Foi difícil conter a emoção. Afinal, seis anos depois de enterrarem as mensagens no jardim do Colégio, chegou o momento de revisitar o passado e resgatar os textos, emoções e desenhos que registraram o que cada um pensava sobre o mundo em 2018. Os dispositivos feitos de material plástico resistiram bem à ação do tempo, as mensagens nem tanto, mas as cópias digitais arquivadas pela professora Fabiana Rodrigues ajudaram na conclusão da atividade, que nasceu de uma situação real de sala de aula.
Fabiana explica que os alunos das turmas de sexto ano demonstraram uma estranheza em relação às pinturas rupestres, durante uma aula de História. Para alguns, as imagens pareciam não ter um significado aparente e, com isso, eles foram estimulados a refletir sobre as diferentes marcas humanas, 0do passado ou do presente. De acordo com a professora, era preciso entender que as mensagens traziam importantes informações sobre modo de viver em diferentes contextos; por isso a ideia de contrapor as pinturas aos emojis muito utilizados no dia a dia, que foram depositados nas cápsulas.
Fabiana destaca a importância de se educar para a sensibilidade histórica e de estimular a percepção da condição humana na relação com o nosso tempo. “O tempo que nós marcamos é o tempo da era digital. A partir das cápsulas do tempo e dos emojis, nós fomos capazes de mais do que indagar o passado de uma pintura rupestre, de indagar questões do tempo presente e das marcas que queremos deixar para o futuro”.
O projeto recebeu o prêmio Dea Fenelon, da Associação Nacional de História em 2020, pela atuação de professores e professoras em escolas públicas de todo o país. A professora Margareth Pereira, diretora de ensino na época em que as cápsulas foram enterradas destaca a sensibilidade da docente em propor a atividade a partir de um problema identificado em sala de aula, que culminou com mais uma oportunidade de aprendizado para os alunos. “É muito importante para o estudante esse momento de revisitar a memória, em relação aquele tempo e fazer uma análise a partir do hoje”.
As irmãs Karina e Helena Perantoni, prestes a terminar o Ensino Médio, lembraram do envolvimento que tiveram com o projeto, mostrando grande expectativa em rever as mensagens. “É nostálgico, todas as vezes que pensamos em nós, com 11, 12 anos. Esta escola nos construiu de uma forma muito bonita e nos fez enxergar o mundo de uma forma menos egocêntrica.”