Estudantes e servidores com deficiência visual terão acesso a uma nova tecnologia assistiva na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O objetivo é promover maior acessibilidade, trazendo melhora na qualidade de vida, no trabalho e nos estudos dessas pessoas.
Por meio do OrCam MyEye 2, desenvolvido pela empresa israelense OrCam Techonologies, os usuários poderão ler instantaneamente, a uma distância de até 1 metro, textos de livros, telas de smartphone ou de qualquer outra superfície, reconhecer rostos, identificar cores, entre outras funções que visam garantir uma vida mais independente.
Portátil, leve e discreto, o OrCam MyEye 2 é composto por uma câmera em sua extremidade e se anexa a praticamente qualquer haste de óculos. O dispositivo é ativado por voz e todas as informações identificadas são transmitidas por áudio ao usuário. Não há necessidade de estar conectado à internet para utilizá-lo.
Os produtos foram apresentados a estudantes e servidores pelo Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) em treinamentos realizados nesta segunda e terça-feira, 11 e 12, com o mestrando no Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada e bolsista voluntário do NAI, André Sobrinho. Ao longo de mais de duas horas, ele pôde detalhar aos presentes as especificidades da tecnologia, que, segundo ele, é difundida no mundo inteiro e já alcançou países da Europa, os Estados Unidos e Japão.
De acordo com a coordenadora do NAI, Mylene Santiago, os empréstimos já estão sendo realizados para alunos ligados ao núcleo. “Estamos finalizando a organização do empréstimo. O aluno ou servidor deve assinar um formulário e termo de compromisso via Sistema Eletrônico de Informações (SEI). Inicialmente, os óculos ficarão emprestados ao longo de um semestre e, em caso de crescimento de demanda, faremos esquema de rodízio.”
São 15 dispositivos disponíveis e os interessados devem entrar em contato com o NAI para fazer o cadastro e solicitar o empréstimo pelo telefone (32) 2102-3944 ou e-mail nucleo.nai@ufjf.edu.br.
Autonomia no trabalho e nos estudos
Entre os presentes, estava o advogado e estudante do curso de Filosofia Cristiano Augusto, que aprendeu rapidamente como fazer uso da tecnologia. “Participei do treinamento e achei bem fácil o manuseio. Esses óculos proporcionarão 96% de autonomia na seara acadêmica, pois eles me permitem que eu leia livros, periódicos, revistas, jornais, que eu faça reconhecimento de pessoas”, exaltou Augusto, que é cego devido a um assalto ocorrido em 2005, no qual foi baleado.
Já a estudante do curso de Direito Paola Lopes conta que tem Stargardt, uma doença de causa genética que provoca a degeneração da mácula da retina, levando à perda progressiva de visão central e de detalhes. A baixa visão, segundo a estudante, não pode ser corrigida com auxílios ópticos ou tratamentos. “Foi muito bom receber o e-mail do NAI avisando sobre o treinamento. Já havia pesquisado anteriormente sobre esses óculos. Eles melhoram muito a questão do estudo. Tenho bastante dificuldade com leitura. Fico muito animada de perceber que a UFJF está tentando proporcionar esse ambiente mais inclusivo pra gente”, comentou Paola.
A coordenadora do NAI Mylene Santiago apontou que um dos papéis do Núcleo é justamente conhecer estudantes como Paola, que estão espalhadas pelos diversos cursos da UFJF. “O NAI existe desde 2018 e, com o total apoio que a Reitoria tem nos dados, tentamos fazer um trabalho para garantir o acesso e a permanência com qualidade dos estudantes com deficiência dentro e fora do campus. Queremos conhecer e reconhecer os alunos cegos e com baixa visão, por isso, investimos nessa tecnologia”, explicou.
UFJF mantém apoio à inclusão
Presente na cerimônia de abertura, o reitor Marcus Vinicius David confirmou o apoio da gestão às políticas de inclusão. “A Universidade existe para contribuir para as transformações sociais. Devemos fazer todos os esforços para cumprir esses objetivos. Mesmo no cenário atual de tantas restrições orçamentárias, a Universidade faz um investimento importante em equipamentos de alta tecnologia e consegue cumprir seu papel de estar sempre à frente na busca por condições que melhorem a qualidade de vida das pessoas.”
Já o diretor de Ações Afirmativas da UFJF, Julvan Moreira de Oliveira, destacou o ingresso dos estudantes com deficiência por meio das cotas nos últimos anos. “O Brasil foi signatário de várias organizações internacionais para inclusão, entre elas, a de pessoas com deficiência. Tal política e a aquisição desta tecnologia vêm favorecer este público e também a nós, pois assim seguimos aprendendo a conviver com a diversidade”.
O pró-reitor de Graduação da UFJF, Cassiano Caon Amorim,também comentou que a atuação do NAI e o investimento em novas tecnologias assistivas só favorecem a vivência universitária. “Temos trabalhando para promover processos inclusivos para diferentes tipos de deficiências e demandas de nossos estudantes e da comunidade acadêmica.” Os equipamentos de alta tecnologia, segundo ele, demonstram como o desenvolvimento da pesquisa e ciência retornam frutos para a sociedade.
Confira o vídeo do treinamento
Outras informações: (32) 2102-3944
nucleo.nai@ufjf.edu.br