O aluno Caio Quintana, do terceiro período do curso de Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é um dos integrantes da equipe vencedora do German-Brazilian EdTech Hackathon. A iniciativa premia soluções tecnológicas para desafios locais e globais na educação. Outros cinco estudantes, estes da Universidade de São Paulo (USP), formam o grupo, que desenvolveu um aplicativo para o ensino de línguas de sinais estrangeiras. O evento, realizado no final de maio, em São Paulo (SP), contou com 25 finalistas selecionados entre mais de 200 inscrições. 

Aluno do curso de Design, Caio Quintana (de vermelho), formou grupo vencedor com estudantes da USP (Foto: Ricson Onodera)

Os estudantes foram divididos em grupos e tiveram que desenvolver propostas inovadoras. Segundo Quintana, a ideia do aplicativo é facilitar a interação por chat e vídeo entre pessoas de diferentes países para romper barreiras de acessibilidade e possibilitar oportunidades de intercâmbio, estudo e trabalho à comunidade surda. Atualmente há uma barreira entre as interfaces das línguas de sinais, que se repete em muitos países do mundo. O aplicativo pretende levar de forma gratuita aulas online para a comunidade surda. Desta forma, um falante da Língua Brasileira de Sinais (Libras) pode aprender uma nova língua de sinais de forma simples, abrindo portas para intercâmbios e oportunidades de trabalho, a partir desta independência para se comunicar. 

“Se, por exemplo, alguém que sabe Libras deseja hoje estudar na Alemanha, terá que aprender a usar a Língua Gestual Alemã (DGS). Mas os materiais estão disponíveis somente em alemão, ou seja, a pessoa precisaria aprender alemão para aprender DSG, sempre necessitando um língua intermédia, se repetindo para a ampla gama de línguas gestuais nacionais, como inglesa (BSL), americana (ASL), francesa (LSF), espanhola (LSE), finlandesa e japonesa (JSL), portuguesa (LGP), e russa (RSL), entre tantas outras.” Batizado como “Signlink”, o aplicativo possui maior acessibilidade e possibilidade de aprendizado em diferentes línguas de sinais. 

O estudante também explica que além das intensas pesquisas com a comunidade surda e planejamento de modelo de negócios, o uso de ferramentas de mapeamento da plataforma e a força de vontade foram as responsáveis pelo destaque da proposta apresentada na Hackathon.

Diferencial
De acordo com a coordenadora do curso de Design da UFJF, Lia Benatti, o  evento equipara o curso de Design e a UFJF a instituições renomadas, com mais tradição na área. “Nosso curso é relativamente recente, se comparado a outras instituições. Estamos muito felizes em ter este tipo de retorno. Além do desenvolvimento de produtos e peças gráficas, nossos alunos têm acesso a conteúdos que se relacionam ao empreendedorismo, modelos de negócios inovadores e viáveis. É muito significativo este resultado.” 

A professora reforça a importância do Programa de Universalização (PU) de Língua Estrangeira dentro da UFJF, já que o evento foi todo apresentado em inglês. “No curso de Design, os estudantes têm que cumprir 12 créditos de línguas através do PU. Isso foi um diferencial fundamental. Nos últimos anos temos tido muita restrição orçamentária para a internacionalização da Universidade, em especial pela falta de bolsas de intercâmbio. Esse tipo de iniciativa nos alinha internacionalmente e dá oportunidade ao estudante de uma vivência única para sua formação”, diz. 

Para Quintana, ter sido o representante da UFJF e do curso de Design em um evento de proporção global foi de grande importância para sua vida acadêmica e profissional. “Fico feliz de ver como o Design, aprendido dentro de sala de aula, e o apoio de nossos professores, como a coordenadora, que esteve me apoiando durante todo o processo, são importantes e podem contribuir para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias, que serão aplicadas para a solução de problemas atuais.”

Prêmio e campanha
O grupo vencedor foi premiado com 50% de desconto em curso de alemão no Goethe Institut. Além disso, os alunos foram convidados por três universidades alemãs para apresentarem o aplicativo, recebendo materiais e apoio dessas instituições, que estão entre as mais inovadoras da Europa. Eles também receberam dois mil euros para os custos da viagem. Porém, segundo os estudantes, o valor ainda está aquém do que é necessário. Para isso, foi criada uma campanha de financiamento coletivo. Quem desejar contribuir com a campanha, basta acessar o link.

O projeto continua em desenvolvimento e está em busca de novos colaboradores interessados em ajudar. Foi disponibilizada uma  pesquisa sobre conhecimentos de Línguas de Sinais pelo mundo voltado para a comunidade surda e profissionais da área que desejam ajudar e cooperar no projeto. Para conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido pelos alunos, basta clicar neste link.