Os pós-graduandos do Programa de Pós-Graduação em Física (PPGF), Anna Luísa Aguiar Silva e Gabriel Fabrício de Souza, foram selecionados para participarem da primeira edição do Curso de Fundamentos em Microscopia Eletrônica, realizado pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Operando quatro laboratórios nacionais, a instituição é o berço do projeto mais complexo da ciência brasileira – Sirius – uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. A tecnologia é utilizada no estudo de nanopartículas e aplicada em diversos setores da sociedade, desde a produção mais sustentável e eficiente de fertilizantes até o desenvolvimento de novos métodos para o tratamento do câncer.
A capacitação ocorrerá no Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), entre 24 e 26 de julho, em Campinas (SP). A seleção contou com a análise curricular de mais de 600 pesquisadores e pós-graduandos inscritos e a escolha de apenas 85 participantes, considerando os perfis que mais se alinhavam aos propósitos do Centro.
O objetivo é fornecer aos participantes conhecimentos fundamentais para que possam planejar e executar seus experimentos e interpretar os dados obtidos em suas análises. “A técnica a ser aprendida poderá ser aplicada em diferentes áreas do conhecimento, trazendo inovação para a UFJF como um todo”, afirma a orientadora dos pós-graduandos Zélia Ludwig, professora do Departamento de Física.
O conhecimento em microscopia eletrônica será importante para aperfeiçoar a busca por tecnologias que viabilizam a produção de energias renováveis, limpas e sustentáveis, visando a diminuição de impactos ambientais. Por isso, eles estão empenhados agora em conseguir apoio para garantir a participação no curso.
Energias renováveis
As pesquisas desenvolvidas por Gabriel e Anna estão relacionadas à conversão de energia solar em energia elétrica, por meio de células solares. Assim, eles buscam compreender como se comportam os materiais utilizados para fabricação dessa célula solar e o processo de síntese para replicação a longa escala, visando uma maior eficiência na conversão de energia, durabilidade e menores custos de produção.
Em outras palavras, isso significa que os pesquisadores investem esforços para encontrar fontes energéticas alternativas, para proporcionar uma energia mais acessível e limpa. “A seleção para o curso abre muitas portas, pois além de permitir que novas linhas de pesquisas sejam criadas também permite que as que já existem sejam consolidadas”, garante Zélia.
Para Gabriel, essa conquista significa muito: “Ser aprovado traz grande satisfação e empolgação na continuação dos estudos, pois oportunidades como essas são essenciais para a pesquisa científica e para o desenvolvimento dos estudantes de pós-graduação que futuramente serão os pesquisadores nacionais.”
Já para Anna, a sensação de ter sido escolhida é de gratidão pela oportunidade e pelos profissionais que a acompanharam ao longo da trajetória acadêmica. “Estou animada por poder ampliar ainda mais meus conhecimentos e habilidades na área da caracterização de matérias, que é minha grande paixão”, compartilha a doutoranda.
Apesar das oportunidades e de toda a dedicação destinada à pesquisa científica, Ludwig explica que a falta de investimentos ainda é uma realidade que dificulta a prática. “Estamos lutando muito para conseguir apoio financeiro para as passagens, diárias e inscrição. Esse incentivo é importante para que mais estudantes sintam vontade de participar dessas atividades”, ressalta a orientadora.
Nesse sentido, a professora defende o importante papel da Universidade, ao realizar a divulgação científica, a abertura de editais de manutenção e os estímulos financeiros, que são essenciais para participação de outros alunos e pesquisadores em treinamentos nos grandes centros de pesquisa nacionais e internacionais.
A trajetória
Diante de grandes conquistas como essa, é inevitável olhar para o passado e resgatar a lembrança de como tudo começou. “Lembro que sempre brincava de ‘escolinha’ e era muito curioso a respeito daquilo que não compreendia. A inquietação a respeito de como ocorrem os fenômenos naturais e a necessidade de entender sobre a estrutura e funcionamento das coisas que estão à nossa volta fez com que eu seguisse esse caminho. Nunca imaginei fazer outra coisa”, diz Gabriel ao recordar os motivos que o levaram a escolher a Física e seguir a carreira acadêmica.
Os seus horizontes foram ampliados, pela primeira vez, no ensino médio, quando uma professora de Português e Inglês o incentivou a se dedicar aos estudos universitários. A partir daí, o doutorando enfrentou alguns desafios pelo caminho. “Venho de uma realidade em que os recursos financeiros eram restritos. Poder estudar em uma universidade era uma realidade muito distante, porque meus familiares sequer puderam terminar a escolarização”, reflete.
No caso de Anna não foi diferente: “Eu devo muito aos meus familiares por tudo o que eu consegui conquistar até hoje. Sempre recebi o apoio necessário para alcançar meus objetivos”. Se para muitos a Física é vilã, para outros é ela quem dá sentido ao mundo em que vivemos. “Essa ciência descreve a natureza através da Matemática, por isso, desde criança, eu me identifico com as Exatas. Mas apesar desse fascínio pelos números desde cedo, foi no ensino médio que meus professores despertaram minha paixão pela Física”, relata.
Pesquisa está alinhada aos ODS da ONU
As ações de pesquisa da UFJF estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). As pesquisas citadas nesta matéria se alinham aos ODS 7 (Energia Limpa e Acessível) e 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis).