Em meio a avanços notáveis na ciência, os museus científicos mantêm um papel significativo na educação e motivação das futuras (e atuais) gerações. Essas instituições são cenários onde o trabalho de pesquisadores e especialistas é apresentado ao público; locais onde os visitantes têm a oportunidade de explorar desde os mínimos detalhes do mundo microscópico até a imensidão do cosmos.
Na Semana Nacional dos Museus, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reforça esses espaços que, vinculados à instituição, seguem proporcionando, de forma gratuita, uma jornada de descoberta e conhecimento para crianças e adultos. Nesta data, a universidade também relembra o papel da ciência na formação desses espaços – e traz à luz o projeto de museu científico que nasceu no Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
Desvendando o invisível: o nascimento de um museu de microbiologia
A necessidade de coletar, classificar e estudar objetos para expandir e aprofundar o conhecimento científico teve um papel determinante na formação dos museus. No século XVIII, em meio ao movimento iluminista, muitos deles se tornaram instituições públicas, parte graças ao desejo de democratizar o conhecimento.
Sintonizados com esse objetivo e com desejo de levar – literalmente – esse conhecimento para o maior número de pessoas possíveis, um grupo de pesquisadores criou o “Nós e os micróbios: e daí?”, projeto de extensão com interface com divulgação científica, para instituir mostras itinerantes e um museu científico de microbiologia. A iniciativa visa criar um espaço onde ciência, educação e comunidade possam se encontrar e aprender juntas sobre o mundo invisível dos microrganismos, tão relevante e crucial para a vida humana.
“A pandemia trouxe, de alguma forma, a microbiologia pro convívio social de uma maneira mais relacionada ao agravo de saúde, à doença. Porém, a microbiologia vai muito além disso; o que a literatura científica aponta, inclusive, que os micro-organismos que vivem no nosso corpo formam o que é chamado de ‘oitavo sistema fisiológico’. Basicamente, o corpo humano seria incompatível com a vida atualmente, no século XXI, sem a presença desses microrganismos”, conta o pesquisador e professor Cláudio Galuppo Diniz, coordenador do projeto.
Diniz pondera que, frente à necessidade de dedicar maior tempo à comunidade externa da universidade e da demanda de maior curiosidade em relação aos microrganismos, surgiu a ideia de criar um projeto que pudesse discutir a microbiologia do ponto de vista cotidiano, com base no próprio senso comum – abordando temas como, por exemplo, os alimentos, as vacinas e as infecções sexualmente transmissíveis.
“Geralmente, muitos projetos evocam o modelo clássico de sala de aula, ou seja, com o professor falando e as pessoas escutando. Nós queremos fazer algo mais interativo, de forma que os diferentes públicos possam ter contato direto com vários temas da microbiologia”, explica o coordenador.
Contemplado em edital pela Pró-Reitoria de Extensão, o projeto está dividido em dois momentos: o primeiro, junto aos estudantes integrantes do projeto, contempla o planejamento estratégico, a pesquisa, o colecionamento, o design e a construção dos materiais que serão expostos. O segundo é voltado para interpretação, educação, sustentabilidade e engajamento comunitário – é também nele que o projeto busca a concretização de um espaço físico que seria, então, batizado como museu.
Além do laboratório: alunos trabalham para democratizar a microbiologia
O projeto conta com a participação de diversos alunos, inclusive voluntários, de cursos como Nutrição, Farmácia, Enfermagem e Medicina. Eles são, em grande parte, os responsáveis por alimentar o perfil oficial do projeto no Instagram, no qual procuram engajar pessoas interessadas por diferentes temas relacionados à microbiologia e, a partir daí, identificar quais deles geram maior atenção.
Um dos estudantes integrantes do projeto é Diego Alves, do curso de Nutrição. “Me interessei ainda mais pelo projeto quando o professor Cláudio contou que também seria voltado para a conscientização, além de transmitir informações. Muita gente pensa, quando ouve falar de vírus e bactérias, que são ‘vilões’. Queremos quebrar esse tabu.” A estudante Anthusa Alves, do curso de Farmácia, vê sua participação como “uma oportunidade única de se envolver mais profundamente e de difundir conhecimento”, e se diz animada para que, ao longo do projeto, todos possam aprender juntos.
Já Sarah Maria, do curso de Nutrição, tem um interesse distinto pela educação e vê sua incursão em trabalhos manuais, como o uso de biscuit para construir o material das mostras itinerantes, uma experiência totalmente nova. Sarah também comentou que, sendo filha de professora, entende a importância de “traduzir a linguagem do laboratório para um formato mais compreensível para o público geral”.
Projeto está alinhado aos ODS da ONU
As ações de pesquisa da UFJF estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A iniciativa citada nesta matéria se alinha aos ODS 4 (Educação de Qualidade) e 10 (Redução das Desigualdades). Confira a lista completa no site da ONU.
Outras informações:
Instagram do projeto “Nós e os micróbios: e daí?”
21ª Semana Nacional de Museus: confira a programação nos espaços da UFJF