“Quem pode me dar um exemplo de onde a química está no seu dia a dia?”. Essa foi a primeira provocação feita pelo pesquisador Marcone de Oliveira para um grupo de alunos que é diferente do que ele esta acostumado a lidar todos os dias, no Departamento de Química da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). No fim de setembro, o projeto de extensão da “A Ciência que Fazemos” levou Oliveira para conversar com os alunos do Ensino Médio na Escola Estadual Professor José Saint Clair M. Alves.
Ao longo do encontro, os estudantes foram instigados a pensar em locais, objetos e momentos nos quais a química desempenha um papel fundamental em suas vidas. Um a um, os alunos mencionaram a água que consomem, os dispositivos celulares que utilizam, os exercícios físicos que praticam, os medicamentos que tomam, as vacinas que recebem e até mesmo os cabelos coloridos. A medida em que explicava, de forma acessível, cada um desses exemplos, o pesquisador frisou: não tem como existir vida sem a química.
Partindo dessa conversa inicial, Oliveira explorou reações e elementos químicos e instigou o interesse dos alunos pela ciência. “Gostei muito da conversa e até quero ter algumas aulas com o professor Marcone futuramente”, contou o estudante Luan Pereira, do 3º ano. A professora de História, Emilla Garcia, acredita que o projeto de extensão cria pontes entre o conhecimento e o ensino, gerando vínculos com a comunidade e impactando de forma positiva a vida dos alunos.
“É muito importante estabelecermos esse diálogo entre a universidade e as escolas de periferia para incentivar os alunos a entender que a UFJF está de portas abertas e que eles também têm a possibilidade de ter um ensino superior”, reforça Garcia. “Os estudantes podem vislumbrar um futuro que muitas vezes está muito além das oportunidades oferecidas dentro das condições socioeconômicas em que vivem.”
Já para Oliveira, o projeto “A Ciência que Fazemos” representa um privilégio. “A oportunidade de estar próximo aos estudantes, na minha opinião, é o que motiva o professor a continuar exercendo sua profissão.” O pesquisador defende que a infraestrutura por si só não é suficiente; motivar os alunos a frequentarem a faculdade é essencial para o seu crescimento. A conversa na escola Saint Clair se encerrou com um chamado aos alunos para que ingressem na universidade, com um lembrete de que a química não se faz sozinha: nós, humanos, é que somos os agentes.
Sobre o projeto
O projeto de extensão “A Ciência que Fazemos” é uma iniciativa da UFJF que visa promover a cidadania científica por meio de visitas de pesquisadores a escolas do ensino fundamental e médio em Juiz de Fora e região. Esses encontros ocorrem durante todo o ano nas escolas previamente cadastradas.
As apresentações dos professores e pesquisadores seguem o formato de conversas interativas, colocando a participação e a interação com os estudantes como elementos centrais. Essa abordagem acolhe as dúvidas de todos de uma maneira diferente do ambiente de uma aula tradicional, aproximando a figura do cientista da realidade dos alunos.
Para saber como fazer parte, basta entrar em contato pelo e-mail ciencia.comunicacao@ufjf.br ou pelo perfil @cienciaufjf no Instagram.