Exposição apresenta a experiência de replicação de um recorte das coleções do Museu de Arqueologia e Etnologia Americana em peças preparadas em uma impressora 3D. (Foto: divulgação)

O Museu de Arqueologia e Etnologia Americana da Universidade Federal de Juiz de Fora (Maea/UFJF) apresenta uma exposição de réplicas em 3D de parte de seu acervo, com peças relativas ao povo Maxacali, na Associação dos Cegos, a partir da terça-feira, 23 de maio. A mostra gratuita é fruto de um projeto experimental cujo objetivo é desenvolver e aprofundar uma percepção sensorial da arte e da história indígena, pensando na acessibilidade e na inclusão de pessoas cegas. 

A proposta foi conduzida pelo estudante de Cinema, Leonardo Luiz dos Reis Marques, do Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação Artística (Pibiart), com a ideia de documentar a experiência sensório-subjetiva do público, a partir da mostra “Arqueologia Tátil: o Saber através das mãos”. A exposição apresenta a experiência de replicação de um recorte das coleções do museu em peças preparadas em uma impressora 3D. Segundo o aluno, o pensamento inicial era transpor o museu para fora dos muros da Universidade, ampliando o acesso da população de Juiz de Fora e região. 

Marques viu na reprodução das peças uma oportunidade de pesquisar mais sobre as questões de acessibilidade e inclusão de indivíduos que vivem com alguma deficiência no campo da arte. “A maioria dos museus que conhecemos trata a visão como um sensor primário. Logo, pessoas cegas não conseguem usufruir tanto assim das exposições, principalmente aqui de Juiz de Fora”, comentou. 

Para a diretora do Maea/UFJF, Luciane Monteiro Oliveira, a importância do projeto é, entre outras, a de ampliar o público também na perspectiva da acessibilidade. “É a democratização do conhecimento, um papel social das Universidades”, assinala. Além disso, ela ressalta que esta é uma função da arte e dos próprios museus para garantir a inclusão social, já prevista em lei. 

A mostra ficará em exibição até o dia 26 de maio.

Representações do povo Maxakali

A maioria das peças da exposição remete aos Maxakali, oriundos de Minas Gerais. “Todo povo indígena tem um nome pelo qual é conhecido, um etnônimo, mas, entre eles, o termo usado é outro: Tikmũ’ũn, a combinação de termos como tihik, que significa homem, e mu’un, com o sentido de grupo e inclusão”. Trata-se de um grupo com uma expressiva história de resistência, evidenciada pelo projeto que traz a pauta para a inclusão social. 

A partir do acervo do Maea/UFJF foram produzidas réplicas de vasilhas, vasos, panelas de cerâmica, entre outras ferramentas, a fim de proporcionar a percepção através do tato. Uma das vantagens da apresentação 3D está também na possibilidade de preservação das peças originais. Marques destaca a utilização da argila na confecção das réplicas dos objetos de origem indígena.