A colação de grau dos formandos do primeiro semestre letivo de 2023 da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) deve reunir mais de 800 estudantes de 52 cursos, nesta quarta e quinta-feira, no Cine-Theatro Central. A solenidade ainda abrange algumas graduações que participaram do semestre suplementar.  Entre os graduandos, estão duas pessoas com deficiência atendidas pelo Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI). Carolina Monteiro e Mariana Silva vão se formar no curso de Artes e Design. 

Carolina
Aos 25 anos, Carolina tem paralisia cerebral e não possui os movimentos abaixo do pescoço, mas tem todas as funções cognitivas preservadas. Suas condições não foram impeditivas para que ela ingressasse na UFJF. O amor pelas artes nasceu enquanto cursava o Ensino Médio. A aluna pedia para os colegas de sala que desenhassem para ela, além de fazer colagens com outras ilustrações que baixava da Internet. 

Após superar os desafios da graduação em Artes e Design, Carolina Monteiro já pensa no próximo passo: trabalhar com fotocolagem digital (Foto: Arquivo pessoal)

A estudante explica que possui acessibilidade digital de ampla autonomia, promovida por interfaces e aprimorada por ela mesma ao longo dos anos. “Durante o curso, encontrei pessoas que me ajudaram e fizeram toda a diferença, desde professores que se dispuseram a rever seu conteúdo pedagógico para adaptar seus métodos, incluindo assim não só a mim, mas a toda a turma, até amigos que sempre estiveram comigo quando eu precisei.”

Carolina relata os desafios superados enquanto cursava a graduação. Através do acompanhamento dos professores e dos bolsistas do NAI, pôde desenvolver, segundo ela, suas habilidades específicas em determinados instrumentos digitais que a auxiliaram em assuntos relacionados aos registros acadêmicos. “O NAI intermediou as relações com diretores, coordenadores e professores para atender às minhas necessidades, de acordo com o espaço físico e conteúdo de cada disciplina, oferecendo o suporte necessário a cada uma delas.”

O próximo passo após se formar é trabalhar com fotocolagem digital. Ela tem o sonho de trabalhar com arte e desenvolver o autoconhecimento. “Quero me aprimorar cada vez mais como artista, mas também quero dedicar meu tempo livre em atividades como aula de teatro, canto, natação. Também quero viajar e me dedicar um pouco mais a mim.”

Mariana

Mariana Silva, ao lado da mãe, quer se especializar e poder trabalhar na área de cinema (Foto: Arquivo Pessoal)

Com deficiência intelectual, Mariana ingressou na UFJF pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ela está realizando um sonho em se formar e demonstra gratidão a toda assistência recebida da instituição. “Eu não tive uma trajetória fácil durante a minha jornada dentro da faculdade. O curso exige muito da gente e eu tinha algumas dificuldades, principalmente com as aulas que necessitavam do uso do computador.”

Mariana ressalta o atendimento dado pelo NAI e também pelos professores, que prestaram total auxílio durante sua graduação. “Graças ao apoio dos meus pais, do NAI e dos professores, estou tendo a oportunidade de concluir o meu curso. Agora quero me especializar e poder trabalhar em cinema”, diz.

Passagens marcantes
De acordo com a coordenadora e pedagoga do NAI, Nádia Ferreira de Faria, as formandas marcaram – e muito – com suas histórias. Isto porque cada uma tem sua peculiaridade, além de terem necessidades diferentes a serem supridas. Dessa forma, o acompanhamento fica ainda mais próximo, trazendo assim, um apego com cada estudante que é atendido pelo Núcleo.

“Essas estudantes cresceram na Universidade junto com a criação do NAI. A gente acredita que, se não fosse o NAI, talvez elas teriam mais dificuldades para chegar até o final dessa graduação. O acompanhamento delas durante todo o curso foi uma crescente e foi muito bom poder participar disso.” 

De acordo com Nádia, a estrutura que o NAI oferece de acompanhamento e de suporte para a remoção de barreiras para pessoas com deficiência é importante para o crescimento profissional e pessoal de cada indivíduo que ingressa na UFJF. Ela enfatiza que, dentro da instituição, é necessário ter uma adaptação curricular, pedagógica e arquitetônica para que os alunos possam usufruir da melhor forma a graduação com os mesmos direitos que outras pessoas.

“Trabalhar no NAI é um prazer enorme. Temos uma equipe muito bem montada e capacitada. Trabalhar com estudantes com deficiência no ensino superior é totalmente diferente da inclusão no ensino básico. A gente pensa na formação profissional deste estudante e que eles estão caminhando para a vida em busca dos seus objetivos.”

NAI
O Núcleo de Apoio à Inclusão é vinculado à Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf) e trabalha na construção e implementação de políticas afirmativas para pessoas com deficiência, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Altas Habilidades e Superdotação nos cursos oferecidos pela UFJF. O NAI também atua na elaboração de políticas e práticas de apoio à acessibilidade e inclusão dos servidores técnico-administrativos em Educação e docentes com deficiência.

Novas datas de Colação
Estudantes de Medicina, Fisioterapia, Rádio, TV e Internet, e Jornalismo, do campus sede, ainda devem aguardar a divulgação da data da Colação de Grau desses cursos. Já em Governador Valadares, a previsão é que o evento aconteça em 29 de agosto. Exclusivamente, os estudantes dos cursos do Ensino a Distância (EaD) podem retirar os convites no dia da Colação de Grau ao chegarem ao Cine-Theatro Central.