A equipe que está monitorando a presença de uma onça-pintada no Jardim Botânico da UFJF conseguiu captar fotos e vídeos do animal na madrugada deste domingo, 28, e apontar inicialmente que se trata de um macho.
O levantamento de dados, em campo, sobre a presença do animal irá subsidiar a tomada de decisões mais adequadas em relação ao caso, visando à proteção de moradores do entorno do Jardim e à sobrevivência da onça, conforme o professor Artur Andriolo, do Departamento de Zoologia da UFJF. O Jardim Botânico continua fechado temporariamente para visitação.
O felino é registrado em três momentos diferentes pelas câmeras, conhecidas como “armadilhas fotográficas”. A primeira aparição ocorre, por volta de 0h, quando são feitas fotos do animal. No segundo flagrante, às 5h, são registradas novas imagens.
Cerca de uma hora mais tarde, a onça é fotografada e filmada em dois vídeos sequenciais. No primeiro, somente sua parte traseira é captada. Ela está parada, mas é possível perceber movimentos na região abdominal. Na sequência, a onça vira e é vista completamente. Fica parada por cinco segundos, olha para a direita e caminha. As câmeras também registraram paca, que é uma presa natural desse predador, e jacus.
Assista ao vídeo
As imagens ainda não são nítidas para garantir a precisão do sexo do animal. Mas, somadas ao comportamento do exemplar registrado, que se mostra mais audaz, caminhando em áreas de visitação do Jardim, aparentemente trata-se de um macho, conforme o analista ambiental Elildo Júnior, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio). O profissional volta para Atibaia (SP), onde fica a sede do Cenap, na manhã desta segunda, 29.
Vestígios
A equipe encontrou pegadas do animal em diferentes áreas. Duas das características desse vestígio de onça-pintada são: dedos largos e arredondados, dispostos em semicírculo, e almofada – parte inferior da pata – um pouco triangular com contorno arredondado.
São necessários vários registros da impressão da pata no solo para ter noção do tamanho do animal. Em pisos mais macios, a impressão fica mais distribuída no piso, como mostra a foto ao lado, na passagem da onça por trecho com lama.
Uma amostra de fezes encontrada no Jardim será levada para análise de DNA, para poder identificar a origem populacional do animal.
Monitoramento
Ao todo, sete câmeras estão instaladas no Jardim em pontos estratégicos com a finalidade de traçar rotas do animal e conhecer seus hábitos. O registro é possível porque o sensor de movimento do equipamento aciona a câmera, que tira fotos e, em seguida, faz vídeo de até 30 segundos com áudio. A iluminação infravermelha do equipamento não deixa o animal perceber que está sendo registrado.
“A captação de imagens é bastante eficiente. Esta é a tecnologia que se usa praticamente no mundo inteiro nesse tipo de monitoramento”, explica o professor Pedro Nobre, que disponibilizou os equipamentos. O docente do Colégio de Aplicação João XXIII integra a equipe de biólogos em campo, especialistas em mamíferos.
Na noite da última sexta-feira, 26, duas câmeras já haviam sido instaladas, mas não houve registros do felino. As cinco restantes foram instaladas em árvores e antigos marcadores de lote, a uma altura de 40 centímetros do chão, na tarde e na noite de sábado.
Próximos passos
Uma série de reuniões já foi iniciada na manhã desta segunda, 29, entre integrantes da UFJF e de órgãos de meio ambiente. Às 19h, eles voltam a se encontrar. Desta vez será com representantes de associações de moradores do bairro Santa Terezinha e de outras comunidades do entorno.
Na terça, 30, o professor Artur Andriolo apresenta relato dos trabalhos desenvolvidos neste fim de semana a representantes da UFJF e de setores de meio ambiente e segurança. A partir desse encontro, serão sugeridas propostas relacionadas ao caso que apresentem os riscos mais baixos para o animal e a comunidade.
Acompanhe os trabalhos da equipe em campo no perfil do Jardim Botânico no Instagram.
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