Thiago da Costa: “O meu desejo é que também possamos ter mais disciplinas que abordem a inclusão” (Foto: Carolina de Paula/UFJF) 

A Faculdade de Economia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) sediou na manhã desta terça-feira, dia 10, a defesa do trabalho de conclusão de curso de graduação, intitulado “Uma análise do Canal Economia Inclusiva no Instagram”, de Thiago da Costa. O estudante entra para a história da unidade acadêmica como o primeiro aluno com paralisia cerebral a completar essa etapa de formação.  

A atividade mobilizou e emocionou, além de quase uma dezena de familiares do graduando, professores, técnico-administrativos em educação (TAEs), discentes, integrantes e ex-integrantes do Núcleo de Apoio à Inclusão da UFJF. Todos e todas foram testemunhar o enriquecimento promovido pela presença, na Universidade, de representantes dos grupos historicamente excluídos do espaço acadêmico, dentre os quais as pessoas com deficiência (PCDs).

Com uma trajetória repleta de desafios e superação, Thiago da Costa, 34 anos, evidencia como a chegada de outros perfis à UFJF produz deslocamentos, novas compreensões e problematizações. “Agradeço aos professores e professoras pela formação ampla e humana que recebi. O meu desejo é que também possamos ter mais disciplinas que abordem a inclusão”, pontuou.

Ainda conforme o discente, “o termo inclusão na literatura significa ato de incluir, integrar e permitir totalmente o acesso de quaisquer lugares para as pessoas diferentes. Já a equidade consiste em buscar a igualdade através de um senso de justiça que procure ajustar as políticas existentes à situação concreta”.

Costa também destacou a importância do acompanhamento promovido pelo NAI, entre os anos de 2018 e 2022, em especial, pelo também discente do curso de Ciências Econômicas, André Sobrinho.

“Inclusão é direito”
Para elaboração de sua monografia, Costa foi orientado pela professora Laura Schiavon e coorientado pelo doutorando João Erick Alexandre Barbosa Costa. Na pesquisa “Uma análise do canal Economia Inclusiva no Instagram”, é apresentado um diagnóstico das preferências dos seguidores desse perfil com relação aos conteúdos.  Criado pelo próprio graduando no ano de 2020, durante a pandemia de Covid-19, o canal investe em  publicações que tratam de temas variados, abordando, especialmente, a diversidade e os assuntos da conjuntura econômica. 

Thiago da Costa com familiares, professores, TAEs e estudantes da UFJF (Foto: Carolina de Paula/UFJF)

Conforme a professora e orientadora Laura Schiavon, “Thiago é um aluno com grau de interesse ímpar, muito além da média. Ele tem paixão pelo conhecimento, pela Economia e muito comprometimento”. A avaliação é compartilhada pelo também docente da Faculdade de Economia e integrante da banca de avaliação do trabalho acadêmico, Alexandre Zanini. “A defesa do Thiago representa um momento histórico para a Faculdade de Economia. O trabalho tem objetivo muito bem definido, tem princípio, meio e fim. Está muito bem referenciado academicamente e, além disso, é pioneiro. Thiago nos mostra que há poucos estudos sobre a inclusão na Economia.” 

Zanini acrescenta a importância do suporte ofertado pelo Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) da UFJF para a trajetória acadêmica dos alunos com deficiência.  “O NAI é um ponto de inflexão dentro da Universidade, por todo o suporte a esse processo de inclusão. Thiago foi meu aluno em duas disciplinas, quando ainda não existia o Núcleo. Ele nos ensinou muito. A presença dele mexeu com cada um dos professores, nos desafiou a refletir sobre a capacidade de ensinar para todo mundo.”

De acordo com a professora da Faculdade de Educação (Faced) e uma das fundadoras do NAI/UFJF, Mylene Santiago, que também esteve presente na atividade, muitas vezes o maior desafio está em convencer a todos que a inclusão é um direito, não é uma caridade. “Seguimos firmes nesse propósito. Como escreveu Eduardo Galeano, a utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”  

Saiba mais:
Canal Economia Inclusiva no Instagram

Outras informações:
Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI)