Elisa Branco (vestido claro) em meio a crianças coreanas ao receber o Prêmio Lênin da Paz. (Foto: Wikimedia Commons)

Uma militante comunista brasileira que lutou pela paz mundial. Uma trajetória política que foi esquecida, mas que merece ser lembrada. O responsável pela biografia de Elisa Branco é Jorge Ferreira, que lança, em Juiz de Fora, no dia 29 de março, às 19h, no Anfiteatro 3 do Instituto de Ciências Humanas (ICH), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), seu mais novo livro pela editora Civilização Brasileira: “Elisa Branco: uma vida em vermelho”, que será tema da aula inaugural do primeiro semestre letivo do Programa de Pós-Graduação em História da UFJF. 

Elisa Branco (1912-2001), quando criança, nos idos do século passado, brincou e sofreu. Na juventude, foi alvo dos ciúmes excessivos e, adulta, tornou-se militante combativa do Partido Comunista Brasileiro (PCB), seja na luta das mulheres, seja nas campanhas pela paz.

Elisa era uma militante de base que acreditava no projeto de construção de uma sociedade comunista, ideal que perseguiu durante a vida, pagando um alto preço por sua luta: foi presa por um ano, condenada injustamente. Seu crime foi abrir uma faixa contra o envio de soldados brasileiros à Guerra da Coreia, no dia 7 de setembro de 1950, durante desfile militar, em São Paulo.

A prisão mobilizou uma campanha que atingiu a esfera internacional e as ações para libertar Elisa Branco percorreram vários países fazendo com que a brasileira se tornasse símbolo da luta pela paz mundial. Em 1952, recebeu, na União Soviética, o Prêmio Internacional Stalin da Paz, a maior distinção que um comunista poderia alcançar. 

O autor comenta que o livro é sobre a vida de Elisa Branco, mas também trata da história do Partido Comunista e do próprio país. Afinal, ela viveu no Brasil e dedicou sua vida ao partido. “Se ela foi esquecida, merece ser lembrada”, reforça Jorge Ferreira. Para o coordenador do Programa de Pós-Graduação em História da UFJF, Prof. Leandro Pereira Gonçalves, as reflexões sobre o tema celebram um importante momento para o curso que alcançou a nota 6, “índice que nos coloca entre os Programas de Excelência na Capes”, salienta. 

“Elisa Branco: uma vida em vermelho”

O livro de Jorge Ferreira é uma biografia com uma linguagem fluida, simples e direta. O gênero sempre agrada porque

Lançamento será tema de Aula Inaugural do Programa de Pós-graduação em História. (Foto: divulgação)

contempla trajetórias de vida, objeto de interesse dos leitores. Na historiografia, o formato vem crescendo nos últimos anos e o próprio autor é dono de uma significativa produção bibliográfica, que “o alça ao patamar de um dos maiores estudiosos brasileiros da história do Brasil republicano”, comenta a professora do Programa de Pós-graduação em História da UFJF, Cláudia Viscardi. 

Jorge Ferreira também é autor de um grande sucesso de vendas: “João Goulart, uma biografia”, de 2011. O professor também assina livros didáticos e tem concentrado sua pesquisa sobre o trabalhismo, o comunismo, a história das esquerdas e a história do Brasil republicano. Por ser um especialista do período, a trajetória “esquecida” de Elisa Branco atraiu a atenção de Ferreira que escreveu sobre as vivências da militante entrelaçando suas experiências com a vida política do país. 

Na abertura do livro, o autor esclarece o leitor: “Aviso que o livro é sobre a vida de Elisa Branco, mas também trata da história do Partido Comunista e do próprio país”. Ferreira valeu-se de fontes como entrevistas orais, escritas e digitais, imprensa, arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), relatos da própria biografada e arquivos privados, entre outros recursos utilizados pela historiografia. 

Uma mulher comunista

Elisa Branco recebeu de Stalin a maior honraria que poderia ter sido concedida a um comunista mas, ainda assim, os dirigentes do PCB não a incluíram nas esferas decisórias partidárias. Sua importância demorou a ser reconhecida o que Ferreira chama de um progressivo “apagamento” de sua história. 

A importância da obra de Ferreira está na denúncia do apagamento desta trajetória e de sua memória, o que ele comprova empiricamente em relação à diminuição progressiva de referências a ela até mesmo nos jornais comunistas. Ao transformar a personagem em protagonista de sua consolidada produção historiográfica, Jorge Ferreira projeta nas páginas do livro uma história que pode ser a de milhares de mulheres que lutam diariamente por um país com mais equidade social mas que permanecem escondidas por trás das amarras estruturais masculinas.  

Outras informações: coord.ppghis@ufjf.br 

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