A eficácia de uma intervenção computadorizada voltada a quem quer parar de fumar e a avaliação acerca da intenção dos fumantes de largarem os chamados cigarros eletrônicos pautaram a tese da psicóloga Nathália Munck Machado. O estudo foi realizado por meio do Programa de Pós-graduação em Psicologia, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com a University of Kansas Medical Center (EUA), onde Nathália atua como pesquisadora visitante.
A psicóloga explica que inicialmente fez uma análise clínica piloto longitudinal, que é quando cada observação é avaliada pelo menos duas vezes. Ao todo, 49 fumantes de cigarros tradicionais foram recrutados para testar uma intervenção online com acompanhamento de três meses. “Marcava um horário com cada participante individualmente e fazia uma entrevista, seguida da intervenção”, revela.
Na segunda etapa da pesquisa, Nathália realizou um estudo transversal online. Desta vez, 1.044 usuários de cigarros eletrônicos dos EUA e do Reino Unido foram recrutados por meio de uma plataforma de crowdsourcing e respondiam a um questionário.
A psicóloga ressalta que a primeira investigação com fumantes de cigarros tradicionais mostrou que a intervenção online foi eficaz para a cessação do tabagismo tradicional e também para a redução do consumo. Isso porque, no geral, 17% dos fumantes pararam de fumar através da iniciativa.
Segundo ela, os cigarros eletrônicos têm sido utilizados em alguns países, (Reino Unido, por exemplo), como uma estratégia para ajudar fumantes a deixarem o cigarro habitual de lado. Já em outras nações, pontua Nathália, os governos não aprovam e não recomendam o uso de cigarros eletrônicos como estratégia de cessação do tabagismo (como nos EUA). A psicóloga explica ainda que, no Brasil, o uso de cigarros eletrônicos não é regulamentado e sua venda é proibida. “Por essas divergências e também pelo fato de as pesquisas sobre os efeitos dos cigarros eletrônicos a longo prazo não serem conclusivas, não é possível afirmar que sejam uma intervenção para fumantes de cigarros tradicionais”, esclarece.
Já a segunda análise apontou que a maioria pretende parar de usar cigarros eletrônicos. De acordo com Nathália, o tabagismo é uma das maiores ameaças à saúde pública em todo o mundo, matando mais de 8 milhões de pessoas por ano, segundo a OMS. “Dessa forma, a articulação entre a pesquisa e a prática sempre foi um objetivo e a escolha desse tema é fruto da continuação dos projetos e pesquisas do grupo ‘Viva sem Tabaco’, do Centro de Referência em Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e outras Drogas – CREPEIA, da UFJF”, sublinha.
Para o professor orientador, Telmo Ronzani, o tema tabagismo tem grande relevância para a saúde pública mundial e brasileira e ainda é um grande desafio pensar em intervenções para lidar com a questão. “Para complicar ainda mais a situação, apesar dos grandes avanços que tivemos nas políticas de controle de tabagismos no Brasil, ainda há uma barreira de tratamento e cuidado em nosso país.” Ronzani avalia também que a pesquisa destaca-se, justamente, pelo objetivo de trazer algumas inovações e intervenções nessa direção, com dados e pesquisas internacionais em parceria com uma universidade dos EUA.
Contatos:
Telmo Mota Ronzani – (Orientador – UFJF)
telmo.ronzani@ufjf.edu.br
Nathália Munck Machado – (Doutoranda – UFJF)
muncknathalia@gmail.com.
Orientadores:
Prof. Dr. Telmo Ronzani – UFJF
Prof. Dr. Henrique Gomide – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Profa. Dra. Kimber Richter – University of Kansas Medical Center (EUA)
Banca examinadora:
Profa. Dra. Laisa Marcorela Andreoli Sartes – (UFJF)
Profa. Dra. Lígia Menezes do Amaral – (UFJF)
Profa. Dra. Anna Carolina Ramos – Universidade Federal do Tocantins (UFT)
Dra. Erica Cruvinel – University of Kansas Medical Center (EUA)
Outras informações: (32) 2102-3103 – Programa de Pós-Graduação em Psicologia