Os impactos da alimentação sobre o funcionamento do intestino e os reflexos da atividade desse órgão sobre o bem-estar geral do organismo foram temas da palestra “Saúde do segundo cérebro e os impactos na saúde global”, realizada nesta quarta-feira, 25, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A atividade integra a programação da Semana do Servidor, que segue até sexta, 27. A conferência foi ministrada pela professora Ana Vládia Bandeira Moreira, do Departamento de Nutrição da UFJF.
A docente explicou a relação entre intestino e cérebro. Segundo ela, o intestino tem um papel de comando sobre os sistemas nervoso e endócrino. Por isso, são importantes os cuidados com a alimentação – com nutrientes para o cérebro, como Ômega 3, óleos essenciais, vitaminas e glicose. Quando o intestino não funciona bem, segundo estudos indicados pela professora, existe uma maior prevalência de doenças metabólicas (como diabetes e hipertensão), mas também nervosas e emocionais, como depressão e ansiedade.
“Quando as fezes estão mais quebradiças e ressecadas e é preciso maior esforço físico para evacuar, é sinal de que o intestino não anda bem. Pode estar faltando água, ou a pessoa não ingere alimentos que são fontes de fibras, como frutas e verduras. Quando o intestino está muito solto, também é sinal de algum problema. Esses extremos inflamam o nosso intestino e deixam um impacto no nosso primeiro cérebro, afetando a cognição e a memória”, afirma Ana Vládia.
Segundo a pesquisadora, escolhas alimentares atuais – refeições rápidas, com alimentos ultraprocessados e repletos de aditivos – estão prejudicando o bom funcionamento do intestino e deixam o organismo mais frágil. Outra questão abordada na palestra foi o impacto de estresse, raiva e ansiedade sobre o funcionamento do intestino. Ana Vládia aponta que se a pessoa convive com esses sentimentos de uma forma não controlada, pode aumentar a produção de cortisol, o hormônio do estresse – o que pode gerar um quadro de Síndrome da Permeabilidade Intestinal.
“Esse quadro prejudica a absorção de nutrientes. Uma coisa afeta a outra: o funcionamento do intestino afeta o cérebro e a forma de nos comportamos também impacta em uma digestão mais eficiente, com melhor aproveitamento.” Para a docente, um caminho para uma alimentação mais saudável está no hábito de cozinhar. Além da autonomia ao processar o alimento em casa, cozinhar faz bem para a nutrição do corpo e da mente. “Você agrega aromas, pessoas, se permite fazer combinações de sabores e texturas. E podemos aprender técnicas culinárias corretas, para um maior benefício à saúde – por exemplo, ‘eu sei que, se eu colocar esse temperinho nesse momento, vai aumentar a capacidade antioxidante do alimento’”, avalia.
Receita de sal com propriedades especiais
Após a palestra, a professora ministrou oficina de produção do Sal de Ervas. A receita foi desenvolvida pela docente em meio ao seu curso de mestrado em Ciências dos Alimentos, na Universidade de São Paulo (USP), mesma instituição em que fez o doutorado. O Sal de Ervas é uma opção de tempero que reúne sal de cozinha junto a três especiarias: alecrim, que tem ação antiinflamatória; orégano – um antioxidante; e manjericão, que é antimicrobiano. Os ingredientes (desidratados) são unidos em proporções iguais e batidos no liquidificador. Depois, basta peneirar.
“O Sal de Ervas ajuda a conservar preparações e aumenta o tempo de prateleira de produtos de panificação na temperatura ambiente, por ter ação antifúngica. Esse sal foi idealizado há mais de 20 anos, em meio à criação de blends (misturas), com a intenção de melhorar o controle da glicemia e do colesterol”, conta Ana Vládia.
Confira a programação completa da Semana do Servidor da UFJF 2023.