“Imagine que você está preparando uma sopa. Todos os ingredientes e temperos estão na panela. Quando vai provar para ver se o sabor está bom, o que você faz?” Com essa provocação, o pesquisador Augusto Carvalho, do Departamento de Estatística do Instituto de Ciências Exatas (ICE) da UFJF, inicia uma conversa com alunos do ensino médio da Escola Estadual Dyrce José da Silva e Souza, em Santana do Deserto. O tema central do bate-papo foi estatística e finanças. “Você mistura e experimenta uma colher, certo? Isso é estatística”, explica.
A atividade faz parte do projeto de extensão “A Ciência que Fazemos”, que tem como objetivo aproximar os pesquisadores da UFJF das escolas da região, desmistificar a imagem estereotipada do cientista e incentivar a conexão dos alunos do ensino básico com o ambiente acadêmico da universidade. A conversa aconteceu na última sexta-feira, dia 11.
A estatística: a linguagem da ciência
“A sopa da panela é o que chamamos de população. Nós misturamos, retiramos uma amostra e fazemos observações sobre essa amostra. A partir dessas informações, é possível fazer afirmações sobre a população”, explica. O cientista faz uma analogia com exames de sangue para ilustrar o conceito. “Você não tira todo o seu sangue e examina, você retira uma amostra, a partir da informação que tida naquela amostra, são feitas afirmações sobre o sangue que circula no corpo inteiro”, finaliza.
O pesquisador continua a conversa focado na palavra “ciência”. “O que é ciência?”, indaga. Segue dizendo que existem muitas definições possíveis para a palavra, mas afirma que uma constante é a busca por respostas para entender o mundo. “A ciência quer responder perguntas deixando o mínimo de dúvidas possível. Responder é fácil, mas a ciência não se trata de opinião. Trata-se de levantar informação e conhecimento sobre um fenômeno para estabelecer relações que sejam verdadeiras”, explica. “E a estatística é a linguagem da ciência. É basicamente como a ciência vai comunicar suas descobertas”, conclui.
“Jogo do tigrinho não é investimento”
Levantamento feito pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a Educa Insights, mostra que 35% dos interessados em fazer um curso superior em 2024 deixaram de ingressar em uma faculdade por terem usado os recursos financeiros com apostas on-line. “Jogo do tigrinho não é investimento. É um ótimo lugar para perder dinheiro”, avisa Carvalho.
Carvalho lembra aos estudantes que cuidar das finanças é tão importante quanto cuidar da saúde, da educação e dos relacionamentos. “Quando um aspecto da sua vida fica desequilibrado, pode desequilibrar todos os outros. As questões financeiras podem influenciar em outros ramos da vida também”, justifica o cientista. “Não existe dinheiro fácil. O jeito mais fácil de ganhar dinheiro é trabalhando”.
O pesquisador finaliza o bate-papo apresentando curso de estatística da UFJF aos alunos e falando sobre as possibilidades de trabalho na área. “Hoje em dia a área de Estatística é altamente demandada, é uma área que tem alta empregabilidade e com boas condições”, incentiva.