Nathan Barros vai apresentar suas pesquisas na COP-30 em quatro eventos distintos. (Foto: divulgação)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) marca presença na 30° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que acontece entre os dias 10 e 21 de novembro, na cidade de Belém (PA). O professor Nathan Oliveira Barros, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e membro do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Conservação da Natureza, participa do evento como integrante da delegação do Ministério da Pesca e da Aquicultura, além de representar a Associação Brasileira de Limnologia (ABLimno), e atender convites da Empresa Brasileira de Pesquisa (Embrapa) e da Associação de Criadores de Peixes do estado de Rondônia (Acripar). 

Há mais de 30 anos, o Brasil sediou a Rio-92, evento tido como a pedra fundamental para o estabelecimento das COPs. Agora, com este novo evento, um grupo de pesquisadores, com apoio da UFJF, vai lançar o documentário “Ecos de 92, do Rio à Belém”, que propõe um diálogo inédito entre os protagonistas da conferência que inaugurou a governança ambiental global com a nova geração que lidera o movimento climático, e será exibido na conferência. E o Jardim Botânico também recebe um Diálogo do Balanço Ético Global vinculado à presidência da COP-30 

Sobre a COP-30

A COP-30 é promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reúne chefes de Estado, cientistas e representantes da sociedade civil para avaliar o cumprimento do Acordo de Paris e discutir políticas globais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Nesta edição, sediada na Amazônia, a conferência destaca a importância estratégica da região para a preservação ambiental, a produção sustentável de energia e alimentos e o equilíbrio climático mundial.

Barros ressalta que o evento é uma oportunidade única de apresentar pesquisas aplicadas e fortalecer redes de cooperação internacional. “Estar em um fórum como a COP 30 é uma experiência extremamente rica. Além de levar o nome da UFJF, vamos divulgar nossas pesquisas e direcionar políticas públicas para um mundo mais sustentável”.

A pesquisa de Nathan Barros é referência internacional nos estudos sobre sustentabilidade. (Foto: Carolina de Paula)

Pesquisa e relevância científica 

O convite para a conferência surgiu a partir das atividades desenvolvidas no Laboratório de Ecologia Aquática (LEA), coordenado por Barros. O grupo é referência internacional nos estudos sobre sustentabilidade na produção de energia e alimentos, com foco no potencial de mitigação das emissões de gases de efeito estufa.

Entre os trabalhos que serão apresentados na COP, destacam-se estudos sobre o impacto climático da aquicultura. Pesquisas recentes do LEA, publicadas em revistas como Resources, Conservation & Recycling e Nature Sustainability, apontam que a criação de tilápia em sistemas de recirculação de água emite cerca de 2,03 quilos de CO² equivalente por quilo de proteína produzida, um valor até 80% menor do que a produção de carne bovina. Além disso, a aquicultura utiliza até 100 vezes menos área de terra e consome três vezes menos água por tonelada de alimento gerado, configurando-se como uma das formas mais sustentáveis de produção de proteína animal.

Além disso, o professor detalha como a aquicultura pode reduzir o impacto climático, produzir alimentos de forma sustentável e restaurar ambientes degradados. “Vamos mostrar as baixas emissões associadas à aquicultura e como ela funciona como um potencial mitigador e produtor de alimento de baixo impacto climático, além de contribuir para a restauração de ambientes degradados.”

Compromisso da UFJF

Além de apresentar pesquisas, Barros destaca a importância de dar visibilidade à ciência brasileira e fortalecer a cooperação internacional. 

“A COP-30 é uma oportunidade de divulgar as pesquisas da Universidade, já reconhecidas na comunidade científica, mas que raramente temos a oportunidade de apresentar a um público responsável diretamente pelas tomadas de decisões. Isso pode atrair parcerias, aumentar nossa rede de contato e direcionar políticas públicas”, explica. 

A participação do pesquisador na COP-30 reforça o compromisso da UFJF com a pesquisa científica de impacto e a sustentabilidade, consolidando a Universidade como agente ativo na construção de soluções para os desafios climáticos contemporâneos.

Pesquisador Celso Bandeira é o coordenador do projeto de P&D – Previsibilidade de Bacias que será apresentado na COP-30. (Foto: Alexandre Dornelas)

Projeto P&D – Previsibilidade de Bacias

Outra pesquisa da UFJF que será apresentada na COP-30 é o projeto P&D – Previsibilidade de Bacias, desenvolvido em parceria com a Arcelormittal Longos Brasil. O projeto usa inteligência artificial e modelagem hidrológica para prever cenários de disponibilidade hídrica e mitigar riscos industriais causados pelas mudanças climáticas. A iniciativa atua em bacias hidrográficas das unidades da empresa em Juiz de Fora, Barra Mansa, Resende, João Monlevade e Piracicaba, garantindo a segurança e a sustentabilidade da gestão da água.

O estudo foi selecionado para compor os trabalhos da COP-30 com o título Artificial Intelligence at the Service of Climate Resilience: the Study of Water Predictability in the River Basins where ArcelorMittal Longos Brasil operates. “A pesquisa é inovadora por utilizar soluções tecnológicas para adaptar o setor industrial às mudanças climáticas”, explica Celso Bandeira, coordenador do projeto e docente do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária. O estudo reúne também os pesquisadores Marconi Moraes, Leonardo Goliatt e Priscila Capriles, além de bolsistas da graduação e pós-graduação da UFJF. A analista de Meio Ambiente da ArcelorMittal, Geane Cristina Fayer, lidera a equipe da empresa parceira.

“A colaboração entre a Universidade e a iniciativa privada pode gerar respostas inovadoras para reduzir riscos hídricos e fortalecer a resiliência ambiental, beneficiando as atuais e futuras gerações”, afirma Bandeira.

Cientista brasileiro Carlos Nobre é um dos entrevistados do documentário Ecos de 92, do Rio à Belém. (Imagem de making of)

“Ecos de 92, do Rio à Belém”

Após três décadas da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92 , que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992, o documentário “Ecos de 92, do Rio à Belém”, dirigido por Renata Amorim e com produção executiva de Valéria Costemalle, propõe um diálogo inédito entre os atores da conferência que inaugurou a governança ambiental global e a geração que hoje lidera o movimento em um planeta cada vez mais degradado.

O projeto foi realizado com recursos próprios e com o apoio de pesquisadores da área de Ecologia, profissionais do audiovisual e estudantes do grupo de pesquisa de cinema Comcime, da UFJF. Entre eles estão Anna Leão, Sophia Bispo, Ana Flávia Quintanilha e Mateus Hipólito, alunos e ex-alunos da UFJF que representam a geração que herdará e transformará o legado da Rio-92.

“O Brasil sempre teve protagonismo nas discussões de governança ambiental global e esse documentário é um projeto que consolida essa memória, preserva nossa identidade e valoriza a ciência. O documentário vai além da COP-30, porque desafios como mudanças climáticas, poluição, transição energética e perda de biodiversidade são transnacionais, exigindo cooperação internacional para soluções eficazes. Sem governança ambiental, os riscos existenciais e as desigualdades climáticas continuarão a crescer, ameaçando a sustentabilidade do planeta”, defende Valéria.

Diálogo do Balanço Ético Global no Jardim Botânico

Luiza Vieira Caleia vai apresentar o Balanço Ético Global neste sábado, 25, no Jardim Botânico. (Foto: Arquivo Pessoal)

A casa de educação ambiental do Jardim Botânico da UFJF recebe no dia 25 de outubro, de 10h a meio dia, uma roda de conversa sobre o Balanço Ético Global (BEG). O evento é para promover reflexão e elaborar demandas locais para conservação da Mata Atlântica a serem apresentadas na COP 30. 

O BEG é uma iniciativa, vinculada à Presidência da COP 30, trabalha para engajar comunidades locais no debate sobre a crise climática, a partir de uma perspectiva ética, cultural e cidadã. Um dos objetivos é aproximar os grandes acordos internacionais da realidade vivida pela população.

A proposta foi uma sugestão da estudante Luiza Vieira Caleia, 17 anos, moradora da cidade. A convite da rede internacional Latinas por el Clima, Luiza representa a organização na COP-30. Ela vai participar de encontros em pavilhões da Criança e da Juventude, do Brasil e de Cultura em Belém. A estudante tem acompanhado de perto a agenda do Balanço, ação para o empoderamento climático e engajamento de jovens e crianças.

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