Para além de ampliar o conhecimento técnico-científico da área de Biologia Vegetal, entender as estratégias de evolução das plantas e organização do genoma é extremamente importante também para fins aplicados. Promover o melhoramento genético de espécies é uma dessas finalidades. Em um contexto de mudanças climáticas, o excesso ou a falta d’água, por exemplo, são condições de estresse que podem afetar aspectos da fisiologia da planta e causar mudanças generalizadas nos processos celulares.
Como esse problema afeta o desempenho e o potencial produtivo dos vegetais, é preciso aprofundar o conhecimento sobre a fisiologia e os mecanismos utilizados pelas plantas para lidar com os estresses em condições adversas. É com este objetivo que foi instituído o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Fisiologia de Plantas em Condições de Estresse. A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) é uma das instituições que fazem parte do INCT, que será sediado na Universidade Federal de Viçosa (UFV).
“A participação da UFJF é muito importante, sobretudo em relação à rede de trabalho que a gente estabelece, pois são sete instituições brasileiras, não só de Minas Gerais, mas de outros estados”, afirma o pesquisador líder da Universidade no INCT, Lyderson Viccini. Por se tratar de um edital extremamente concorrido e de longa duração, o atual diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) considera que a proposta pode ajudar a solidificar a linha de pesquisa do projeto que deve durar pelo menos cinco anos.
A UFJF já tem expertise acumulada nos estudos de genética e fisiologia de plantas. Foram diversos projetos já aprovados junto às agências de fomento. Em 2022, um artigo sobre a organização genética da espécie Lippia alba, conhecida popularmente como erva cidreira de arbusto, foi um dos mais citados na revista internacional American Journal of Botany.
Potencial para agricultura
Ao compreender os mecanismos de aclimatação e tolerância das plantas a condições adversas, é possível gerar informações que resultarão em estratégias e ferramentas importantes para o rastreamento de materiais genéticos mais promissores em programas de melhoramento e para o manejo de espécies de reconhecida importância para o Brasil.
As pesquisas propostas incluem estudos em espécies de árvores da Amazônia e culturas de importância agronômica nacional. Também serão analisadas plantas modelo, a partir de uma abordagem sistêmica, em que as respostas espaço-temporais serão investigadas tanto em condições controladas como em campo.
Sobre as condições adversas, os principais fatores a serem considerados são deficiência hídrica, altas temperaturas, altas irradiâncias, elevado gás carbônico, dentre outros.
“Com efeito, a proposta irá gerar conhecimento básico e aplicado com vistas ao aproveitamento de potencialidades agrícolas brasileiras produção visando geração de renda, qualidade de vida e sustentabilidade no Brasil.”
Sobre o INCT
O projeto do INCT Fisiologia do Estresse foi aprovado em dezembro de 2022 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Coordenado pelo professor Adriano Nunes Nesi, do Departamento de Biologia Vegetal, o INCT também envolve, além da UFV e da UFJF, outras cinco instituições: o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), as universidades federais do Amazonas (Ufam), Ceará (UFC), Mato Grosso (UFMT) e Lavras (Ufla). Ao todo, estão envolvidos 11 pesquisadores líderes de instituições parceiras, oito pesquisadores associados e cerca de 40 estudantes.
Os institutos do CNPq reúnem projetos de alto impacto científico e de longo prazo, em redes nacionais e internacionais de cooperação científica.
Pesquisa está alinhada aos ODS da ONU
As ações de pesquisa da UFJF estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A pesquisa citada nesta matéria se alinha aos ODS 1 (Erradicação da pobreza), 2 (Fome zero e agricultura sustentável), 3 (Saúde e bem-estar) e 15 (Vida terrestre).
Confira a lista completa no site da ONU.
Outras informações:
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