Diretor Marcos Pimentel, ao lado da atriz Bárbara Colen, colecionam 13 prêmios internacionais com o filme “O Silêncio das Ostras” (Foto: Arquivo pessoal)
Após trabalhar com atores renomados e uma extensa carreira no cinema documental, o diretor e ex-aluno da Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcos Pimentel, conduzirá um debate sobre o seu filme de entrada na ficção: “O Silêncio das Ostras”. O evento acontece nesta sexta-feira, 1º de agosto, às 9h, no auditório da Facom. O filme já está em cartaz nos cinemas de Juiz de Fora.
“O Silêncio das Ostras” aborda um tema que marca a história de Minas Gerais: a mineração. Pimentel diz que, enquanto mineiro, sentia a necessidade de falar sobre a ferida aberta no estado, e que falar disso através de documentário é algo complexo e arriscado devido à falta de abertura das mineradoras.
“Diante da impossibilidade de fazer um filme documentário sobre mineração, fui para ficção construir minha própria mineradora e, assim, conseguir contar parte dessas histórias”, relata o diretor, que encontrou as portas das empresas da área fechadas para a câmera e o que ela poderia vir a mostrar. “Coloquei na obra muitos elementos reais, é uma obra de ficção que tem todos os pés na realidade, e fala muito sobre como parte das pessoas do estado se relacionam com essa atividade (mineração).”
O filme tem sido aclamado dentro e fora do Brasil e teve participação em festivais de diversos países, como Ucrânia, Rússia, Índia e Suíça, conquistando 13 prêmios internacionais. No país, “O Silêncio das Ostras” foi lançado no Festival do Rio, principal vitrine do cinema nacional, além da exibição no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), maior evento sobre meio ambiente no audiovisual.
Circuitos alternativos
“É um filme tão conectado com pautas contemporâneas e questões relativas a não somente Minas Gerais, mas à sociedade brasileira, que iniciamos uma trajetória fora dos circuitos tradicionais de exibição”, explica Pimentel, ao destacar a sessão realizada em Ouro Preto (MG), com pessoas afetadas pela atividade mineradora e o rompimento da barragem de Bento Rodrigues, em Mariana, e a sessão feita em São Paulo (SP), promovida por familiares que perderam parentes para o crime ambiental de Brumadinho.
O diretor enfatiza a importância dessa distribuição de impacto do filme em circuitos alternativos, já que “O Silêncio das Ostras” leva à reflexão de como utilizamos os recursos naturais e as consequências diretas disso, não somente ao planeta e à paisagem, mas às pessoas.
Nas palavras do diretor, “é fundamental essa conversa na UFJF para que possamos estender as discussões proporcionadas pelo filme e que ele reverbere de forma mais profunda nas pessoas”. O cineasta adiciona que muitos alunos não sabem, definitivamente, qual caminho seguir dentro da graduação e formação, e é preciso conhecer diretamente os processos por trás das áreas. “A ideia (do debate) é conversar sobre a temática do filme e o processo de produção.”
Segundo o diretor de Imagem Institucional da UFJF, Cristiano Rodrigues, o debate é relevante para os alunos da graduação por tornar mais palpável a realidade da vida profissional, já que é uma conversa com um ex-aluno já inserido no mercado, com apoio de leis de incentivo e equipe de produção. “É pôr em pauta a produção independente e a questão que o filme traz, da denúncia ao mal que a indústria da mineração faz ao estado”, ressalta. Rodrigues conclui que “os alunos conseguem ver, na prática, o que profissionais da área fazem, bem como a qualidade do trabalho feito”.
Sinopse “O Silêncio das Ostras”
A vida de uma garota que nasceu numa vila de operários de uma mina e tem que aprender a lidar com sucessivas perdas. Com o fim da mineração, o local se transforma em uma cidade-fantasma. Sem ter para onde ir, ela e seu cachorro são os únicos que não abandonam o lugar, até que o rompimento de uma barragem dizima a região. Após perder todos os seus mundos, Kaylane insiste em sobreviver e resistir. Um filme sobre crescer e sonhar em meio à poeira, à lama e ao silêncio.
Ficção, 127 minutos
Elenco: Bárbara Colen, Lavínia Castelari, Sinara Teles, Adyr Assumpção
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