A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) assinou, nesta terça-feira, 17, sua adesão à Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP). O evento, em Brasília, contou com a presença do reitor Marcus David e de reitores de outras 30 instituições de Ensino Superior (IES), além dos ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Camilo Santana (Educação) e Juscelino Filho (Comunicações). Também participaram da solenidade de ampliação da rede de rádio e TVs públicas brasileiras dirigentes da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), ponto de partida para a operação de 72 novas emissoras de rádio e TV digital, entre elas os canais da UFJF.
Entre as 31 Universidades que aderiram à RNCP, a UFJF é uma das 19 já autorizadas a iniciar imediatamente as transmissões, tendo liberadas as portarias de consignação, uma espécie de outorga que permite a implantação, pela Universidade, de uma emissora de rádio FM e uma emissora de TV Digital. Esta situação é resultado da resposta ágil da UFJF à consulta realizada em maio pela EBC sobre o interesse da IES em integrar a rede de comunicação pública em rádio e TV. A resposta e o envio da documentação necessária ocorreram após reunião entre a Administração Superior e representantes da Faculdade de Comunicação (Facom), que manifestaram interesse em participar.
Sonho antigo
“Eu como ex-diretor da Faculdade, professor por mais de 30 anos, sei o quanto isso foi sonhado, como isso foi desejado por alunos e professores. É motivo de muita celebração. Que a gente possa comemorar essa conquista da gestão Marcus David-Girlene porque é um sonho que dura praticamente toda a existência da Facom”, ressalta Márcio Guerra, atual secretário de Comunicação Pública da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Ele ainda enfatiza a importância das outorgas para a formação em Jornalismo, curso que, em 2023, completa 65 anos de atividades na UFJF, e para o curso de Rádio, TV e Internet.
Sei o quanto isso foi sonhado, desejado por alunos e professores. É motivo de muita celebração (Márcio Guerra, professor aposentado e ex-diretor da Facom)
Coordenador da Rádio Facom 59, projeto de extensão desenvolvido na UFJF, o professor Álvaro Americano também comemora a adesão: “É uma luta antiga da Facom e da própria Universidade. A UFJF vai ter acesso a dois meios importantes para mostrar sua produção nas diversas áreas em que atua e aumentar o diálogo com a sociedade em geral”. O docente ainda destaca a oportunidade de construção de novas pontes de acesso ao público, para apresentar o resultado de pesquisas e o conhecimento produzido nos diversos setores da Universidade.
“Acredito que tanto a Rádio como a TV podem ser um campo de treinamento, experimentação e pesquisa dos cursos de Jornalismo e Rádio, TV e Internet, tanto nos seus aspectos técnicos, tecnológicos e estéticos como nas áreas diretamente ligadas à produção de conteúdos informativos, formativos e de divertimento”. Para o professor, “o desafio está lançado e caberá aos segmentos que compõem a UFJF buscar a excelência na qualidade dos produtos a serem veiculados, prezando sempre pelo respeito à ciência e à verdade, na luta contra os preconceitos e contribuindo para a afirmação da cidadania e da cultura em nosso país”.
Novas possibilidades
Com o acordo, a UFJF e a Facom vão gerenciar e operar as emissoras de rádio e TV, o que permite fortalecer uma comunicação comprometida com ciência, educação, projetos sociais e com o desenvolvimento tecnológico. Além disso, o projeto da Rede Nacional de Comunicação Pública permite criar bases para o combate à desinformação, com a oferta de conteúdos sonoros e audiovisuais elaborados com qualidade e com checagem da veracidade dos fatos.
O acordo com a EBC vai inaugurar uma nova comunicação para a UFJF, com ampliação de possibilidades de diálogo com o público interno e uma abertura incrível para a sociedade (Erika Savernini, diretora da Facom)
A diretora da Facom, Erika Savernini, destaca a perspectiva de melhoria: “Acredito que o acordo com a EBC vai inaugurar uma nova comunicação para a UFJF, com ampliação das possibilidades de diálogo com o público interno e uma abertura incrível para a sociedade”. Para a diretora, no caso da Faculdade de Comunicação, há oportunidade de atuação mais efetiva, “para fora de si mesma”, e de treinamento para egressos e egressas.
Produção de conhecimento
A RNCP, formada por emissoras de TV e Rádio de todo o país, teve sua primeira transmissão simultânea em maio de 2010. Na época, a rede contava com as emissoras de rádio e TV da EBC, sete emissoras universitárias e 15 públicas estaduais.Nessa época, a comunicação pública foi tema de projetos de pesquisa na UFJF. Em um deles, da professora Iluska Coutinho, houve captação de recursos via Governo Federal (EBC e CNPq) e Fapemig, apresentação dos resultados ao Conselho Curador da EBC e posterior publicação do livro “A informação na TV Pública”.
Outros tiveram como resultados dissertações defendidas no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), como a do jornalista Raul Mourão, que hoje integra o quadro dos técnico-administrativos em Educação (TAEs) da UFJF. Mourão investigou a participação da sociedade no programa da Ouvidoria da EBC na TV Brasil, e avalia de forma positiva a adesão da UFJF à RNPC. “Pode contribuir para a promoção da qualidade na comunicação pública e a ampliação da diversidade de conteúdos e formatos de programas veiculados. Nesse aspecto, podem ser incluídos temas regionais, inovadores ou mesmo não desenvolvidos na mídia comercial tradicional. Com mais visibilidade e avaliação de novos públicos, podem haver outras conexões, captação de recursos e estímulo à produção acadêmica.”
Expansão
Gerida pela EBC, responsável pelo seu fortalecimento e expansão, a Rede ampliou a difusão de conteúdo jornalístico, educacional e cultural para todas as regiões do Brasil e propiciou acesso a programas de interesse nacional e regionais. Em 2023, a RNCP já conta com 69 emissoras de TV e 40 de rádio. São emissoras parceiras que contribuem para ampliar o alcance das produções da TV Brasil, rádios MEC e Nacional, ao mesmo tempo em que fortalecem a produção regional por meio de conteúdos artísticos e jornalísticos, também veiculados em rede.
Com mais visibilidade e avaliação de novos públicos, podem haver outras conexões, captação de recursos e estímulo à produção acadêmica (Raul Mourão, jornalista da UFJF)
Com a adesão das 31 universidades, a Rede Nacional de Comunicação Pública de Rádio e TV será ampliada para mais de 80 emissoras participantes. A EBC, enquanto responsável pela conformação da comunicação pública nacional, promete oferecer todo apoio às afiliadas, incluindo a elaboração de projetos de engenharia, articulação com a Anatel e o Ministério das Comunicações para o licenciamento das estações e a implantação dos canais.
A contribuição do governo federal, a partir da EBC, vai permitir dar visibilidade nacional aos conteúdos de excelência produzidos pelas instituições públicas de ensino e garantir por meio da RNCP que mais cidadãs e cidadãos tenham acesso gratuito a conteúdos regionais e nacionais de credibilidade e alta qualidade.