O Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) sediou na manhã desta quinta-feira, dia 31, o minicurso ‘Masculinidades Negras: diálogos e perspectivas’. A atividade integra a 2ª Calourada Preta da UFJF, que termina nesta sexta-feira, dia 1°. Confira a programação completa aqui.
“A perspectiva do minicurso, ao abordar masculinidades negras, é trazer todo o contexto histórico, social, de uma sociedade que foi calcada na escravatura, no colonialismo, para podermos refletir como as relações sociais, interpessoais e as relações subjetivas são dadas dentro dessa sociedade”, destacou um dos professores, o jornalista e mestrando em Comunicação na UFJF, Davi Carlos.
O curso também fomentou reflexões sobre o conceito de masculinidade hegemônica e como o referido modelo impacta as subjetividades de homens negros. “A partir desses questionamentos, propomos a construção do que chamamos de novas masculinidades. No conceito hegemônico, o ideal é ser branco, é ser heterossexual, é ser viril, rico, bem-sucedido. Então, como esses marcadores vão influenciar a subjetividade do homem negro, uma vez que esse homem historicamente é animalizado, é lido como um corpo violento? Essa é a identidade que o colonizador atribuiu ao homem negro. A ideia do minicurso é exatamente questionar o lugar das masculinidades que temos reproduzido, performado, uma vez que performar a masculinidade hegemônica é meio esquizofrênico. Nunca daremos conta disso.Nunca vamos atingir esse ideal”, acrescentou Davi Carlos.
Romper o processo de objetificação
Na avaliação do professor, filósofo e mestre em Ciência da Religião pela UFJF, Lucas Soares, o principal elemento que perpassa a constituição da subjetividade de homens negros é a objetificação de seus corpos. “O corpo do homem negro constantemente é interpretado como um corpo pronto para o ato sexual. O homem negro é idealizado como um parceiro sexual que em todo momento está disposto e pode satisfazer a sua parceira plenamente. Isso sempre no aspecto sexual.”
Neste sentido, de acordo com Soares, as masculinidades negras são construídas com ênfase na negação dos afetos. “Essa masculinidade vai ser construída sempre com a ausência de alguns elementos, como a possibilidade de desenvolver relações afetivas ou de demonstrar sensibilidade, fragilidade. A sociedade branca e a nossa cultura brasileira não dão espaço para que o homem negro seja pensado de outras formas. Isso gera em suas subjetividades uma dificuldade em expressar e entender os seus próprios sentimentos e, consequentemente, em desenvolver relacionamentos interpessoais com a sua família e com os amigos e, principalmente, uma relação amorosa.”
Outras informações: lucas_stbrl@hotmail.com e davicarlosacacio@gmail.com
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