“O reconhecimento do meu trabalho me deixou com a sensação de ter deixado minha marca no mundo da educação e da cidadania.” A frase é da professora aposentada da Faculdade de Serviço Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Verônica Ramalho Borba. A docente será uma das 15 homenageadas na edição deste ano do Troféu Mulher Cidadã, realizado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). A cerimônia acontece nesta sexta-feira, 31, no Teatro Paschoal Carlos Magno, a partir das 19h. 

Verônica Ramalho foi uma das coordenadoras do projeto “Universidade com a Terceira Idade” (Foto: Arquivo pessoal)

Verônica Ramalho ingressou como professora na Universidade em 1983, após ser aprovada em concurso público, e se aposentou em 2013. Ela é uma das criadoras do programa “Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o Processo de Envelhecimento”, fundado em 1991. A iniciativa é vinculada à Faculdade de Serviço Social e realiza diversos projetos voltados à comunidade idosa em Juiz de Fora, com foco no resgate da autonomia e na melhoria das relações intergeracionais, além de desenvolver produção científica sobre o envelhecimento. Mais de sete mil pessoas já foram atendidas pelo programa. 

A professora também é autora da pesquisa “Processo de envelhecimento da população de Juiz de Fora/MG: condições de vida e segregação sócio-espacial” e é uma referência nos estudos sobre o tema. 

De acordo com a docente, no começo da década de 1990, a questão do envelhecimento populacional e seus desdobramentos na vida socioeconômica e política do país entravam em pauta. Dessa forma, Verônica e a professora Márcia Deotti decidem se aprofundar nessa discussão, com o apoio da então diretora da Faculdade de Serviço Social, Sônia Heckert. Nasce então o “Universidade com a terceira idade”, que, posteriormente, se transforma no Polo sobre o Processo de Envelhecimento. Na época, era oferecido um curso de dois anos voltado para o público idoso. 

“Inicialmente o projeto consistia de um curso de extensão ministrado por professores de diferentes áreas da UFJF: saúde, economia, política, nutrição. Assim que iniciamos esse curso, nós conseguimos parcerias com departamentos de diversas áreas”, conta. 

Posteriormente, integrantes desses departamentos passaram a desenvolver os seus próprios projetos de extensão voltados para o público idoso, no âmbito do Polo. Outra etapa foi a criação de atividades voltadas para a população do entorno do campus (bairros como Dom Bosco e São Pedro) e ações que inseriam o público idoso no interior da instituição. “Eles podiam ser alunos ouvintes de disciplinas. Teve um senhor que fez o curso de Serviço Social todo”, relembra. 

A professora avalia que a partir da criação do Polo, abriu-se um campo de treinamento para estudantes da Universidade, que começaram a se interessar pela temática do envelhecimento. Essa disposição gerou um “grande volume” de trabalhos de conclusão de curso sobre o assunto, além de fomentar o interesse de docentes em ações de extensão e pesquisa. “O resultado foi o surgimento de várias disciplinas em alguns cursos de graduação, inclusive na Faculdade de Serviço Social, voltadas para a discussão sobre o envelhecimento populacional”, reflete.

“Sem a UFJF, esse trabalho nunca teria existido”

Na avaliação da professora Verônica Ramalho, ser premiada com o Troféu Mulher Cidadã é o reconhecimento não apenas do seu próprio trabalho, mas também de “companheiros” docentes, discentes e da Administração Superior da Universidade. “Sem a UFJF, esse trabalho nunca teria existido. Entendo que é um reconhecimento coletivo, da importância da Universidade para a cidade e seu entorno”, avalia. 

Verônica Ramalho será representada na entrega da honraria pela professora Estela Saléh da Cunha, do Departamento de Política de Ação do Serviço Social, atual coordenadora do Polo sobre o Envelhecimento. 

Professora que contribuiu para formar gerações de profissionais

Para a pró-reitora de Extensão e professora da Faculdade de Serviço Social, Ana Lívia Coimbra, a professora Verônica Borba é uma figura comprometida, que contribuiu para a formação de gerações de profissionais em Juiz de Fora. “Esses profissionais puderam se aproximar da temática do envelhecimento, obtendo uma formação de qualidade e voltada a atender aos direitos e necessidades da população idosa. O troféu significa o reconhecimento de uma trajetória acadêmica, no Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o processo de envelhecimento”, relata. 

A escolha das homenageadas é feita por uma comissão com representantes de diversos órgãos públicos. 

UFJF está na trajetória de outras homenageadas 

Outras duas homenageadas com o Troféu Mulher Cidadã neste ano têm relações com a Universidade. A professora Brune Coelho Brandão, doutora em Psicologia pela UFJF, é a primeira mulher trans a ser doutora pela instituição. Brune também é graduada e mestra em Psicologia pela Instituição e atua como docente na Faculdade Sudamérica, em Cataguases, na Zona da Mata mineira. 

A jornalista Juliana Duarte é formada pela UFJF e atua há duas décadas no jornalismo de Juiz de Fora. Juliana é editora dos telejornais da TV Integração na cidade, onde também foi produtora. Anteriormente, a profissional foi repórter e editora do jornal Tribuna de Minas. 

Confira a lista completa das homenageadas no site da Prefeitura. 

Polo sobre o Processo de Envelhecimento 

O Polo sobre o Processo de Envelhecimento fica localizado na Casa Helenira Rezende (Helenira Preta), na antiga Casa de Cultura, atual sede da Escola de Artes Pró-Música. O endereço é Rua Severino Meirelles, 260, Alto dos Passos. Também é possível acessar o local pela Avenida Barão do Rio Branco, 3372, Centro. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O telefone é (32) 2102-6310 e o e-mail da Casa é casa.helenirarezende@ufjf.br. Também é possível obter outras informações no Facebook e Instagram do Polo.