Professor Marcelo Carmo Rodrigues coordenou o trabalho que envolveu acadêmicos em projeto de Iniciação Científica (foto: Géssica Leine/UFJF)
Quem visita Juiz de Fora quer retornar, mas fica pouco na cidade. É o que apontam os dados do resultado anual do projeto de iniciação científica “O turista que a cidade tem, a cidade que o turista quer” do curso Turismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A pesquisa também revela o potencial do turismo de negócios no município. O projeto entrevistou 512 turistas, que visitaram a cidade em 2016. Os dados foram coletados e divulgados em duas etapas (a primeira em setembro de 2016) e fazem referência ao período de maio a dezembro do ano passado.
“Trata-se do resultado do trabalho de bolsistas voluntários do curso de turismo da UFJF, divididos em dois grupos. Os questionários foram aplicados no hall de hotéis da cidade, no Terminal Rodoviário Miguel Mansur e no Aeroporto Regional Itamar Franco”, explica o coordenador da pesquisa, professor Marcelo Carmo Rodrigues.
Segundo o levantamento, a maioria dos turistas vêm à Juiz de Fora a negócios (53,5%), enquanto 16,2% visitam a cidade para encontros familiares. Os outros motivos elencados pelos turistas entrevistados são: eventos sociais, culturais, técnico-científicos e esportivos (7,8%); saúde (4,5%); lazer (7,4%); educação e ensino (3,1%) e outros (7,5%).
O trabalho também mostra que a maior parte dos visitantes são de quatro principais cidades do sudeste do país: Belo Horizonte (16,2%); Rio de Janeiro (14,4%); São Paulo (12,4%); e Campinas (3,0%).
Questionados se voltariam a Juiz de Fora, 98% dos entrevistados responderam que “sim”. Os dados apontam, porém, para uma curta permanência do turista na cidade. O tempo de permanência médio girou em torno de apenas uma pernoite (31,4%), enquanto 21,7% dos entrevistados declararam terem ficado duas. Apenas 16% dos visitantes permaneceram na cidade por mais de cinco pernoites (16%).
Os gastos médios dos turistas, porém, foram considerados altos; 18,9% dos entrevistados declararam ter gasto mais de R$ 401 reais (18,9%) – o parâmetro mais alto disponível nos questionários. Por outro lado, 14,5% afirmaram ter gasto de R$ 1 real a R$ 50 reais – o menor índice disponível.
“A importância dessa pesquisa reside no fato de representar a continuação de trabalhos científicos desenvolvidos anteriormente e por permitir avanços na pesquisa social em turismo – ainda incipiente – na UFJF. O projeto atende a uma demanda da comunidade e do curso de Turismo, além de reafirmar o papel central que a Universidade exerce na ampliação da pesquisa social, que busca respostas para questões diretamente ligadas ao homem e suas relações socioculturais”, afirma o professor.
Outras variáveis
O levantamento também pesquisou outras variáveis do perfil do turista, como o meio de transporte utilizado pelas pessoas; o tipo de hospedagem; e os motivos que fariam o turista voltar à cidade; dentre outras. De acordo com os dados encontrados, a recepção e o atendimento (11,8%); infraestrutura do hotel (6,8%); limpeza(1,9%); e localização (7,5%) foram apontados como pontos fortes do município, enquanto internet (3,2%); café da manhã (2,4%); instalações (2,2%); alimentos e bebidas (1,6%); e barulho (1,2%) foram indicados como pontos fracos para o turismo em Juiz de Fora.
Segundo pesquisa aplicada pela Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais (Setur), o que mais motiva os turistas a visitarem Minas é a cultura, em viagens que têm a duração média de uma semana. “Entre esses turistas há grande curiosidade em conhecer a gastronomia mineira, item pouco abordado pelos turistas que visitaram Juiz de Fora”, pondera Marcelo.
Os dados finais permitem caracterizar o perfil do turista que visita a cidade como sendo do sexo masculino; entre 30 e 50 anos de idade; bom nível de escolaridade; casado; com intenção de permanecer em Juiz de Fora entre uma e três noites; viajante em veículo próprio; tendo como principal motivação da sua viagem os negócios; originário das principais cidades da região Sudeste; com gastos em torno de R$ 400 reais por viagem (incluindo hospedagem); e com intenção de retornar.
A pesquisa é a primeira feita na cidade e a expectativa é que surjam mais propostas relacionadas ao tema. “O turismo em Juiz de Fora precisa atuar em sinergia com as ações estabelecidas em nível estadual e federal. Logo, deve-se destacar o ‘processo de regionalização’ e as ações baseadas no fortalecimento dos ‘circuitos turísticos’ como unidades gerenciais-administrativas, de caráter deliberativo. As melhorias da atividade turística na cidade serão resultado de esforços combinados em prol do fortalecimento da Zona da Mata, como região rica em cultura, tradições, hospitalidade característica, e apta a receber turistas”, finaliza o pesquisador.
Confira a análise de resultados da pesquisa na íntegra.
Outras informações: (32) 2102-3119 – Graduação em Turismo