O Laboratório Multiusuário em Humanidades Digitais (Lamu-HD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) é o único projeto de Minas Gerais da área de Humanas aprovado na chamada nº 02/2024 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). No total, foram submetidas 123 propostas à Faixa A do edital, que destina R$30 milhões para a aquisição de equipamentos de médio e grande porte e para adequações de espaços físicos compartilhados voltados à pesquisa.

Pesquisador Marcelo Campos é o coordenador do Laboratório Multiusuário em Humanidades Digitais (Foto: Carolina de Paula)
O projeto recebeu um investimento de aproximadamente R$1,18 milhão. Os recursos serão destinados à aquisição de equipamentos e softwares voltados à formação metodológica de estudantes da graduação e da pós-graduação em Ciências Humanas. Segundo o coordenador do Laboratório, Marcelo Campos, do Departamento de Ciências Sociais, o objetivo da proposta é possibilitar o desenvolvimento de técnicas quantitativas e qualitativas mais sofisticadas, relacionadas às diversas temáticas das Humanidades, com ênfase em Identidades, Território, Violências, Memórias e Desigualdades.
“Algumas das aplicações do Laboratório são ligadas a estatísticas descritivas e multivariadas, análises espaciais, análise de cluster, vizinhança, mapeamentos de dados, análises de grupos vinculados aos extremistas, e técnicas de narrativas audiovisuais e de investigação em neurociência, além de novas tecnologias digitais, realidade virtual e inteligência artificial”, explica Campos.
O objetivo da chamada é fortalecer a infraestrutura científica conforme a política de compartilhamento de instalações da própria Fapemig. Dentre as propostas, apenas 18 foram aprovadas. Sistemas Multiusuários são equipamentos e infraestruturas de pesquisa voltados ao uso compartilhado, vinculados a instituições científicas, tecnológicas e de inovação (ICTs).
O edital integra o Programa de Apoio a Instalações Multiusuárias, que tem como objetivo fortalecer estruturas em funcionamento ou em fase de implantação nas ICTs de Minas Gerais, incentivando o compartilhamento dessas instalações como suporte a pesquisas em desenvolvimento.
Entenda o projeto
O Laboratório é estruturado em três eixos de pesquisa, que reúne diferentes áreas do conhecimento. O primeiro é o de “Territórios, Violências e Desigualdades”, com investigações que analisam os efeitos das políticas públicas de segurança, com ênfase no uso de tecnologias, como câmeras de vigilância e Inteligência Artificial. Também são estudadas as relações entre justiça criminal, encarceramento e sociabilidades, com foco nas desigualdades raciais, de gênero e de classe em Minas Gerais.
O segundo aborda “História, Cidadania e Lugares e o Uso de Tecnologias”, para desenvolver pesquisas sobre a memória e a identidade negra no estado, utilizando ferramentas digitais. O eixo também explora o mapeamento de grupos ligados ao extremismo de direita por meio da cartografia digital e analisa como as narrativas audiovisuais contribuem para a construção da cidadania em diversos territórios.

Mônica Ribeiro, vice-coordenadora do projeto, ressalta o valor da interdisciplinaridade como forma de potencializar o uso e aplicação de tecnologias nas pesquisas vinculadas. (Foto: Carol de Paula)
“Neurociências e Humanidades Digitais” é o terceiro eixo de pesquisa. O foco da linha é investigar conexões entre tecnologias digitais e neurociência afetiva e social, utilizando realidade virtual e inteligência artificial. As pesquisas buscam compreender processos cognitivos e comportamentais, propondo novas metodologias de intervenção com foco em educação, saúde e bem-estar.
Os reflexos do programa
A vice-coordenadora do Laboratório, Mônica Ribeiro de Oliveira, do Departamento de História, destaca a relevância do projeto para o meio acadêmico: “O conceito de Humanidades Digitais dialoga com diferentes áreas e coloca em prática a interdisciplinaridade, tão requerida pela produção científica hoje. Ele se ajustou muito bem ao Instituto de Ciências Humanas (ICH).”

Wagner Batella, vice-diretor do ICH, destaca o ganho para a qualidade da pesquisa desenvolvida no Instituto. (Foto: Arquivo pessoal)
O programa vai facilitar a atividade prática e o compartilhamento de dados entre pesquisadores. O projeto contribui para a criação de modelos de análise de políticas públicas baseados em evidências, conectando-os às Humanidades Digitais. Outro ganho será o fortalecimento dos programas de pós-graduação do Estado, por meio de uma atuação transdisciplinar que integra docentes e discentes de diversas áreas, como Ciências Sociais, História, Geografia, Psicologia, Filosofia, Turismo e Ciências da Religião.
Wagner Batella, vice-diretor do ICH e também vice-coordenador do projeto, destaca que, para o ICH, será um ganho muito grande. “Ter sido contemplado neste edital foi o resultado de um esforço coletivo, integrando uma série de pesquisadores das humanidades. Temos investido cada vez mais no uso constante de tecnologias em nossas pesquisas e isso certamente contou para que fôssemos contemplados”, ressalta.
Com foco em inovação, o Lamu-HD vai oferecer produtos, serviços e metodologias com alto grau de complexidade tecnológica, atendendo às demandas sociais e institucionais de Minas Gerais. A aposta em Inteligência Artificial e aprendizado de máquina busca não só impulsionar o conhecimento, mas também ampliar o alcance e a aplicabilidade das pesquisas em Humanidades no século XXI.
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