O grupo de estudantes da universidade americana realizou visitas técnicas em ambientes aquáticos em Juiz de Fora e no Rio de Janeiro, entre eles, o Jardim Botânico e o Lago Manacás, da UFJF (Foto: Divulgação)

Estudantes da University of Baylor, do Texas (EUA), participaram de um curso prático e misto, com alunos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação da Natureza, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O grupo de estrangeiros realizou visitas técnicas em ambientes aquáticos nas cidades de Juiz de Fora e Rio de Janeiro, onde amostras de água foram recolhidas para ser analisados em laboratório possíveis efeitos efluentes ricos em nitrogênio para ativação de genes de produção de toxinas de cianobactérias. As análises foram realizadas no Laboratório de Qualidade Ambiental, vinculado ao Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFJF. 

Entre os dias 3 e 9 de janeiro, 11 estudantes estiveram no Brasil, acompanhados pelos professores associados do Departamento de Biologia da universidade americana, Thad Scott e Jacquelyn Duke. Além deles, oito alunos do Programa de Pós-Graduação da UFJF participaram das atividades coordenadas pelos professores André Amado, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, e Simone Cardoso, do Departamento de Zoologia. 

Amostras de água foram recolhidas para ser analisados em laboratório possíveis efeitos efluentes ricos em nitrogênio para ativação de genes de produção de toxinas de cianobactérias.(Foto: Divulgação)

Os experimentos servem para estudar mecanismos ambientais que façam as cianobactérias produzirem essas toxinas. As amostras coletadas são submetidas a condições especiais em laboratório para esse estudo e, posteriormente, são realizadas análises químicas e moleculares. Os resultados da pesquisa devem ser concluídos em até um ano e publicados em artigo científico produzido pelos pesquisadores participantes.

Cianobactérias
De acordo com o professor do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação da Natureza da UFJF, André Amado, as cianobactérias são microrganismos muito antigos na escala evolutiva dos seres vivos, estando entre os primeiros a fazerem fotossíntese que surgiram no planeta. Esses organismos ocorrem naturalmente em ambientes aquáticos, como lagos, reservatórios, rios e mares. 

Porém, alguns conseguem se multiplicar com muita facilidade em ambientes que sofrem com poluição. Além disso, uma parte é capaz de produzir toxinas como mecanismos de defesa contra predadores e, assim, prejudica a qualidade da água para o consumo.

Locais
Locais como o Lago Manacás e o Jardim Botânico, ambos da UFJF, foram visitados pelos estudantes, além de pontos como a represa de São Pedro, Parque da Lajinha, Museu Mariano Procópio e a Lagoa de Juturnaíba, no Rio de Janeiro. 

Segundo Amado, as parcerias com universidades estrangeiras são fundamentais para  o incremento na qualidade e quantidade de produção científica e para o crescimento dos estudantes na interação com pesquisadores estrangeiros. Além disso possibilitam mais acesso às tecnologias analíticas que ainda são raras e caras, como o metagenoma.

“São beneficiados também intercâmbios entre pesquisadores e estudantes de pós-graduação. Por exemplo, a partir desta visita, já deveremos ter ao menos um estudante brasileiro tendo acesso ao programa de doutorado de Baylor nos próximos meses, assim como receberemos um estudante de mestrado no próximo ano.”

As amostras coletadas são submetidas a condições especiais em laboratório para o estudo de produção de toxinas e, posteriormente, são realizadas análises químicas e moleculares. (Foto: Divulgação)

Impressões
Para a estudante da University of Baylor, Ruth Deffenbaugh, participar da atividade no Brasil foi muito enriquecedor para a sua trajetória acadêmica. A parceria entre UFJF e Baylor apresentou, segundo ela, um espaço para os estudantes saírem de sua zona de conforto e se envolverem em projetos de pesquisa significativos e inteligentes internacionalmente, ampliando o escopo de pesquisas que podem ser realizadas e expondo os alunos à importante prática da comunicação e da diplomacia. “Para o lado da investigação científica, esta parceria cria oportunidades para discussões mais aprofundadas e significativas sobre projetos de investigação científica cujo âmbito pode ser limitado por restrições geográficas.” 

Amélia Mullis, também estudante da Baylor, ressalta que, com a pesquisa, é fácil se fixar nas normas e costumes de sua universidade ou laboratório, principalmente quando se estuda um tema de nicho, como as cianobactérias. “Gostei de ouvir as histórias e conselhos dos estudantes brasileiros em suas jornadas educacionais, e adorei rir e conhecê-los como pessoas. Essa viagem e a oportunidade de colaborar com professores e alunos da UFJF foi uma experiência incrível que jamais esquecerei.”