Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio de atividades curriculares da graduação, estágio e projetos de extensão da UFJF em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) promovem atendimentos para cerca de 200 mil pessoas em 17 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município na Atenção Primária à Saúde.

Em meio a essa parceria, estudantes que estão no Estágio em Atenção Primária em Saúde prestam atendimento ao público em conjunto com o programa Estratégia de Saúde da Família, do Ministério da Saúde, por um período de duas semanas.

Segundo Sandra Tibiriçá, no Estágio em Atenção Primária em Saúde, estudante pode “levar a promoção à saúde, prevenir doenças, trabalhar com processos de vacinação” (Foto: Carolina de Paula/UFJF)

Os alunos entram em contato direto com a comunidade, ao conhecerem as famílias que vivem nos territórios das UBSs. Assim, conseguem compreender o cenário de cada localidade. 

De acordo com a professora e supervisora do internato dos estudantes do 10º período da Faculdade de Medicina, Sandra Tibiriçá, existe a intenção de ampliar as atividades curriculares dos estudantes junto à comunidade externa. O objetivo é fazer com que os alunos fiquem mais integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

“A função do estudante não é só tratar o paciente. Mas também é levar a promoção à saúde, prevenir doenças, trabalhar com processos de vacinação, preventivo, uma série de ações típicas das ações primárias. É dessa forma que nós, docentes e estudantes da Faculdade de Medicina, estamos inseridos no sistema”, conta. 

Centenária é referência na comunidade

Uma das pessoas atendidas por estudantes e docentes da UFJF, por meio de uma UBS, é Maria Aparecida da Silva, de 100 anos, moradora do bairro Santos Dumont, na região oeste de Juiz de Fora. Na equipe da UBS do bairro estão professores, alunos e ex-alunos da UFJF.

A equipe que me trata muito bem e tem muito cuidado comigo”, conta Maria Aparecida (Foto: Carolina de Paula/UFJF)

Nascida em 1920, no distrito de São Sebastião do Barreado, em Santa Bárbara do Monte Verde, na Zona da Mata mineira, Dona Maria Aparecida só foi registrada em 1924. A idosa tem seis filhos, 40 netos, 53 bisnetos e 11 tataranetos. No último dia 24 de maio, a centenária recebeu uma festa de aniversário organizada por amigos, familiares e pela equipe de saúde da UBS do Santos Dumont. 

“A equipe que me trata muito bem e tem muito cuidado comigo. A professora Sandra, em especial, eu amo ela. Tem apenas três meses que ela cuida de mim e ela me trata com muita consideração”, conta Maria Aparecida. 

A idosa já teve uma série de ocupações, como lavadeira e salgadeira e se tornou uma referência em sua comunidade. Há alguns meses, ela sofreu uma fratura no fêmur, após ter uma queda dentro de casa. Maria Aparecida chegou a ficar internada e agora é atendida pela equipe de saúde, sem precisar se deslocar até a UBS. 

“Eu fiz os meus exames e, graças a Deus, está tudo certo. Não estou precisando mais tomar remédios, me alimento bem e durmo muito bem. O trabalho deles é excelente e não existe igual.”

Formação humanizada de profissionais de saúde

Maria Elisa (à direita), ao lado de Maria Aparecida: atendimento ao paciente como um todo e ao longo da vida (Foto: Carolina de Paula/UFJF

Médica da UBS do bairro Santos Dumont e ex-aluna da Faculdade de Medicina da UFJF, Maria Elisa Colen conheceu Maria Aparecida em 2013. Segundo Maria Elisa, “a gente cuida dela e de toda a família. Todos eles são pacientes da UBS. Ela é muito querida e trabalhadora mesmo com a idade avançada. É muito admirada pela força que ela tem.”

Essa aproximação entre paciente e trabalhadores da saúde é um diferencial da Medicina de Família. “A gente faz atendimento ao paciente como um todo e ao longo da vida dele em todos os aspectos. A gente conhece o ambiente que esse paciente vive e a família. Tudo isso acaba gerando uma relação muito próxima e isso só engrandece a gente.”

Para a professora Sandra, a experiência do atendimento humanizado de Medicina de Família e Comunidade enriquece a formação dos estudantes da UFJF. Ela aponta que esse médico em formação pode conhecer a realidade dos usuários das UBSs e contribuir com orientações a esses pacientes.

“Orientamos os familiares, por exemplo, sobre os riscos de queda desses pacientes idosos, orientamos também sobre alimentação a partir da realidade do sujeito. Isso é uma forma de a gente sair do mundo que a gente conhece e se aproximar do mundo em que essas pessoas vivem”, acredita. 

 Como aponta Sandra, a UFJF dá aos alunos a oportunidade de terem uma vivência diferente da Medicina, na comparação com a rotina de um hospital, por exemplo. Essa experiência contribui para que os estudantes tenham uma formação mais humanizada. 

“A UFJF contribui para a formação humanística do profissional de saúde, quando prevê, em seu currículo, essa formação dentro do SUS, considerando as necessidades de saúde da população. Com esse gesto, também fazemos uma devolução para a sociedade, o que é a responsabilidade social das instituições de ensino superior.”

Equipe da UBS Santos Dumont celebrou aniversário de Maria Aparecida (Foto: Carolina de Paula/UFJF)