Das flores às mãos fechadas, do rosa pink a outros tons, das mulheres brancas e novas à diversidade de corpos femininos. Aos poucos, a sociedade vem ressignificando a celebração em homenagem às mulheres. Se antes a data era marcada apenas por clichês que exaltavam mais características ligadas à feminilidade, à maternidade ou à delicadeza, hoje os sentidos disputam com outros marcadores sociais, que questionam a desigualdade de gênero ainda perversa que se vivencia em pleno século XXI.
Por isso, não basta pensar apenas no Dia Internacional da Mulher – 8M. A campanha Mulheres que inspiram vai apresentar ao longo do mês diferentes perfis com histórias da comunidade acadêmica, com indicações do público das redes da UFJF. Acompanhe!
Isabel Leite
Professora do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina, Isabel Leite afirma que, em seu dia a dia como docente, pesquisadora e profissional, ela busca se enxergar no lugar do outro, seja nas aulas, seja nas discussões e reflexões. “Talvez isso faz com que as pessoas se enxerguem em mim, de alguma maneira se sintam representadas por eu me colocar no lugar delas e por tentar enxergá-las com a minha perspectiva, de pesquisadora, cidadã.”
Na visão da docente que acumula experiências também em cargos de assistência e de gestão municipal, esse reconhecimento representa na verdade uma grande responsabilidade de ser um exemplo de profissional: “um modelo que não beire à ilusão, à utopia, mas que tenha pés na realidade e que mostre pra essas mulheres tudo aquilo que elas podem alcançar mesmo diante das dificuldades de ser mulher na nossa sociedade”.
Isabel destaca que grande parte de sua jornada acadêmica foi destinada ao serviço público, tendo estudado em escolas públicas desde o início da infância até o doutorado. “Uma trajetória que foi feita de lutas, de apropriações, de busca por espaços e de conquista desses espaços. Sempre rodeada por outros, todos que me servem de suporte, de inspiração, por outros cidadãos, mas também por outras mulheres que me serviram um dia de inspiração.”
Hoje como perfil que inspira, a professora considera que é porque estimula as mulheres, sobretudo as mais jovens, a sonhar e a transformar suas realidades.
Rosenira de Oliveira
Funcionária terceirizada da UFJF, Rosenira Angélica de Oliveira é conhecida como “Dona Rose” na Reitoria da Universidade. Nascida em Jatobá do Piauí, Rose vive em Juiz de Fora desde 2015, depois de passar também por Barra Mansa, no interior do estado do Rio de Janeiro.
A primeira da família a se mudar para a cidade foi uma das filhas de Rose, que fez graduação em Administração na Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e atualmente estuda na Faculdade de Educação (Faced) da UFJF. Outra filha da funcionária é aluna do curso de Rádio, TV e Internet, na Faculdade de Comunicação (Facom).
Em sua trajetória com várias paragens, Juiz de Fora vem sendo uma boa estação: “Gosto daqui, amo aqui. O que mais gosto é do clima. Lá no Piauí é muito quente”. Para Dona Rose, ser indicada como uma mulher inspiradora é motivo de felicidade e orgulho. Alegria que fica demonstrada em seu trabalho e na relação com as pessoas na Universidade.
“O ambiente é bom, eu gosto muito das pessoas. Acho que com o meu jeito, as pessoas, rapidinho, se acostumam comigo e eu me acostumo com as pessoas. Pego uma amizade boa. E tenho muitas amizades aqui”, reitera.
Adriana Oliveira
Bibliotecária-documentalista da UFJF, Adriana Oliveira trabalha atualmente com o Repositório Institucional que conta com um acervo de aproximadamente 15 mil documentos com texto completo, em formato digital. “O Repositório reúne e dissemina a produção intelectual da UFJF, onde são disponibilizadas teses, dissertações, monografias, artigos de periódicos, livros, relatórios e outras produções acadêmicas.”
Na instituição há quase três décadas, Adriana conta que ficou surpresa, mas lisonjeada com a indicação para a campanha. “Procuro exercer minha profissão com o máximo de dedicação, busco capacitação constante para implementar ferramentas, recursos e serviços na atividade que estou desenvolvendo no momento”, afirma.
Para a servidora técnico-administrativo em educação (TAE), a sua atuação é voltada para facilitar o acesso à informação e à disseminação do conhecimento, principalmente o conhecimento produzido na UFJF. Ela destaca em sua trajetória todas as oportunidades de capacitação e crescimento profissional que teve na Universidade.
Dalila Varela
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da UFJF, Dalila Varela é a coordenadora geral da Associação de Pós-Graduandos (APG) da UFJF. Tendo ingressado na Universidade por meio das cotas do Sisu em 2014, a historiadora sempre estudou em escolas públicas municipais e estaduais no ensino básico, tendo participado de uma das primeiras turmas contempladas com os cursos técnicos do Pronatec.
Para a indicada da campanha, a representatividade é muito importante: “Quando se vem da classe trabalhadora, é mulher e não branca, lutar e ser resiliente são as únicas formas possíveis de se viver numa sociedade ainda profundamente racista, misógina e elitista.”
O lugar de destaque na APG implica nas atividades que participou ao longo de 2021 de enfrentamento e resistência aos ataques que a pós-graduação brasileira sofreu. “Estivemos à frente em muitos momentos delicados, conversando com as/os discentes e lutando por soluções, assim acredito que o acolhimento da associação foi fundamental para atravessarmos tudo o que aconteceu no Brasil”, pontua.
Em busca de aprofundar o debate sobre o racismo e patrimônio cultural que promoveu em sua pesquisa no mestrado, a doutoranda tem trabalhado com o acervo documental do ICMS Patrimônio Cultural, cuja política, segundo ela, “não contribuiu para a diversificação dos bens preservados em Juiz de Fora, uma das cidades com maior contingente de pessoas escravizadas no século XIX, mas cujo patrimônio continua sendo majoritariamente referente à memória e história dos grupos brancos”.
Cláudia Toledo
Professora da Faculdade de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito e Inovação, Cláudia Toledo desenvolve pesquisas nas áreas de Teoria e Filosofia do Direito e Direito Constitucional. Ela disse que foi uma satisfação saber que estava entre as mais indicadas na campanha pelo Mês da Mulher, sendo um estímulo para seguir adiante.
“Ter esse reconhecimento é recompensador do empenho profissional e pessoal, e é motivante, pois mostra que, apesar de toda a diversidade e pluralidade que felizmente temos hoje na sociedade, há valores que são diretrizes de vida não só para mim ou para alguns, mas para vários.”
Em sua prática, Cláudia busca articular o tripé ensino-pesquisa-extensão nas atividades da graduação e da pós-graduação, abordando temas debatidos e conclusões alcançadas nos projetos de pesquisa que coordena. “Tais questões e resultados são também divulgados e discutidos em debates e exposições em webinários e mesas-redondas, por exemplo. Dessa forma, tem-se a interação e contribuição da pesquisa tanto na formação de estudantes (ensino), quanto na informação e orientação da sociedade em geral (extensão)”, enfatiza.
Outras docentes indicadas com destaque foram Zélia Ludwig (Física) e Sandrelena Monteiro (Educação). Algumas mensagens também frisaram a forte presença feminina em alguns cursos como Educação, Enfermagem e Letras.
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