Série de matérias sobre as conquistas e desafios do primeiro ano da gestão de Girlene Alves e Telmo Ronzani será publicada pelo Portal da UFJF (Foto: Carolina de Paula)

Para além dos números históricos registrados na última edição do Pism – 48 mil inscritos – a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) comemora passos importantes em relação ao ingresso, à permanência de estudantes e ao ensino na Instituição neste primeiro ano de gestão. Para a responsável pela pasta, Katiúscia Vargas, conhecer a realidade dos diferentes cursos da UFJF foi o ponto alto do início da sua gestão. Com o projeto “Prograd itinerante”, o setor buscou contato com coordenadores e diretores de unidade dos dois campi para embasar decisões políticas institucionais.

“Fizemos uma reflexão a partir da realidade de cada unidade acadêmica. Para qualquer política de ensino que a gente venha a criar, há especificidades que vão atravessar essas políticas. A evasão e a permanência nas Ciências Exatas é diferente do que a gente observa na área da Saúde e nas Ciências Humanas, por exemplo. Pretendemos continuar com essa iniciativa porque potencializa nossas ações e nos permite trabalhar junto com os cursos.”

O especial “Juntos pela UFJF” irá trazer as principais conquistas e desafios da administração de Girlene Alves e Telmo Ronzani.

Uma das conquistas deste ano faz parte desse enfrentamento para garantir a permanência dos estudantes, evitando o abandono e a repetência, especialmente, no início da graduação: o Programa de Acolhimento Pedagógico. Resultado de um trabalho iniciado ainda em 2023, a iniciativa será implementada ainda neste primeiro semestre letivo. 

Calouros, ingressantes pelo Pism e pelo Sisu que tiveram baixo aproveitamento nos processos seletivos, poderão se inscrever no Programa. Serão ofertadas seis turmas de 20 alunos cada, distribuídas em três áreas: “Integração à UFJF”, “Linguagens e suas tecnologias” e “Matemática e suas tecnologias”. Serão 30 horas de atividades durante o semestre, coordenadas pela Prograd e executadas por bolsistas. 

“Fazer com que o aluno conheça a Universidade e as oportunidades que ela oferece além das aulas. O primeiro movimento é o de acolher e, dentro dos conhecimentos e habilidades que ele (estudante) necessita para sua formação, oferecer letramento acadêmico.” Katiuscia destaca que não se trata de reforço escolar, mas sim da oferta de uma base de conhecimento para que o discente possa superar possíveis dificuldades durante o curso e melhorar seu desempenho acadêmico. 

Outra frente de trabalho, iniciada em 2025, é o Programa de Desenvolvimento Docente, prevista pelo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). A partir de um levantamento feito junto aos professores da Universidade, foram definidos temas de interesse para ações de formação continuada. A primeira delas aconteceu dia 17 de março e, em abril, foi abordado o tema “Educação a distância e ensino híbrido”. A programação vai até dezembro, e a pró-reitora espera que a iniciativa tenha mais engajamento da comunidade acadêmica. 

Um dos desafios do ano, segundo a pró-reitora de Graduação Katiúscia Vargas, é fazer com que a Universidade olhe com mais atenção para o potencial da educação a distância (Foto: Carolina de Paula)

O tema “educação à distância” é, inclusive, um dos desafios da Prograd para o ano. A ideia, segundo Katiuscia, é construir uma política institucional que permita à UFJF explorar seu potencial. “Na nossa opinião, o ensino a distância é uma ferramenta importante para o acesso e para a democratização da educação, respeitando o padrão de qualidade que a Universidade tem.” Ela argumenta que a UFJF teria capacidade instalada para atuar além dos convênios com a Universidade Aberta do Brasil e de outros já em vigor junto ao Ministério da Educação. 

“Hoje a demanda dos estudantes que estão chegando na Universidade passa por outros caminhos, para além da qualidade de ensino. Por isso, refletir sobre formatos, modelos e horários pode fazer com que a gente atenda a expectativa desse público.” O setor aguarda a publicação das novas regras para o funcionamento de cursos superiores de EaD pelo Governo Federal para subsidiar o debate.

25 anos de Pism

O Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) completará 25 anos. Aprovado em 1999, as primeiras provas da seleção aconteceram em 2001, na época, com 30% de reserva de vagas. Ao longo do tempo, o percentual foi aumentado para 50%, e os pesos de cada módulo foram alterados, assim como o formato de prova. A última edição, com 48 mil inscritos, foi histórica e também confirmou o compromisso da UFJF com a inclusão por meio do atendimento especial. “O investimento em pessoal e recursos que a Instituição faz para organizar o atendimento especial é alto, mas o consideramos importante para democratizar o acesso.”

A UFJF seguirá investindo no Pism, que tem servido de modelo para outras universidades federais, entre elas a de Minas Gerais (UFMG), que adotou processo seriado recentemente. Segundo Katiuscia, essa é uma alternativa para ampliar as formas de ingresso, além do Sisu, em um contexto de aumento das vagas ociosas no ensino superior. 

A possível revisão do modelo não irá atingir o conteúdo programático, que foi atualizado recentemente. As discussões em torno do tema ainda passarão por instâncias consultivas e deliberativas da UFJF, sendo amplamente noticiadas. “Depois de tantos anos, é hora de fazer uma avaliação, um balanço do modelo”, adianta a pró-reitora. Para isso, os estudos iniciados em 2023 serão retomados pela comissão a ser reconstituída.