O Carnaval de 2025 será em março, mas no Forum da Cultura os preparativos já começaram. Até 28 de fevereiro, a exposição “Ensaios de Carnaval” traz ao público exemplares de fantasias e máscaras que marcaram – e ainda marcam – os festejos da alegria. As visitações acontecem de segunda a sexta, das 10h às 19h. A entrada é gratuita.

As peças homenageiam personagens da Commedia dell’Arte italiana, como a Colombina, o Arlequim e o Pierrot Apaixonado, que possuem uma relação direta com a música popular brasileira. (Foto: Divulgação)

Com a proposta de criar um ambiente imersivo para os visitantes e inspirá-los para a chegada dos dias de confete, o Museu de Cultura Popular transforma-se em um espaço onde é possível vivenciar a atmosfera das comemorações de rua, em que os foliões saem fantasiados em diversos blocos pelas cidades, e dos famosos bailes da década de 40, que ocorriam em clubes e salões de festas.

A mostra reúne mais de 40 peças, entre elas itens de vestuário, bonecas e máscaras, originárias de cidades como Rio de Janeiro (RJ), Paraty (RJ), Juiz de Fora (MG) e Veneza, na Itália. Alguns dos objetos são réplicas de fantasias, feitas em minuciosa confecção com tecidos brilhantes e chamativos, mesclando múltiplas cores e adereços, como fitas, pompons, botões, rendas e babados, justamente com o objetivo de se destacarem e representarem a euforia presente nas festividades. 

As peças homenageiam personagens da Commedia dell’Arte italiana, como a Colombina, o Arlequim e o Pierrot Apaixonado, que possuem uma relação direta com a música popular brasileira. Outras obras fazem referência ao imaginário infantil, encontradas em fantasias como as Baianas, o Aladim e a Melindrosa. Também merecem destaque as fantasias em tamanho real utilizadas no desfile da Escola de Samba Portela, do Rio de Janeiro, no ano de 1996.

As máscaras venezianas chamam a atenção por sua singularidade. Cada peça carrega traços refinados, pinceladas de cores, brilhos, lantejoulas e penas que atraem os olhares mais atentos (Foto: Divulgação)

Já as máscaras venezianas chamam a atenção por sua singularidade. Cada peça carrega traços refinados, pinceladas de cores, brilhos, lantejoulas e penas que atraem os olhares mais atentos.  As expressões representadas trazem o ar de mistério e a curiosidade em descobrir quem é a pessoa que se esconde por detrás de cada uma delas.

Ainda no universo das máscaras, a exposição também explora exemplares produzidos em papel machê ou papietagem – feitas a partir de molde de gesso – conhecidas como papangus. Com diversos tamanhos e customizadas de acordo com o estilo de cada artesão, esses itens são representativos de figuras que, durante o período do Carnaval, entram nas casas das pessoas para brincar e comer. O termo escolhido para este tipo de máscara tem como origem o fato deste costume ocorrer fortemente na cidade de Bezerros (PE), onde a principal iguaria é o angu. Dessa forma, como os personagens entravam nas casas para “papar” o “angu”, deu-se tal nome.

Para a conservadora e restauradora de bens do Forum da Cultura, Franciane Lúcia, a exposição explicita toda a inventividade do povo brasileiro e de outras regiões do globo, revisitando peças criadas com uma criatividade genuína. “Quando realizamos a curadoria dos itens que seriam exibidos, imaginamos todos os foliões como em um grande espetáculo teatral, em que cada um escolhe o personagem que quer atuar e, muitas das vezes, criar seu próprio figurino”, explica.

As fantasias garantem a leveza e o tom de brincadeira à festa (Foto: Divulgação)

“A exposição demonstra como o povo carrega uma criatividade intrínseca, além de valorizar e preservar o modo de fazer e as habilidades manuais de artistas da costura e da escultura na criação das mais variadas peças alegóricas. Esperamos que os visitantes saiam daqui animados para a folia.”

Origem das fantasias
As fantasias garantem a leveza e o tom de brincadeira à festa. Personagens do universo infantil, como, por exemplo, super-heróis, fadas e bruxas, se encontram com figuras do universo cinematográfico; seres mitológicos dançam e pulam juntamente com palhaços de circo. É dessa mistura criativa, desse encontro – até então inimaginável – que nasce a beleza e o clima de descontração que envolvem os foliões nesta época do ano.

Esse hábito foi introduzido no Brasil no século XX, através dos bailes de fantasias e máscaras, inspirados na cultura italiana. Naquela época, os clubes italianos resgatavam o carnaval de Veneza, juntando-se aos desfiles das grandes sociedades. Esses bailes se tornaram uma tradição e perduraram durante décadas, dando origem aos concursos de fantasia, em que o luxo imperava.

As máscaras na história
As máscaras são elementos importantes da história da cultura brasileira, tanto na representação popular do nosso carnaval como no resgate de outras culturas. Elas sempre exerceram uma atração especial no ser humano e representam tradições culturais que retratam os homens que as fizeram e usaram. De forma particular, elas preservam superstições, crenças, tradições e muita beleza, guardadas em cada forma e molde.

As máscaras são elementos importantes da história da cultura brasileira, tanto na representação popular do nosso carnaval como no resgate de outras culturas (Foto: Divulgação)

A máscara não é um objeto específico do carnaval, sua origem está ligada à religiosidade. Na África, por exemplo, mesmo nos dias atuais, ela ainda conserva sentido primordial de manifestar divindades e transmitir ao seu portador todo o seu poder. O teatro também as adota com várias finalidades. No teatro grego e romano, por exemplo, ela é reconhecida como uma das formas de facilitar que o público identificasse os personagens nas cenas.

Na pré-história, as máscaras eram pinturas feitas nos rostos, usadas como forma de representar deuses e forças maiores que as dos homens. Naquela época, um homem, ao colocar a máscara, recebia as forças nela contida, que o ajudavam a caçar, a curar doenças, entre outras habilidades. Mais tarde, na China, a crença era de que elas ajudavam a afastar os maus espíritos e também tinham o poder de cura.

No Brasil, de um modo geral, a cultura das máscaras se estendia por todos os grupos indígenas. Porém, esse costume só se tornou notório no século XVII, através do carnaval brasileiro. O uso de máscaras se propagou e tornou-se ainda mais popular, depois da realização do primeiro Baile de Máscaras, em 1840, no Hotel Itália, no Rio de Janeiro.

Endereço e outras informações
Forum da Cultura: Rua Santo Antônio, 1112 – Centro – Juiz de Fora
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E-mail: forumdacultura@ufjf.br
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Telefone: (32) 2102-6306