“Inovação é cultura, e deve estar no DNA das empresas, dos pólos de pesquisa e conhecimento, dos governantes locais e da sociedade.” Com esta afirmação, José Alberto Sampaio Aranha, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), iniciou o debate “Marco Legal da Ciência, Inovação e Tecnologia: a importância da regulamentação para o desenvolvimento local na relação com a Universidade”, nesta quarta, 18, no Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Em uma conversa com representantes da Prefeitura de Juiz de Fora, da comunidade acadêmica e do público em geral, Aranha elencou fatores essenciais para a inovação na cidade. “Se não forem criados ecossistemas de inovação, ela simplesmente não irá existir. E esse ecossistema pode ser desde um parque tecnológico a um barzinho onde os estudantes se reúnem para discutir os problemas que encontram na graduação. O essencial é que a região tenha esse ambiente, locais onde as pessoas possam se reunir e transformar o conhecimento obtido com pesquisas em produtos, serviços e processos úteis para a sociedade.”
O palestrante salientou também a necessidade de reter talentos na região. Ele deu como exemplo a cidade de Santa Rita de Sapucaí, que, com pouco mais de 40 mil habitantes, abriga 153 empresas, que atuam em setores da informática à telecomunicação, sendo famosa por manter seu capital intelectual. “As mentes inovadoras precisam ser retidas no município, o empreendedor serial – que conta com múltiplos investimentos bem sucedidos no currículo – precisa permanecer na cidade. Porque se esses personagens se mantém no ecossistema, eles apadrinham novos empreendedores, ajudam a desenvolver novas tecnologias e, principalmente, pensam em soluções para os problemas locais.”
Coalizão e conexão
Aprofundando em alguns pontos do Marco Legal, Aranha afirmou que, “a inovação não pode ser feita por apenas um ator, ela precisa da Universidade, do poder público local, do empresariado e da sociedade. Sem coalisão e conexão entre estes atores dificilmente a cidade consegue evoluir.” Segundo ele, algumas possibilidades de aproximação entre estes atores surgem, por exemplo, nos pontos em que os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) podem se tornar sócios de empresas embrionárias, bem como na autonomia que a Universidade adquire para desenvolver novas parcerias para suas pesquisas.
O público presente pontuou alguns desafios enfrentados pela Zona da Mata, como os custos operacionais muito altos, carga tributária excessiva sobre os produtos e a burocracia. O diretor de Inovação da UFJF, Ignacio José Godinho Delgado, destacou que um dos passos a ser tomado pelos interessados no desenvolvimento local é identificar os pontos fortes da região e pensar, conjuntamente, em estratégias de atuação nestas áreas. “A cidade precisa se transformar no maior laboratório da Universidade, para que possamos inovar e sermos úteis à sociedade.”
Este foi o segundo debate realizado na UFJF sobre o Marco Legal da Ciência, Inovação e Tecnologia, voltado para a relação da mesma com a comunidade externa. O primeiro contou com a presença de Gesil Sampaio e abordou a importância da regulamentação para a comunidade interna.