Os municípios que aderiram aos protestos de 2015 a 2017 participaram da pesquisa. (Foto: Visual Hunt)

O que os protestos de 2015 a 2017 indicam sobre a relação entre o tamanho de um município e a participação dos cidadãos no contexto dessas unidades administrativas? Essa pergunta motivou uma pesquisa do professor Anderson de Oliveira Reis publicada nessa quarta-feira, 1º, em uma das mais antigas e importantes revistas da área de administração do Brasil, a ‘Organizações & Sociedade’, classificada como Qualis A2.

No estudo – conduzido em parceria com Marjorie Sabioni – o docente do Departamento de Ciências Contábeis do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) identificou os municípios em que houve manifestações, detalhou o panorama desses protestos e fez uma análise comparativa para verificar a conformidade dos resultados obtidos. Também foram investigadas as distinções na distribuição dos promotores da participação (contribuintes, empreendedores, usuários de internet, membros de entidades religiosas, partidos políticos e ONGs) entre os municípios.

Ao todo, 142 municípios mineiros que aderiram aos protestos convocados pelo movimento Vem Pra Rua e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) participaram da pesquisa, que considerou o período de março de 2015 a junho de 2017, totalizando 27 meses.

Segundo Reis e Sabioni, os resultados do estudo demonstram que as “disparidades estruturais entre os municípios de Minas Gerais traduzem as diferenças também existentes na participação cidadã”. Os dados apurados ainda sugerem que “existem contextos municipais favoráveis à participação em municípios de menor porte assim como naqueles de maior porte, sendo que a participação será mais facilmente concretizada por cidadãos e stakeholders [representantes de um grupo ou organização formalmente constituídos] que residem em municípios de médio a grande porte”, afirmam os autores.

Uma explicação para esses resultados é que, geralmente, “os municípios maiores têm maior nível de desenvolvimento, consequentemente, têm cidadãos mais preparados para cobrar e pressionar a administração pública – local, estadual e federal – por mais eficiência e transparência”, detalham Reis e Sabioni. Por outro lado, de acordo com os pesquisadores, “pequenos municípios podem apresentar menor complexidade política e maior proximidade com representantes eleitos, o que facilita o contato e gera maior sensação de eficácia da participação política.”

Para ler o artigo ‘Participação Cidadã e Porte Municipal: Constatações à Luz das Manifestações do Período de 2015 a 2017’ na íntegra, clique aqui.