Uma encomenda incomum e que significa muito para pesquisas na área da Zoologia: uma coleção de cerca de 200 répteis acabam de chegar à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Vindos do campus de Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV), os animais – em sua maioria lagartos – foram coletados em atividades de pesquisa realizadas, principalmente, na Mata Atlântica do Parque Estadual do Rio Doce e no Parque Estadual Alto Cariri (leste e norte de Minas Gerais, respectivamente).
O professor Henrique Costa, chefe do Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFJF, é um dos dois especialistas em taxonomia de répteis nas universidades federais de Minas Gerais. “A ampliação da coleção dá visibilidade para a UFJF no cenário científico e é importante para fornecer material para futuras pesquisas em níveis de graduação e pós-graduação sobre a biodiversidade brasileira.”
Os 200 répteis passam a integrar a coleção científica de répteis da UFJF. Costa adianta que o novo material permitirá a correta identificação das espécies e o treinamento de estudantes em taxonomia de répteis e em curadoria de coleções zoológicas. Há, ainda, a possibilidade de que, com pesquisas futuras, duas novas espécies sejam confirmadas no acervo da Universidade.
“Nós recebemos um lote importante de exemplares da Mata Atlântica do nordeste de Minas Gerais. Pode ser que haja espécies ali que são conhecidas para o Espírito Santo ou a Bahia, mas que não possuem registro oficial de sua presença em nosso estado”, diz Costa. O chefe do Departamento de Zoologia reforça que o material foi cedido pelo professor Felipe Leite, da UFV, também sob a condição de usá-lo “para estudos científicos que descrevam a diversidade da fauna de répteis” do município de Florestal (região metropolitana de Belo Horizonte), do Parque Estadual do Rio Doce e da Mata Atlântica do sudeste mineiro.
Coleção da UFJF é uma “biblioteca de biodiversidade”
A coleção de répteis da UFJF foi criada pela professora Bernadete Maria de Sousa há 23 anos e, hoje, já possui cerca de 2.400 exemplares preservados e armazenados com seus dados associados, indicando onde, quando e por quem foram coletados. Entretanto, a “pouca” idade da coletânea não significa que todos os exemplares também sejam desse milênio: duas jararacas, da espécie Bothrops jararaca, foram coletadas por um senhor de nome Aloísio Ladeira, em Juiz de Fora, em 1974.
Além das duas cobras, a coleção é formada por teiús, sucuris, cobras corais e outras espécies de lagartos, anfisbenas, serpentes, jacarés, tartarugas e até ovos e fetos dos répteis. Tudo de todos os tamanhos, cores e localidades possíveis; ainda que sejam, em sua maioria, de Juiz de Fora e do Campo das Vertentes, parte dos exemplares foi coletada nas mais variadas regiões do Brasil – como Pantanal, Chaco do Mato Grosso do Sul, Mata Atlântica do sul da Bahia, Serra do Espinhaço de Minas Gerais, Cerrado de Goiás, Floresta Amazônica, São Paulo, Amapá e Rio de Janeiro.
O acervo é voltado para enriquecer diversas pesquisas em Zoologia, o que impossibilita que seja aberto ao público. No momento, ele já é utilizado para atividades científicas e estudos sobre anatomia, dieta, distribuição geográfica e inventários de espécies. “Inclusive, o que se sabe sobre a fauna de répteis de Juiz de Fora, a base para pesquisas científicas e especialmente para estudos de licenciamento ambiental no município, se deve a um estudo da professora Bernadete, publicado em 2012, a partir do acervo da nossa coleção”, relembra o pesquisador Henrique Costa.
Pesquisas estão alinhadas aos ODS da ONU
As ações de pesquisa da UFJF estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Os estudos conduzidos por meio da coleção de répteis se alinham aos ODS 4 (Educação de Qualidade), 14 (Vida na água) e 15 (Vida terrestre).
Confira a lista completa no site da ONU.
Outras informações:
Coleção de Répteis da Universidade Federal de Juiz de Fora