O renomado fotógrafo gaúcho Ale Ruaro, conhecido e premiado por trabalhos como Identidade Brasileira, Naked Friends e São Paulo – SM, chega ao Memorial da República Presidente Itamar Franco em exposição virtual de uma nova série, E Agora? O Brasil e a pandemia de COVID-19 em 24 fotografias de Ale Ruaro. Especializado em retratos, Ale Ruaro desta vez direcionou sua lente para os profissionais de diversas áreas que, no momento em que o país enfrenta a pandemia de Covid-19, estão nas ruas atuando nos chamados serviços essenciais.
Com curadoria do supervisor do Memorial, Tarcísio Greggio, a mostra marca o lançamento do Panteão, um espaço virtual criado em resposta ao isolamento social, que reunirá conteúdos on-line diversos e chega, segundo Greggio, como uma resposta da instituição à pandemia. “É uma maneira de levar o Memorial ao público, mesmo com a suspensão das visitas ao espaço”, afirma o supervisor. Tanto o Panteão quanto a exposição virtual podem ser conferidos a partir do próximo dia 26 de agosto.
Em preto e branco, os retratos de E Agora? O Brasil e a pandemia de COVID-19 em 24 fotografias de Ale Ruaro captam homens e mulheres em seus ambientes de trabalho, com seus uniformes, veículos ou ferramentas e a indefectível máscara facial que a pandemia impôs a todos como uma forma de se proteger e ao outro. São bombeiros, policiais, motoristas de transporte público e aplicativos, entregadores, repositores de supermercado, caminhoneiros, porteiros, garis, jornalistas, faxineiros, religiosos e outros profissionais cujos serviços são indispensáveis e os expõem aos riscos de contágio.
Com obras já apresentadas em várias partes do Brasil e no exterior, Ale Ruaro é mais identificado por uma fotografia que busca desvelar as diferenças, sobretudo em questões de sexualidade e identidade, com a realização de imagens que “trazem à normalidade o não convencional”, como é descrito em seu site. Por isso a atual série é apresentada pelo Memorial como um “recorte inusitado” de seu trabalho. O fotógrafo “pôs sua lente para trabalhar a serviço de seu tempo”, e a pandemia – o mal que alguns já consideram como o verdadeiro marco histórico de final do século XX, decisivo para a conformação de uma nova era – não poderia escapar ao seu olhar.
Os registros foram feitos por Ale Ruaro no período entre 20 de junho e 28 de julho de 2020. Hoje o país já soma mais de 110 mil mortos. Os rostos anônimos da série, a maioria escondida pela máscara, nos olha de frente. E agora? Esta é uma das muitas perguntas que podemos pensar diante dessas imagens.
Ale Ruaro
Fotógrafo desde 1996, Ale Ruaro tem se dedicado nos últimos 3 anos aos retratos quase que exclusivamente. Sempre em preto e branco, suas imagens são construídas, sobretudo, em parceria com os fotografados, criando uma harmonia entre o rosto registrado e a luz que o lambe. As fotografias de Ale têm na iluminação contrastada e densa uma das suas características mais marcantes, fazendo os rostos ganharem contornos à la pintores holandeses, como Vermeer e Rembrandt. Ale fotografa pessoas do seu tempo com o olhar suave, amoroso e solidário de um artista do século XVII. (Texto de Paulo Marcos de Mendonça Lima)
Panteão
O novo espaço virtual do Memorial da República é o primeiro passo de um projeto editorial cujo objetivo é promover o debate em torno de sujeitos, linguagens e narrativas da experiência política brasileira, com a publicação de ensaios, resenhas, entrevistas, ações educativas, exposições e podcasts nas áreas de história, sociologia, ciências políticas, filosofia e antropologia. O Panteão também se oferece como veículo para expressões literárias, como contos e poemas, e produções artísticas independentes de cinema e artes visuais. Conheça o espaço e confira as diretrizes para publicação em http://mrpitamarfranco.com.br/n/panteao/.
E Agora? O Brasil e a pandemia de COVID-19 em 24 fotografias de Ale Ruaro – Mostra virtual
A partir de 26 de agosto de 2020, no Panteão
Outras informações:
Memorial da República Presidente Itamar Franco (MRPIF)