Os corredores e as salas pintadas de branco do Centro de Atenção Psicossocial do Hospital Universitário (Caps HU – Liberdade) ganharam mais cor, vida e história, a partir desta quarta-feira, 17, com a exposição permanente de 23 quadros criados por integrantes da Associação Pró-Saúde Mental Trabalharte.
Quem passar pelo local poderá conferir pinturas de paisagem, motivos abstratos, natureza, retrato e mosaicos de tecido em diversas tonalidades e tamanhos. Entre os autores, estão os artistas premiados Alceu Rodrigues, que também está com mostra em cartaz no Forum da Cultura da UFJF, Iury Schuery e Avelino. As obras expostas são oriundas de oficinas realizadas pela Trabalharte no Centro de Convivência Recriar e Caps Casa Viva.
A exposição é fruto da parceria, firmada em cerimônia também nesta quarta, entre a UFJF, o HU e a Trabalharte, com o apoio da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da UFJF (Intecoop), vinculada à Pró-Reitoria de Extensão. Além de poder abrigar as obras, a cooperação interinstitucional permite a utilização da estrutura física do Caps pela associação para o desenvolvimento de oficinas.
“O Caps é um instrumento de prestação de assistência de qualidade e de formação acadêmica, mas sobretudo um lugar onde temos o compromisso de reinserir socialmente o usuário da saúde mental. Reafirmamos nosso papel com a mudança de vida do povo. E a universidade aprende muito com a comunidade”, destacou a vice-reitora da UFJF, Girlene Alves.
No Caps, localizado na Unidade Dom Bosco do HU-UFJF/Ebserh, a Trabalharte está à frente de duas oficinas terapêuticas e de produção de renda, duas vezes por semana, sendo uma voltada à arte e outra à comunicação. O próprio Caps possui outras oficinas com fins terapêuticos, bem como grupos e demais serviços.
A estrutura da nova sede do Caps, inaugurada em 2021, mais ampla, com 1.351 metros quadrados e dois andares, permitiu abrigar as produções artísticas. A visitação pode ser realizada durante o horário de funcionamento do Centro, de segunda a sexta, das 7h às 18h.
Novas obras serão adicionadas ao conjunto, após restauração e retorno de mostras temporárias em outras instituições. Outras estão sendo produzidas nas oficinas atuais. “Estamos começando no Caps HU o trabalho de pintura feita com mosaico de retalhos. É a arte como importante ferramenta de reabilitação psicossocial ”, reforça a psicóloga da associação, Ilka Araújo Soares.
Reconhecimento
O presidente da Trabalharte, Sebastião Peres, participa da oficina de comunicação, com a produção de roteiro de rádio e TV, e está começando a pintar. Sente-se honrado ao ver os trabalhos dos colegas expostos e valorizados. “É muito bom ter esse apoio, com muito carinho.”
O reconhecimento público é um dos fatores de motivação para Dilson Barbosa de Assis passar cerca de dois anos e meio, exercitando a paciência e elaborando suas questões, na produção de obras de arte, como um mosaico feito com pedacinhos de casca de ovo e outro de tecidos.
“É terapêutico e é muito gratificante quando a pessoa vê e diz: ‘É muito bonito’. Você fica alegre, dá vontade de sair gritando de alegria. Já um pessoal falava que aqui só tem doido. Na cabeça deles, nós éramos doidos. Mas tão doidos que fizemos um documentário ‘Lugar de Quê’, que rodou o Brasil todo”, acrescenta Dilson, em crítica à concepção incapacitante sobre usuários de serviços de saúde mental.
Arte e economia solidária
A Trabalharte possui um longo histórico com a UFJF, tendo sido a primeira associação incubada pela Intecoop, em 2000. “Oferecemos aos coletivos de trabalho autogestionado uma assessoria para que tenham condições de se firmarem, se fortalecerem e produzirem. Por meio da economia solidária, podem promover sua subsistência”, explica a pró-reitora de Extensão e coordenadora da Intecoop, Ana Lívia Coimbra.
A Intecoop também verificará outras possibilidades de parceria entre Caps, Trabalharte e mais projetos da UFJF, em fortalecimento mútuo. “Que este seja o início de várias outras parcerias na área da saúde, neste modelo da cooperativa, para que a gente permita uma verdadeira integração dos pacientes nos planos terapêuticos e social”, anseia o superintendente do HU, Dimas Araújo.
Para participar das oficinas, é necessário encaminhamento via próprio Caps ou outra unidade de saúde mental. Conforme Ilka, o ideal é que o paciente conheça as atividades da Trabalharte e esteja em acompanhamento psicológico.
Confira a cobertura fotográfica do evento.
Outras informações:
Hospital Universitário da UFJF/Ebserh
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