Distribuição espacial dos coeficientes de atendimento fisioterapêutico ambulatorial dos municípios de Minas Gerais

Nesta segunda-feira, 13 de outubro, celebra-se o Dia Nacional do Fisioterapeuta, data que reconhece a importância fundamental desses profissionais para promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento, reabilitação e a qualidade de vida da população.

Um estudo inédito realizado pelo campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), no entanto, revela que ainda há muito a ser refletido e melhorado quando se trata da oferta e da distribuição desses profissionais no sistema de saúde do estado de Minas Gerais.

A pesquisa, intitulada “Outpatient physical therapy in the municipalities and macroregions of Minas Gerais: an ecological study” e publicada no volume 38 de 2025 da Revista Fisioterapia em Movimento, expõe um cenário de desigualdade no acesso aos serviços de fisioterapia no SUS em Minas Gerais, destacando disparidades regionais significativas e a necessidade de políticas públicas mais eficazes.

O estudo, que relaciona a produção dos serviços de média complexidade em fisioterapia com a população de cada macrorregião mineira, revelou que apenas 58,1% dos 853 municípios mineiros oferecem atendimento ambulatorial de fisioterapia. A pesquisa ainda desmistifica uma crença comum: o tamanho do município não se mostrou um indicador relevante para a quantidade proporcional de atendimentos. Cidades grandes, incluindo a capital Belo Horizonte, não alcançaram a mediana esperada. Os coeficientes de atendimento – 0,19 em Minas Gerais contra 0,24 no Brasil – confirmam a defasagem estadual.

O artigo também discute, com base em evidências provenientes de outros estudos, a possível insuficiência de profissionais no estado de Minas Gerais, bem como as barreiras associadas ao acesso aos serviços e a distribuição desigual de fisioterapeutas na rede pública de saúde. Tais fatores contribuem para a formação de uma demanda reprimida, resultando no aumento do tempo de espera para o atendimento.

A assimetria fica evidente entre as regiões onde a UFJF está presente. De um lado, a Macrorregião Sudeste, que tem em Juiz de Fora sua cidade principal, apresenta uma cobertura de 64,8% – acima da média estadual. No extremo oposto, a Macrorregião Leste, onde Governador Valadares é a referência, ocupa a penúltima posição no ranking mineiro, com apenas 41,1% de cobertura.

Peterson Andrade, um dos autores do estudo (Foto: Dante Rodrigues)

Segundo Peterson Andrade, um dos autores do estudo e professor do Departamento de Fisioterapia da UFJF-GV, essa disparidade se reflete também no número de atendimentos: “entre os 496 municípios com registro de produção ambulatorial, Juiz de Fora ocupou a 87ª posição, enquanto Governador Valadares situou-se na 401ª colocação”.

Em razão do cenário apresentado, o pesquisador adianta que “novas análises estão em desenvolvimento pelo grupo de estudantes de Fisioterapia da UFJF para subsidiar debates com as Secretarias Municipais, Superintendências Regionais, Conselho Estadual de Saúde e Ministério da Saúde”. A iniciativa busca transformar dados em ações concretas para reduzir as desigualdades.

Ciente dos resultados do estudo, o presidente do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais de Minas Gerais (SINFITO-MG) e Conselheiro Estadual de Saúde, Éder Luciano Vaz dos Santos, reforça a urgência do tema: “A fisioterapia atua fortemente na prevenção de doenças, o que poderia reduzir significativamente as filas em hospitais e UPAs”. Ele defende que “é essencial provocar a Secretaria Estadual de Saúde para ampliar as vagas desses profissionais em todo o estado”.

Diante das evidências, fica claro que a divulgação dos resultados deste estudo representa o primeiro passo na busca pela ampliação da oferta dos serviços de fisioterapia, “reconhecendo-se que tais avanços dependem de um esforço coletivo entre gestores, profissionais e representantes do controle social do SUS”, finaliza Peterson Andrade.

Além de Peterson Andrade, o trabalho tem como autores os pesquisadores da UFJF-GV Maria Eduarda Higino Schuhmacher, Luysa Helena Ribeiro Soares, Roberta de Oliveira Coelho e Ludimila Forechi.

O artigo completo pode ser lido aqui.