Linhas de transmissão, smartphones e robôs. Estes e muitos outros equipamentos fazem parte do grupo de objetos que engenheiros elétricos podem utilizar como ponto de partida para suas experimentações ou linhas de pesquisa. Explicar um pouco mais sobre a atuação desses aparatos em nossa vida cotidiana foi só um dos pontos apresentados pelo professor de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Augusto Cerqueira, nesta quinta-feira, 16, em visita à Escola Municipal José Calil Ahouagi por meio do projeto A Ciência que Fazemos.
Os estudantes do 8º e 9º ano ficaram por dentro das pesquisas que estão sendo desenvolvidas pelos pesquisadores da área, sobretudo no maior acelerador de partículas do mundo, o Large Hadron Callider (LHC), e em um de seus detectores de partículas, o Atlas, no qual Cerqueira realiza colaborações há mais de duas décadas.
Acompanhado de sua filha, que também auxiliou a apresentação do pesquisador, Cerqueira explicou para os estudantes, de uma forma acessível, o que são o LCH e Atlas. Ambos se localizam no subsolo da fronteira entre a França e a Suíça – mais precisamente, a 100 metros abaixo do solo. “No geral, esses aceleradores ficam embaixo da terra por questões de segurança, porque as pessoas trabalham com radiação. A maior razão, no entanto, é que quanto mais embaixo da terra, menor é a interferência da radiação emitida pelo Sol ou pelas estrelas no objeto que está sendo estudado.”
Cerqueira levou também questões até então inusitadas para seus ouvintes. O pesquisador utilizou desde imagens ilustradas até fotos tiradas por telescópios para mostrar a composição da matéria em diferentes escalas – chegando até níveis atômicos e subatômicos. “Nessa escala subatômica já não é possível tirar fotos da matéria, por isso usamos ilustrações que a representam”, explica.
A busca por determinadas respostas parece inerente à condição humana e foi justamente essa percepção que Cerqueira compartilhou com os alunos: para entender como se estrutura o Universo em que habitamos, é preciso entender também como as coisas ao nosso redor são formadas.
A importância da representatividade
Ao final da apresentação, os alunos da UFJF que também acompanharam o pesquisador no bate-papo, Dayane Gonçalves e Guilherme Lopes, compartilharam um pouco de sua trajetória acadêmica. Assim como seus ouvintes, ambos também estudaram em instituições públicas de formação de base. “Eu já estive no lugar em que você estão, mas acho que eu era dez vezes pior”, relembra Guilherme em relação a seu comportamento escolar. “Até então, eu não sabia que poderia conseguir apoio estudantil, mas na Universidade consegui participar de projetos de monitoria e iniciação científica”, relata.
O projeto de iniciação científica em questão é o Projeto Neutrinos Angra. Os alunos puderam ver e manusear algumas das placas que facilitam o monitoramento de partículas, e que foram desenvolvidas dentro da própria universidade por meio do projeto. A aproximação dos alunos de formação de base e as pesquisas que são desenvolvidas dentro do centro acadêmico é um dos principais objetivos da iniciativa A Ciência que Fazemos. “A Universidade é nossa: é de vocês também”, afirmou Cerqueira para seus ouvintes. “Precisamos valorizá-la e conhecê-la melhor.”