina de Sá Pereira Martins, Mariana de Souza Monteiro e Mariângela Nicolau Ângelo dos Santos, é o resultado de pesquisa desenvolvido com jovens da cidade de Campos dos Goytacazes. Nele as autoras discutem o uso e apropriação do espaço urbano pelos jovens pobres da cidade a partir do entendimento da juventudes como categoria sócio histórica e do conceito de território proposto por Milton Santos.

 

O artigo Organização e identidade juvenil, práticas violentas e território: a necessidade de um olhar especial para o jovem, de autoria de Carolina Morais Simões de Melo trata da influência do território na organização juvenil e nas práticas violentas. Tendo como foco os adolescentes infratores de Juiz de Fora o artigo procura  d desconstruir o senso comum de que o jovem é violento e se organiza em gangues estruturadas e ligadas à práticas criminosas.

 

O terceiro texto, de Elaine Oliveira, intitula-se Um outro mundo no mundo da escola: escolarização e vulnerabilidade social de jovens, filhos de catadoras de um lixão da região metropolitana do Rio de Janeiro. Nele, a autora apresenta os resultados de pesquisa sobre a relação entre escolarização e vulnerabilidade social nas trajetórias escolares de 09 jovens de 15 a 18 anos, a partir dos depoimentos de suas mães, catadoras do lixão de São Gonçalo.

 

O trabalho de Juliano Fortunato Vieira, Jovens do Projovem urbano na aproprição da espacialidade da cidade de Juiz de Fora ao utilizarem seu tempo livre. Em seu texto o autor afirma o intuito de contribuir sobre uma apreensão da apropriação do espaço urbano Juiz de Fora por jovens da classe popular. Para tanto, parte de pesquisa que aponta como em seu tempo livre os jovens pobres se apropriam dos espaços da cidade para o lazer e práticas culturais.

 

No artigo, Uma análise do uso do tempo livre dos jovens do bairro Santo Antônio (Juiz de Fora – MG): da ameaça social à possibilidade do encontro das diferenças, de autoria de Mariana Vilhena de Farias e Nathan Zanzoni Itaborahy, a discussão passa pela forma pela quais os jovens do bairro Santo Antonio, em Juiz de Fora, se apropriam de seu bairro durante o tempo livre. Assim, a partir da análise dos discursos dos jovens o trabalho visa afirmar “uma visão cotidiana e democrática da política que acontece no encontro dos sujeitos no espaço público”.

 

O texto Juventude e experimentação do tecido urbano, de autoria de Michelle Neves Capuchinho e Leticia Barros, apresenta uma breve discussão a respeito da relação da juventude com a cidade, tendo como mediação a categoria território e a ocupação do tecido urbano pelas diferentes classes sociais. Para tanto, parte da analise das falas de jovens a fim de perceber como os mesmos se apropriam do espaço da cidade.

 

Nécio Turra Neto, em seu artigo Movimento hip-hop do mundo ao lugar: difusão e territorialização, nos mostra como pela conexão a uma rede de sociabilidade juvenil associada a cultura Hip Hop, os jovens da periferia de Guarapuava, ultrapassam os limites impostos dos seus territórios periféricos e incorporam-se em tramas territoriais mais amplas e complexas na cidade.

 

Por fim, o trabalho de Rafael Santos Silva e Clarice Cassab, Juventudes, bairro e cotidiano em Juiz de Fora, apresenta as formas pelas quais jovens de dois grupos de bairros, de perfis econômicos distintos, na cidade de Juiz de Fora, constroem as imagens e estabelecem os usos de seus locais de residência.

 

Os 08 artigos aqui reunidos foram selecionados por pareceristas de diferentes instituições de ensino do Brasil e apresentam um amplo panorama das diferentes temáticas possíveis no estudo sobre a espacialidade juvenil nas cidades. Muitos outros temas ainda são possíveis de serem abordados rumo a construção de uma agenda de pesquisa sobre juventudes e espaço.

 

Por fim, o texto da fala de abertura do evento, proferida pelo prof. Jorge Barbosa, do curso de Geografia da UFF, coroa esse número. Esperamos que ele possa ser mais um passo na direção da construção de uma rede de pesquisadores preocupados com essa temática.

Boa leitura!

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