O Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora recebe, nesta quarta-feira, 18, a partir das 17h, o lançamento do livro “A poesia tem que acabar”, do escritor Giovani Duarte Verazzani, conhecido como Poeta Verazz. Na ocasião, estarão presentes o poeta e o editor da obra, Alexandre Faria, professor da Faculdade de Letras da UFJF, para um bate-papo sobre a coleção Espertirina e influências musicais, além da realização de uma audição de raps. O evento é gratuito e aberto ao público em geral.
O título nasceu posteriormente à criação dos textos. Inicialmente, o projeto se chamaria “Notas esparsas (sobre um país religiosamente fascista)”. Com a ajuda do editor, que fez sugestões de colher o título a partir dos próprios versos do livro, o autor optou pelo nome atual “A poesia tem que acabar”, a fim de provocar, gerar um certo desconforto e incômodo.
De acordo com Verazzani, os 20 poemas que compõem o livro têm como característica principal o caráter antifascista, e é justamente esse tema que ele quer colocar em pauta. “Os textos tentam dar conta do fenômeno neofascista que assola os tempos atuais. Eu já venho acompanhando esses movimentos extremistas desde 2013, e o crescimento disso a olhos vistos, sem grande resistência, com legitimação popular às vezes, me gera uma revolta, um ódio, um mal estar indescritível, e a obra tenta ser mais que uma resistência a isso, mas um combate ativo, uma ação direta anarquista, mas também é meio inútil, porque no fim é só poesia mesmo, palavra no papel, discurso”, desabafa.

De acordo com Verazzani, seus textos tentam dar conta do fenômeno neofascista que assola os tempos atuais (Foto: Divulgação)
O processo de escrita de Poeta Verazz é multifacetado. As ideias surgem dentro da rotina, algumas ficam retidas, outras são anotadas, e ainda há aquelas que se perdem (para talvez, mais tarde, retornarem). Sua tendência é escrever já lapidando cada verso, pensando o metro, as rimas, as aliterações, o que torna a criação naturalmente mais lenta, seja no caderno com lápis ou por meio das teclas do computador.
As primeiras linhas ganharam vida em janeiro de 2020, período em que o autor, indignado com a situação política do Brasil, buscou na escrita uma das formas de protestar. “Já se completava um ano de governo de extrema-direita – sem contar os anos posteriores ao golpe na Dilma, em 2016, e eu estava (ainda estou) empanzinado, com vontade de vomitar algo tão nefasto quanto aquele governo liberal-fascista. Logo depois veio a pandemia e o uso dela pelo governo da ocasião para fazer o que ele disse que queria fazer na década de 90: ‘matar uns 30 mil’. Ao todo, foram mais de 700 mil. Foi um período muito difícil para o nosso país, porque aquele governo queria mesmo o caos, escondeu informação, não comprou testes… desse caos, começaram a surgir as primeiras poesias como forma de protesto”, conta Verazz.
Nas páginas do livro também será possível encontrar as inspirações do escritor no rap e na cultura hip hop. Verazzani é um poeta que lê rap em discos tanto quanto poemas em livros. “A poesia popular brasileira do século XX está no samba e nos ritmos derivados dele. Quem está na boca do povo? Mário de Andrade ou Adoniran Barbosa? E falo isso sem julgamento de valor. Tem um MC, que vou apresentar no lançamento, o Onni, um verso dele diz que ‘música é livro para analfabeto’. Num país que até hoje não extinguiu o analfabetismo, pensa a relevância disso. Por isso, eu adoro levar Augusto dos Anjos, Bandeira, Drummond, João Cabral para colar com o Mano Brown, o GOG, Emicida ou Sabotage. A minha brisa é essa.”
Oficina “Poesia e Arte Antifascista”
Dentro da temática apresentada no livro, o Forum da Cultura recebe a oficina “Poesia e Arte Antifascista”, ministrada pelo autor Poeta Verazz e pelo professor Alexandre Faria. Ela acontece na segunda-feira, dia 23 de junho, das 14h às 17h, com o intuito de estimular a escrita e propor reflexões aos participantes. Também é objetivo possibilitar um espaço para criação de novos textos para a coleção, com outros autores e autoras, trazendo sua maneira de tratar a temática apresentada na obra.
A oficina é gratuita e aberta a todos os interessados a partir dos 15 anos. As inscrições estarão disponíveis até a data de 22 de junho ou até que todas as vagas sejam preenchidas.
Mais sobre o autor
Poeta Verazz é Giovani Duarte Verazzani, natural de Ubá (MG), mas viveu com a família em diversas cidades da Zona da Mata Mineira durante a infância. Reside em Juiz de Fora há 25 anos. Criador do blog poesiaindependente.blogspot.com, em 2007, publicou alguns poemas no site até 2020, dos quais surgiu sua primeira obra, “Moleque de Pena na Mão” (Cacareco edições, 2021).
Criador, editor e escritor na Revista Oblívio – Narrativas Autorais (2016-2024), cronista no jornal antifascista “O Homem Livre” (2017-2019), atualmente é membro do Coletivo Vozes da Rua, fazendo trabalhos com Hip Hop e literatura marginal nas escolas, presídios e outros espaços públicos e privados. Mestre em Literatura Brasileira pelo PPG Letras Estudos Literários da UFJF (2013), é técnico administrativo em Educação, na Faculdade de Comunicação (Facom) da UFJF.
Outras informações
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