
Projeto visa criar um espaço onde a ciência, educação e comunidade podem aprender juntas sobre o mundo invisível dos microrganismos (Foto: Carolina de Paula/UFJF)
Em meio a avanços notáveis na ciência, os museus científicos mantêm um papel significativo na educação e motivação das futuras (e atuais) gerações. Essas instituições são cenários onde o trabalho de pesquisadores e especialistas é apresentado ao público; locais onde os visitantes têm a oportunidade de explorar desde os mínimos detalhes do mundo microscópico até a imensidão do cosmos.
Na Semana Nacional dos Museus, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) reforça esses espaços que, vinculados à instituição, seguem proporcionando, de forma gratuita, uma jornada de descoberta e conhecimento para crianças e adultos. Nesta data, a universidade também relembra o papel da ciência na formação desses espaços – e traz à luz o projeto de museu científico que nasceu no Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
Desvendando o invisível: o nascimento de um museu de microbiologia
A necessidade de coletar, classificar e estudar objetos para expandir e aprofundar o conhecimento científico teve um papel determinante na formação dos museus. No século XVIII, em meio ao movimento iluminista, muitos deles se tornaram instituições públicas, parte graças ao desejo de democratizar o conhecimento.
Sintonizados com esse objetivo e com desejo de levar – literalmente – esse conhecimento para o maior número de pessoas possíveis, um grupo de pesquisadores criou o “Nós e os micróbios: e daí?”, projeto de extensão com interface com divulgação científica, para instituir mostras itinerantes e um museu científico de microbiologia. A iniciativa visa criar um espaço onde ciência, educação e comunidade possam se encontrar e aprender juntas sobre o mundo invisível dos microrganismos, tão relevante e crucial para a vida humana.

Diniz explica que o projeto objetiva desmistificar a percepção de vírus e bactérias como ‘vilões’ (Foto: Carolina de Paula/UFJF)
“A pandemia trouxe, de alguma forma, a microbiologia pro convívio social de uma maneira mais relacionada ao agravo de saúde, à doença. Porém, a microbiologia vai muito além disso; o que a literatura científica aponta, inclusive, que os micro-organismos que vivem no nosso corpo formam o que é chamado de ‘oitavo sistema fisiológico’. Basicamente, o corpo humano seria incompatível com a vida atualmente, no século XXI, sem a presença desses microrganismos”, conta o pesquisador e professor Cláudio Galuppo Diniz, coordenador do projeto.
Diniz pondera que, frente à necessidade de dedicar maior tempo à comunidade externa da universidade e da demanda de maior curiosidade em relação aos microrganismos, surgiu a ideia de criar um projeto que pudesse discutir a microbiologia do ponto de vista cotidiano, com base no próprio senso comum – abordando temas como, por exemplo, os alimentos, as vacinas e as infecções sexualmente transmissíveis.
“Geralmente, muitos projetos evocam o modelo clássico de sala de aula, ou seja, com o professor falando e as pessoas escutando. Nós queremos fazer algo mais interativo, de forma que os diferentes públicos possam ter contato direto com vários temas da microbiologia”, explica o coordenador.
Contemplado em edital pela Pró-Reitoria de Extensão, o projeto está dividido em dois momentos: o primeiro, junto aos estudantes integrantes do projeto, contempla o planejamento estratégico, a pesquisa, o colecionamento, o design e a construção dos materiais que serão expostos. O segundo é voltado para interpretação, educação, sustentabilidade e engajamento comunitário – é também nele que o projeto busca a concretização de um espaço físico que seria, então, batizado como museu.
Além do laboratório: alunos trabalham para democratizar a microbiologia

Alunos de diversos cursos, como Nutrição, Farmácia, Enfermagem e Medicina, participam do projeto (Foto: Carolina de Paula/UFJF)
O projeto conta com a participação de diversos alunos, inclusive voluntários, de cursos como Nutrição, Farmácia, Enfermagem e Medicina. Eles são, em grande parte, os responsáveis por alimentar o perfil oficial do projeto no Instagram, no qual procuram engajar pessoas interessadas por diferentes temas relacionados à microbiologia e, a partir daí, identificar quais deles geram maior atenção.
Um dos estudantes integrantes do projeto é Diego Alves, do curso de Nutrição. “Me interessei ainda mais pelo projeto quando o professor Cláudio contou que também seria voltado para a conscientização, além de transmitir informações. Muita gente pensa, quando ouve falar de vírus e bactérias, que são ‘vilões’. Queremos quebrar esse tabu.” A estudante Anthusa Alves, do curso de Farmácia, vê sua participação como “uma oportunidade única de se envolver mais profundamente e de difundir conhecimento”, e se diz animada para que, ao longo do projeto, todos possam aprender juntos.
Já Sarah Maria, do curso de Nutrição, tem um interesse distinto pela educação e vê sua incursão em trabalhos manuais, como o uso de biscuit para construir o material das mostras itinerantes, uma experiência totalmente nova. Sarah também comentou que, sendo filha de professora, entende a importância de “traduzir a linguagem do laboratório para um formato mais compreensível para o público geral”.
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Projeto está alinhado aos ODS da ONU
As ações de pesquisa da UFJF estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A iniciativa citada nesta matéria se alinha aos ODS 4 (Educação de Qualidade) e 10 (Redução das Desigualdades). Confira a lista completa no site da ONU.
Outras informações:
Instagram do projeto “Nós e os micróbios: e daí?”
21ª Semana Nacional de Museus: confira a programação nos espaços da UFJF
