A Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou na última terça-feira, 12, a Oficina de Verificação das Autodeclarações Raciais durante o curso de formação para membros das bancas e comissão de heteroidentificação. O curso “A Política de Ações Afirmativas: cotas raciais e heteroidentificação” é uma das diversas ações com o objetivo de avançar nos desafios relacionados às relações étnico-raciais na Universidade.
A oficina faz parte do 5º módulo do curso, que de acordo com o diretor de Ações Afirmativas, professor Julvan Moreira, funciona como forma de aprimoramento do trabalho com os membros da banca durante o processo de heteroidentificação dos estudantes. Como atividade, foi proposta a seguinte dinâmica: “Passamos para eles fotografias de deputados e deputadas eleitas no último ano. Em uma ficha, os membros da banca marcaram se aquele parlamentar é branco, preto, pardo, indigena ou amarelo. Após o exercício, nós conferimos no site do STF as autodeclarações dessas autoridades, gerando um debate sobre isso.”
Ainda de acordo com Moreira, a discussão promovida pela atividade faz com o que os membros possuam um olhar mais crítico sobre o tema. “Isso aperfeiçoa a nossa metodologia garantindo que mais estudantes negros entrem na Universidade, além é claro dos servidores concursados.”
Para a membro da banca Dina Oliveira, a oficina trouxe, na prática, o quanto é complexo e desafiante o processo de heteroidentificação, além de agregar novos conhecimentos aos participantes. Segundo a colega Érica Fernanda, a oficina conseguiu promover um treinamento do olhar e de como as pessoas enxergam a si mesmas. “As bancas de heteroidentificação são formas de justiça para a entrada de pessoas negras e pardas na Universidade. É uma forma de certificar essa justiça.”
A oficina também acontece em Governador Valadares, no dia 14 de setembro.
O que é a banca de heteroidentificação?
O início da política de cotas na UFJF começou no ano de 2004, mas a reivindicação para que o processo incluísse as bancas e comissão de heteroidentificação se deu a partir de 2018, quando a Universidade recebeu denúncias de fraudes no sistema de cotas raciais. No ano seguinte, a banca foi implementada e, por meio delas, é analisada a condição etnico-racial do candidato a uma vaga na Universidade durante o processo de matrícula. A banca é formada por professores, técnico-administrativos em Educação (TAEs) e alunos da pós-graduação da UFJF. Os cursos de formação para os membros das bancas e da comissão de heteroidentificação da UFJF, como a Oficina de Verificação das Autodeclarações, visam aperfeiçoar o processo, garantindo o funcionamento das cotas e fortalecendo a presença de pessoas negras dentro da instituição.