Os estudos produzidos pela pesquisadora Elita Scio, do Instituto de Ciências Biológicas da UFJF, estão no primeiro episódio do IdPesquisa (Foto: arquivo pessoal)

Como as pesquisas científicas são conduzidas? Quais etapas envolvem um estudo? Quem são os pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e de que forma suas pesquisas impactam a sociedade? A partir desta segunda-feira, 9, a Diretoria de Imagem Institucional da UFJF lança o “IdPesquisa”, um novo programa dedicado a responder essas e outras perguntas.

Disponibilizado em formato audiovisual e podcast, cada episódio do programa conta com a participação de uma pesquisadora ou pesquisador da UFJF que compartilham informações sobre seus estudos e descobertas. O objetivo é explorar o universo da inovação e da ciência, aproximando a academia da sociedade e promovendo uma compreensão mais ampla da identidade dos pesquisadores e do trabalho realizado na Universidade.

O primeiro episódio – já disponível no canal da instituição no YouTube e no Spotify – tem foco no estudo químico e farmacológico de plantas bioativas, visando o aproveitamento de extratos vegetais bioativos no desenvolvimento de formulações fitoterápicas e/ou cosméticas, as quais resultam em patentes. A pesquisa é apresentada pela professora Elita Scio, do Departamento de Bioquímica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e coordenadora do Laboratório de Produtos Naturais Bioativos.

Do que se trata a pesquisa?

Elita é graduada em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1986), com mestrado em Agroquímica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e doutorado em Biologia Celular e Molecular, com ênfase em Química de Produtos Naturais, pela Fundação Oswaldo Cruz (2002). Durante seu doutorado, realizou estágio na University of Illinois at Chicago, nos Estados Unidos, por meio de uma bolsa Capes-Fulbright (2001). Seu trabalho é amplamente reconhecido na área de produtos naturais bioativos, especialmente no estudo de plantas com potencial para tratar diabetes, inflamações, envelhecimento da pele e outras condições de saúde.

“O que eu busco nessa vasta biodiversidade — já que o Brasil é o país com a maior diversidade biológica do planeta — são insumos ativos que possam ser utilizados na produção de fitoterápicos, cosméticos e ingredientes alimentares. O foco é justamente estudar as propriedades bioativas da biodiversidade”, explica Elita.

O trabalho da pesquisadora envolve um processo detalhado: desde a identificação de plantas, passando pelo estudo de suas propriedades químicas e biológicas, até a avaliação de seu potencial em modelos que simulam doenças humanas, como dermatite, ou que atendam a necessidades cosméticas, como clareamento de pele e ação antienvelhecimento.

Ora-pro-nóbis é usada em testes na pesquisa sobre dermatite (Foto: Vitor Ramos)

Um exemplo de destaque é a pesquisa com a planta Ora-pro-nóbis, uma Planta Alimentícia Não Convencionais (Panc), rica em proteínas e com diversas propriedades farmacológicas. Testes pré-clínicos em modelos de dermatite apresentaram resultados promissores, sugerindo que um fitoterápico desenvolvido a partir dessa planta pode aliviar os sintomas da doença. “Os resultados foram muito positivos. Conseguimos reduzir os sintomas da dermatite, o que já é um avanço significativo, considerando que a doença não tem cura”, comenta Elita.

Sua pesquisa é apoiada por uma “extratoteca” com mais de 200 extratos vegetais, permitindo a seleção das plantas mais promissoras para estudos futuros. A coleção faz parte do Laboratório de Produtos Naturais Bioativos (LPNB), localizado no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFJF. “Criamos essa extratoteca para investigar a composição química e as atividades biológicas das plantas. O objetivo é validar cientificamente o que a sabedoria popular já utiliza e, ao mesmo tempo, descobrir novos usos para essas espécies.”

Reconhecimento de inovação

Desde 2002, o LPNB tem explorado o potencial dos recursos naturais do Brasil, focando na avaliação das propriedades biológicas e farmacológicas de produtos naturais, com ênfase em plantas medicinais. O laboratório, que conta com a participação de alunos de divulgação científica e pós-graduação, também se envolve em eventos de inovação.

Elita Schio orienta diversas pesquisas com alunos de mestrado e doutorado no Laboratório de Produtos Naturais Bioativos (Foto: Vitor Ramos)

Um dos reconhecimentos mais recentes ocorreu em 2023, no BioStartupLab 7, evento promovido pela Biominas Brasil. Alunos da pós-graduação do LPNB desenvolveram o anti-inflamatório natural para dermatite chamado “Inflativ”, que conquistou o primeiro lugar na competição, concorrendo com mais de 80 empresas.

De acordo com a professora Elita, essas premiações e a participação em eventos incentivam, inclusive, a criação de startups, como a Nativa e a Fitofit, fundadas por ex-alunos do laboratório, que visam levar inovações científicas ao mercado. “É muito gratificante ver ex-alunos transformando o conhecimento adquirido em startups que realmente podem fazer a diferença”, ressalta a pesquisadora.

Além de assistir o Id Pesquisa pelo canal do YouTube, você pode ouvir o episódio pelo Spotify.

Outras informações:
Laboratório de Produtos Naturais Bioativos – (32) 2102-3217/3208