O Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ampliou as indicações clínicas de acesso aos imunobiológicos especiais. Isso aconteceu após a publicação da 6ª edição do Manual dos Crie, em setembro, documento idealizado pelo Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (DPNI/SVSA/MS).

Prédio do Hospital Universitário, referência em doenças raras

Crie fornece gratuitamente, pelo SUS, imunizantes indicados para determinadas patologias e condições de saúde específicas (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Os imunobiológicos especiais são vacinas administradas quando há indicação por determinadas condições de saúde. Não estão habitualmente no calendário vacinal, mas são vendidos pela rede privada. O diferencial, neste caso, é que um Crie fornece, gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), esses imunizantes que em geral estão indicados a pessoas com cardiopatias crônicas, asma persistente, de moderada a grave, doenças neurológicas incapacitantes, problemas crônicos no rim, no fígado e/ou no pulmão, anemia falciforme e paciente com HIV e AIDS, segundo explica Rodrigo Daniel de Souza, médico infectologista e chefe do Setor de Gestão da Qualidade do HU-UFJF. São 13 grupos de vacina disponíveis no Crie.

A novidade é que, nesta lista já pré-estabelecida, houve o aumento de tipos de indicação para determinado imunizante. A título de exemplo, a vacina pneumocócica 13 (contra pneumonia), até a quinta edição do Manual, estava disponível para quatro condições de saúde (pacientes convivendo com HIV ou AIDS, oncológicos, transplantados de órgãos sólidos e de células tronco hematopoéticas). Com a atualização, mais outros quatro grupos de indicações foram autorizados: asplenia (ausência do baço) anatômica ou funcional; imunodeficiências primárias (patologias que atingem o sistema imunológico); fibrose cística (doença que afeta a produção de muco dos pulmões); fístula liquórica e derivação ventrículo peritoneal (drenagem do líquido cerebral).

Outro caso expressivo foi com a vacina ACWY (meningocócica), agora autorizada para pacientes oncológicos e pessoas em uso de substâncias imunossupressoras. “A estratégia é conseguir atender pessoas que têm condições especiais, fazer com que tenham acesso ao imunobiológico”, reflete Souza. As vacinas e os critérios para sua aplicação podem ser conferidos no manual, acessível aqui.

A paciente Heloísa Reis, de 66 anos, recebeu, pela primeira vez no Crie, duas vacinas indicadas pelo seu acompanhamento médico. Ela tomou a pneumocócica 13 e a Haemophilus influenzae tipo b (contra a bactéria de mesmo nome que pode causar doenças respiratórias ou em outros órgãos, como no coração). “Eu fui muito bem acolhida, elas me deixaram bem à vontade. Com certeza, se tiver alguém que precise, eu vou falar.”

Acesso
O paciente que precisa receber a vacina deve comparecer ao Crie, levando documento de identificação com foto, cartão de vacina e solicitação médica, feita via formulário específico, ou pelo receituário do próprio especialista, caso não tenha acesso ao modelo. Esse receituário pode ser prescrito por um profissional da rede privada ou pública, que deve estar atento às proposições do manual, sinalizando para qual condição a vacina é indicada.

Crie
Desde 2013 em funcionamento no HU-UFJF, o Crie possibilita acesso ao imunizante diretamente para o usuário que atenda aos pré-requisitos, mas também para as unidades de saúde de Juiz de Fora e municípios vizinhos. A solicitação para os estabelecimentos de saúde é feita por e-mail (crie.hu-ufjf@ebserh.gov.br), seguida da avaliação e agendamento para retirada.

Ebserh
O HU-UFJF faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.