Se os arquivos preservam o tempo pretérito, também contam sobre o presente, daqui a pouco ele mesmo um passado. Com o tema “Empoderando arquivos”, a 5ª Semana Nacional de Arquivos, promovida pelo Arquivo Nacional, provoca o Memorial da República Presidente Itamar Franco a pensar nas presenças e nas ausências desses espaços de memória.
Do dia 7 ao dia 11 de junho, o Memorial realiza quatro diferentes eventos on-line (transmitidos por youtube.com/memorialitamarfranco) para refletir sobre o assunto, partindo de uma exposição virtual do Arquivo Central da UFJF, com registros do cinema local. Às 17h, na próxima segunda, 7, inaugurando a Semana, o professor da Universo-JF Franco Groia ministra o minicurso “Documentação sobre o cinema de Juiz de Fora no acervo do Arquivo Central da UFJF”.
“Entre tantos pioneirismos, a cidade de Juiz de Fora também foi a primeira cidade de Minas Gerais a ter uma exibição do Cinematographo”, observa Groia, pesquisador, cineasta, roteirista e produtor audiovisual, referindo-se ao evento do dia 23 de julho de 1897, ocorrido no Teatro Juiz de Fora, sob o patrocínio da Companhia de Variedades. “No decorrer do tempo, a cidade também vivenciou a abertura de muitas salas, grandes ou pequenas, dependendo das circunstâncias econômicas e políticas. A concorrência da televisão e do videocassete, posteriormente, da internet e do entretenimento de multiplataformas, também impactou o modelo de negócio baseado no tradicional modo de consumir filmes em salas de cinema, sem falar na pressão imobiliária que as inviabilizaram”, lamenta o estudioso, defensor dos cinemas de ruas, hoje extintos na cidade.
Assim como alguns espaços permanecem apenas nos arquivos, outros se mantêm ausentes desses. Na quarta-feira, 9, às 17h30, Lilian Andrade, responsável pelo arquivo do Memorial, media o webinário “Arquivos de Mulheres em Pauta: Por que são tão raros?”. Da mesa participam a pesquisadora Kelly Cristina Teixeira, da UFSC; a ativista Lucimara Reis, do 8M de Juiz de Fora; a analista de documentação Carolina Alves, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da FGV; e a historiadora Carine Muguet, da Funalfa. Excepcionalmente, esta mesa tem transmissão pelo canal do YouTube do Laboratório de Pesquisa em História e Arquivologia.
A história sem falseamento
Biógrafo de Belchior, Raul Seixas e Roberto Carlos, o jornalista e crítico musical Jotabê Medeiros escreveu seus livros sem entrevistar seus personagens, ouviu testemunhas e contou com muitos arquivos, jogando luz em documentos ainda inéditos para o grande público. Para contar sobre a apuração e o processo de “Belchior – Apenas um rapaz latino-americano”, “Raul Seixas – Não diga que a canção está perdida” e o recente “Roberto Carlos – Por isso essa voz tamanha”, todos títulos da editora Todavia, Jotabê participa do bate-papo “Belchior, Raul e Roberto Carlos: Arquivos, biografias e cultura”, na próxima quinta, 10, às 19h. “Creio que o fato de eu escrever primordialmente biografias que não passem pela autorização prévia do perfilado torna essa literatura um tanto diferenciada. Não consigo compreender um livro sobre uma figura pública que tenha de ser submetido ao crivo dessa figura – criam-se interdições e versões oficiais que podem falsear a História”, discute o jornalista.
Encerrando a programação da 5ª Semana Nacional de Arquivos no Memorial, o professor e pesquisador do Departamento de História da UFJF Fernando Perlatto perpassa o conflito entre as muitas narrativas existentes e a história oficial no minicurso “Política, coletividades e arquivos”, na sexta, 11, às 14h.
De acordo com o pesquisador do Laboratório de História Política e Social (LAHPS-UFJF) e do Laboratório de História do Tempo Presente (LHTP-UFMG), Fernando Perlatto, ao longo dos últimos anos, movimentos sociais estimularam transformações no debate historiográfico. Na França, a Escola dos Annales, na Itália, os estudos acerca da micro-história, e, na Inglaterra, o desenvolvimento do conceito de “história vista de baixo”, contribuíram para a formação de uma nova cena. “Temos visto diversas iniciativas voltadas para encontrar nos arquivos as histórias de sujeitos “subalternos” e excluídos, cujos passados muitas vezes permaneceram, se não silenciados, ao menos secundarizados”, observa, certo de que o futuro se promete diferente do passado nos arquivos mundo afora.
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