mestrado saúde coletiva

Fabiana Érica de Souza defende que as capacitações devem abarcar as diversas categorias profissionais, além de ocorrerem de forma permanente (foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Compreender a percepção de agentes comunitários de saúde em relação à recepção dada a usuários de álcool e outras drogas em unidades de Atenção Primária à Saúde (APS). Esse foi o objetivo da dissertação de mestrado da acadêmica Fabiana Érica de Souza. A partir de estudos voltados para o contexto de pontos de atendimento no município de Ubá, o trabalho procurou entender quais os reflexos da capacitação oferecida a esses profissionais na atenção dada aos pacientes e as dificuldades encontradas nos atendimentos.

A pesquisa O Cuidado de Usuários de Álcool e outras Drogas na APS: reflexões sobre as práticas e percepções de agentes comunitários de saúde na perspectiva da redução de danos” foi apresentada no último dia 21 de fevereiro, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFJF.

Para o professor e orientador da dissertação, Telmo Mota Ronzani, apesar da importância da atenção primária à saúde a usuários de álcool e outras drogas, o atendimento prestado é ainda incipiente. “Para além da maior necessidade de formação dos profissionais, questões relacionadas à falta de investimento, cobertura e de infraestrutura desses serviços são barreiras importantes a serem superadas para que eles consigam implementar um trabalho consistente na área”, explica.

Segundo o professor, o trabalho adquire um grande potencial por possuir uma base territorial e comunitária, além de permitir uma reflexão sobre as possibilidades de atuação nesse tipo de atendimento. “Isso cria uma série de alternativas de articulação com a rede formal e informal de cuidados e contextualiza as práticas de redução de danos culturalmente adaptadas”, pontua o orientador.

Fabiana de Souza ressalta que “geralmente, os agentes compreendem que o uso de drogas ocorre para o usuário fugir de um problema ou por pressão de um grupo ou devido às desigualdades de oportunidades. Entretanto, nenhum agente cita alguma atuação de suas equipes sobre esses fatores. O cuidado é geralmente curativo e o tratamento é quase sempre visto como a internação. Logo, aparece para nós a importância do apoio dos Núcleos de Apoio à Saúde Familiar (NASFs) e dos enfermeiros das equipes de saúde da família.”

A dissertação contou com uma pesquisa qualitativa, que entrevistou cerca de seis agentes comunitários de saúde de Ubá, através da utilização de um roteiro. As perguntas buscavam extrair, além das percepções desses agentes, quais as práticas que a equipe direcionava aos pacientes, as dificuldades nesse trabalho e o pensamento dos profissionais à respeito do uso de entorpecentes.

Segundo a acadêmica, as capacitações devem abarcar as diversas categorias profissionais, além de ocorrerem de forma permanente. “O cuidado a esses usuários exige a construção de vínculos, de habilidades, além de resiliência e compartilhamento com outros saberes, com outros setores. Essas necessidades, infelizmente, parecem que estão hoje na contramão dos rumos das políticas públicas atuais”, conclui.

Contato:
Fabiana Érica de Souza
fabianaerica@yahoo.com.br

Prof. Dr. Telmo Mota Ronzani
telmo.ronzani@ufjf.edu.br

Banca examinadora:
Telmo Mota Ronzani (Orientador-UFJF)
Marcelo Dalla Vecchia (UFSJ)
Paulo Fraga (UFJF)

Outras informações: (32) 2102 3830 – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva