“Meu sentimento no dia de hoje é de gratidão. Primeiro a Deus e depois a vocês que vieram com todo o carinho nos ensinar o que aprenderam. ”

“Gostei muito de passar a tarde com vocês. Gostei das dinâmicas. Volte sempre, convido vocês para comer meu lanche. ”

Os depoimentos acima foram escritos por recuperandas da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Governador Valadares que participaram de um workshop sobre empreendedorismo e higiene alimentar, promovido pelo projeto de extensão Laboratório do Amanhã, do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Coordenado pela professora Juliana Goulart, do Departamento de Administração, o projeto busca proporcionar novas perspectivas pessoais, sociais e profissionais às encarceradas. Cerca de quarenta mulheres do regime fechado e semiaberto participaram do workshop, realizado no dia 25 de junho.  “Foi feita uma pesquisa com as mulheres que estão hoje na APAC para compreender a realidade em que viviam antes do cárcere e quais seriam as possibilidades de fonte de renda que vislumbravam quando do retorno para a sociedade. Uma das fontes mais citadas foram salgadinhos de festa. Sendo assim a primeira oficina que está sendo elaborada é a oficina de salgados. Porém, o objetivo do projeto é a atenção integral a esta mulher no que tange o empreendedorismo e sua compreensão de empoderamento social. Logo, antes da oficina prática de salgados, foi realizado um workshop que contemplou os temas de empreendedorismo e higiene alimentar”, destacou Juliana.

Já a oficina prática de salgados será realizada ainda no mês de julho. “Esta oficina contará com uma senhora que se aproxima da realidade social destas mulheres, de modo a ter lugar de fala com elas, e que manteve toda sua família apenas com a venda de salgados”, ressaltou.

Além de capacitar as recuperandas, o projeto busca ainda canais de comunicação com setores da sociedade civil abertos a auxiliar no processo de ressocialização destas mulheres. “Um dos grandes problemas enfrentados por pessoas que retornam ao convívio social após o cárcere é a sua forma de subsistência, pois é muito comum não encontrar oportunidades de trabalho. Portanto, entende-se que a capacitação para o trabalho é um importante fator de socialização. O desenvolvimento do potencial empreendedor, por sua vez, se propõe a criar uma alternativa ao emprego, o qual muitas vezes é escasso, além da expressiva barreira do preconceito”.

Neste sentido, além do workshop e da oficina, o projeto realizou na última segunda, 1º de julho, um café da manhã com instituições e empresas parceiras para apresentar ações já executadas e as demandas por parceria. Participaram do evento representantes do Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública, Presídio de Governador Valadares, APAC, empresários e políticos da região.  “O apoio e o envolvimento conjunto em projetos não é rotineiro, e demanda grande esforço de articulação, porém quando essa articulação acontece e todos se unem para um bem comum de transformação de uma realidade social que está instalada o seu impacto é muito maior e de fato conseguiremos grandes resultados para a sociedade de Governador Valadares”, concluiu Juliana.

O projeto Laboratório do Amanhã conta ainda com o apoio de estudantes dos cursos de Direito e Administração da UFJF-GV; e dos professores do curso de Administração Dênis Perdigão, da UFJF-GV; e  Jeanine Águia Santos Silva, da Pitágoras.

 

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