Cenas urbanas foram captadas pelo artista ao flanar pela cidade (Foto: Fabiano Moreira)

O Forum da Cultura recebe na próxima quarta-feira, 5, o lançamento da exposição multimídia “Vai, caminhante”, do jornalista Fabiano Moreira. O projeto multidisciplinar tem formato híbrido de livro de artista, álbum de figurinhas autocolantes, jogos educativos de imaginação e trilha sonora sobre o caminhar, tudo a partir de fotografias de celular feitas pelo autor entre 2020 e 2023. As caminhadas ajudaram Moreira em seu tratamento para parar de fumar e serviram como inspiração para o projeto, que tem como curador o professor do Departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcos Olender.

A iniciativa ainda inclui tabuleiro com quatro sugestões de jogos de imaginação criados pela arte-educadora Nathalia Serra, projeção das fotos ao som de trilha sonora de mais de 4h com músicas que falam sobre caminhar, andar, seguir em frente, tudo em corrente projeto de financiamento na plataforma Evoé. No Forum da Cultura, serão projetadas as mais de 140 imagens selecionadas pela curadoria, com a disponibilidade da trilha, por QR code, para o visitante acessar de seu aparelho celular.

Na noite de abertura, também acontecerá um bate-papo com o autor da obra, Fabiano Moreira, e o professor Marcos Olender em torno do livro e de questões relativas à flânerie – hábito de caminhar e observar, a vida urbana, patrimônio histórico, arte de rua e atividade física. O evento, gratuito e aberto ao público em geral, ocorre a partir das 18h30. A exposição fica em cartaz até o dia 28 de fevereiro. Os visitantes do Forum da Cultura poderão conferir, na sala de vídeo do espaço, materiais visuais relativos à obra, como vídeos com explicações do autor, fotografias, matérias jornalísticas, além da trilha sonora sobre caminhadas.

A ideia do livro de artista é que cada exemplar seja uma obra de arte. Por isso, o álbum, uma espécie de mapa dobrável, terá imagens do Coletivo Agrupa, de estudantes e professores de arte da UFJF, recriando mosaicos e murais característicos de Juiz de Fora, como os de Portinari, Di Cavalcanti e Guima. Esses mosaicos foram produzidos em rede, durante a pandemia, período no qual foram capturadas a maioria das fotos do livro, entre 2020 e 2023. “Vai, caminhante” é o desdobramento de uma primeira edição artesanal, homônima, publicada, em julho de 2022, pela Sala da Casa, com edição da jornalista Mariana Bretas e projeto da arte-educadora Nathalia Serra. A arte do livro e das projeções em cartaz é de Ricardo Lima.

“Quando a Mariana disse que queria publicar um livro com as minhas fotos, eu me espantei. Eu estava só caminhando e lambendo as minhas feridas, tinha adoecido, e a caminhada fazia parte do meu processo de cura e também de parar de fumar. Quando fui salvar as fotos, vi o tamanho do projeto e de como estava contando histórias urbanas com estas imagens, que falam muito sobre mim, mas também sobre todos nós”, conta o autor. “O livro ordenava algumas das minhas fotos da vida urbana de Juiz de Fora. Tracei várias rotas com 1h30 de duração, a partir da minha casa, no Bonfim, rumo ao Poço Rico, à Rodoviária, ao Mariano Procópio, Vitorino Braga, Granbery, Alto dos Passos, Bom Pastor”, continua.

 Financiamento coletivo

Concomitantemente ao lançamento da obra, o jornalista também lançou uma campanha de crowdfunding (financiamento coletivo), na plataforma Evoé, para a publicação de uma tiragem de mil livros, sendo que 400 deles serão doados. Serão doados 350 livros a crianças, jovens e adultos que frequentam cursos de artes no Centro Cultural Dnar Rocha, da Prefeitura de Juiz de Fora, e mais 50 livros a usuários do Serviço de Controle, Prevenção e Tratamento do Tabagismo (Secopt) da Secretaria Municipal de Saúde, no Pam-Marechal, onde o autor fez seu tratamento para parar de fumar, ponto de partida do projeto. A caminhada foi indicada no tratamento. “Parei de fumar apoiado pelo hábito de caminhar, enquanto me perco e me encontro, em uma caminhada meio filosófica pela cidade. Essas caminhadas foram fundamentais também no processo de enfrentamento da pandemia”, conta o jornalista.

Por dentro da obra

As imagens presentes no trabalho foram divididas por editorias, embaralhadas nos pacotes de figurinhas e reagrupadas nessas categorias no álbum plano de figurinhas, “Juiz de fora mon amour”, com o patrimônio histórico tombado: “#jufascasas”, com as casas da afetividade que celebram a ideia de uma vida horizontal; “A rua fala”, com pequenos textos na cidade e também imagens que falam por si; “Arte de Rua”, com grafites, lambe-lambes e pixações; “Artistas” com quem o autor esbarrou em suas andanças; “De rolê”, com dicas de passeios e programas pela cidade; “Paisagens” e  “O Flâneur”, com registros que sugerem a presença do jornalista, sempre de forma enigmática, como um observador.

As cem imagens já foram selecionadas pelo curador do livro, Marcos Olender, que foi professor do autor, na UFJF, em 1993, quando apresentou a figura do flâneur, motivo da conexão afetiva com o projeto. Flâneur significa “errante”, “vadio”, “caminhante” ou “observador”, sendo flânerie o ato de passear. O flâneur era, antes de tudo, um tipo literário do século 19, na França. Foi Walter Benjamin, baseando-se na poesia de Charles Baudelaire, que fez dessa figura um objeto de interesse acadêmico no século XX, como um emblemático arquétipo da experiência moderna. Além dessa conexão, Olender também é um conhecido defensor do patrimônio histórico e arquitetônico da cidade.

A arte-educadora Nathalia Serra ficou por conta da criação de quatro jogos educativos para serem jogados com o livro: “Jogo das memórias”, “Conte uma história”, “Conquiste um tema” e “Este jogo também é um mapa”, com uma caça aos pontos fotografados.

 Mais sobre Fabiano Moreira

Jornalista formado pela UFJF em 1997, já passou pelas redações de O Globo (colunas TransCultura e Gente Boa), Tribuna de Minas, Mix Brasil e RG, trabalhou em marketing de moda e também fez assessoria de imprensa para marcas de moda e artistas de música. Atualmente, alimenta a página “Sexta Sei”, no Baixo Centro, e a coluna Playlist, com lançamentos musicais da comunidade LGBTQIA+ na Revista Híbrida.

Ganhou dois prêmios nacionais de jornalismo, na área de meio ambiente, concedidos pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe). Nos anos 90, editou o fanzine Bat Macumba. Durante sete anos, produziu a festa Bootie Rio, que viajou por todo o Brasil, melhor festa carioca pela Época em 2012 e festa oficial do aniversário de 60 anos de Lulu Santos.

Em 2022, publicou o livro de artista “Vai, caminhante”, pela Sala da Casa. Participou da equipe de pesquisa para a reedição do livro Babado Forte, de Erika Palomino, em 2023.

Forum da Cultura

Instalado em um casarão centenário, na rua Santo Antônio, 1112, Centro, o Forum da Cultura é o espaço cultural mais antigo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Em atividade há mais de cinco décadas, leva à comunidade diversos segmentos de manifestações artísticas, abrindo-se a artistas iniciantes e consagrados para que divulguem seus trabalhos.

 Endereço e outras informações

Forum da Cultura

Rua Santo Antônio, 1112 – Centro – Juiz de Fora

www.ufjf.edu.br/forumdacultura

E-mail: forumdacultura@ufjf.br

Instagram: @forumdaculturaufjf

Telefone: (32) 2102-6306

Abertura no dia 5, às 18h30, com bate-papo entre o jornalista Fabiano Moreira e o curador do livro, Marcos Olender

Mostra

De 5 a 28 de fevereiro, de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h, até o dia 7, e das 10h às 19h, até 28 de fevereiro