Elementos diferentes que se abraçam, se interconectam e geram um novo corpo, repleto de singularidade. Esse é o foco da mostra “O Lugar do Lúdico”, do artista visual Marco Rabello, que estreia na próxima terça-feira, 3 de outubro, na Galeria de Arte do Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A exposição explora a técnica da assemblagem ou assemblage, através da qual o artista expressa suas impressões, utilizando-se de colagem ou encaixe para unir objetos. O resultado desse processo é o nascimento de uma peça onde os itens utilizados para sua criação permanecem em seu estado original, mas que, unidos, parecem diferentes.

O vernissage, que se inicia a partir das 18h30, é aberto ao público em geral e contará com a presença do artista, que compartilhará suas inspirações e o processo de confecção das obras, além da participação de Jacqueline Lopes, da Aliança pela Infância – Núcleo Juiz de Fora.

Ao perpassar o espaço, os visitantes terão contato com mais de 15 obras inéditas que instigam a curiosidade, despertam a criatividade e nos permitem revisitar uma infância com elementos marcantes. Motivo pelo qual a exposição também foi escolhida para estrear no mês de outubro, tão representativo para as crianças.

“A proposta desta coletânea de obras é apresentar trabalhos onde mesclo brinquedos tradicionais com utensílios domésticos, fazendo uma assemblagem de maneira lúdica e crítica, propondo fruições de diversas esferas para o observador e passando por diferentes camadas de interpretação”, elucida o artista.

Entre os objetos em destaque, está um pega varetas derretido com um garfo retorcido, xícaras preenchidas com as pegajosas slimes, e um espremedor de cordas; em um primeiro momento, descrições que parecem surreais, mas que se tornam possíveis graças à beleza inventiva que habita a mente de cada um.

Para a criação dos objetos, o artista visual explica que percorreu feiras livres e ferros-velhos em Juiz de Fora, onde pôde produzir pesquisas e buscar inspiração. “Estive nesses locais a fim de observar diversos objetos, desde os mais industrializados até os mais próximos a seu estado original. Com o passar do tempo, produzindo experimentações sentado no chão, comecei a relembrar de certos eventos e reviver certos sentimentos com os objetos que existiam nas brincadeiras da minha infância. As ideias surgiram e ficaram mais claras na minha mente quando vi duas obras do artista Paulo Bruscky”, relata Marco.

Brincar e se reconectar consigo mesmo

O brincar revela alguns aspectos da personalidade e habilidades perceptivas do indivíduo que, muitas das vezes, não se evidenciaram no ambiente familiar. Um quebra-cabeça de ponta cabeça, ornando um pote de biscoitos… Quantas questões formuladas em ideias conceituais, com riqueza de experiências, sem a necessidade de falar convencionalmente. O brincar ajuda a conectar-se, desenhando ideias do inconsciente e sem pressa de acabar com alguns aspectos de si mesmo, que estavam detidos ou perdidos em seu processo de desenvolvimento.

O autor Donald Woods Winnicott considera que “a psicanálise é uma forma altamente especializada do brincar, a serviço da comunicação consigo mesmo e com os outros”. Os brinquedos são aliados fundamentais no processo do desenvolvimento infantil. Eles auxiliam no desenvolvimento cognitivo, motor, criativo e social da criança. Por meio do contato com brinquedos, nós sempre fomos estimulados a trabalhar vivências a partir da imaginação.

Mais sobre o artista

Nascido em Santos Dumont (MG), Marco Rabello realizou exposições coletivas em museus e outros espaços culturais de Juiz de Fora, Rio de Janeiro e Distrito Federal. 

Além da assemblagem, o artista também atua nas áreas de pintura, gravura, instalações, videoarte, arte e tecnologia, 3D, ilustração tradicional e digital.

A técnica de assemblagem

O termo assemblage é incorporado às artes em 1953, cunhado pelo pintor e gravador francês Jean Dubuffet (1901-1985) para fazer referência a trabalhos que, segundo ele, “vão além das colagens”. O princípio que orienta a feitura de assemblages é a “estética da acumulação”: todo e qualquer tipo de material pode ser incorporado à obra de arte. O trabalho artístico visa romper definitivamente as fronteiras entre arte e vida cotidiana; ruptura já ensaiada pelo dadaísmo, sobretudo pelo ready-made de Marcel Duchamp (1887-1968) e pelas obras Merz (1919), de Kurt Schwitters (1887-1948).

Diante deste resumido histórico, é interessante notar como o objeto na arte transitou, transita e transitará por diferentes meios, tornando intrigante esse tipo de representação, que é capaz de atingir os mais diversos públicos. Como uma extensão da escultura, é concebido de variadas formas, possibilitando inúmeras assimilações de emoções como qualquer arte tradicional, agindo como provocação para fazer refletir, considerar e encontrar significados diferentes e únicos para algo que anteriormente já existia.

Galeria de Arte

O espaço, instalado em um local privilegiado no segundo pavimento do Forum da Cultura, abriga produção eclética, com exposições de artes plásticas, documentais e pedagógicas, que já chegaram a ter mais de mil visitantes por mostra. Criada em 1981, no reitorado do professor Márcio Leite Vaz, a galeria recebe importantes nomes da pintura de Minas Gerais e da cidade, além de jovens artistas e coletivos.

Forum da Cultura

Instalado em um casarão centenário, na rua Santo Antônio, 1112, Centro, o Forum da Cultura é o espaço cultural mais antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em atividade há mais de cinco décadas, leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.

Endereço e outras informações

Forum da Cultura
Rua Santo Antônio, 1112 – Centro – Juiz de Fora
www.ufjf.edu.br/forumdacultura
E-mail: forumdacultura@ufjf.br
Instagram: @forumdaculturaufjf
Telefone: (32) 2102-6306

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