A pandemia causada pela Covid-19 ainda traz inúmeros desafios para todos os setores do mercado global, que, em níveis diferentes, ainda sofrem os impactos decorrentes da crise sanitária. A situação também afeta o contexto de produções culturais e artísticas contemporâneas, ao perpassar constrangimentos que foram acentuados no cenário epidemiológico. Para debater o tema, o projeto Chá das Cinco e Meia recebe a professora de sociologia na Faculdade de Letras e Humanidades da Universidade do Porto (Portugal), Paula Guerra, para dialogar sobre o assunto. O encontro acontece nesta quarta-feira, 23, no auditório do Centro de Pesquisas Sociais (CPS), às 17h30.
Com a temática “Um loop de incertezas: Os impactos da pandemia da Covid-19 na produção cultural e artística contemporânea”, a pesquisadora aponta que em Portugal, o trabalho criativo em torno da música popular não tem sido objeto de um investimento científico. Neste cenário, a partir de entrevistas semiestruturadas, ela mapeou as desigualdades e os impactos da Covid-19 no trabalho criativo de 40 músicos portugueses – fruto de uma investigação transnacional em curso, que envolve Portugal, Reino Unido e Austrália.
“Na generalidade, as pesquisas têm revelado um paradoxo inelutável face ao trabalho criativo musical: se, por um lado, esse mercado de trabalho apresenta abertura cultural, dinamismo e cosmopolitismo, por outro, revela padrões de desigualdade em termos de gênero, precariedade de vínculos, informalidade contratual, atipicidade de tarefas, flexibilidade de papéis”, enfatiza Paula.
Na pesquisa, ela aponta que, no cenário mundial, os governos impuseram restrições à vida social, de modo a controlar a propagação da doença. Nesta perspectiva, diferentes tipos de restrições foram adotadas, passando por vários graus de distanciamento e isolamento social, proibição ou restrição de ajuntamentos sociais, viagens, atividades de lazer e desportivas, e até mesmo a ida à escola ou ao trabalho.
“O impacto destes tipos de controle e medidas de emergência na liberdade individual e na democracia, ainda por apurar, deverá continuar. Muitas medidas terão de se manter a longo prazo, algumas mesmo tornando-se parte do ‘novo normal’ para estes músicos, levando a reequacionar conceitos chave, como, risco, medo, pânico, crise e confiança”, destaca.
De acordo com o professor e pesquisador do Departamento de Ciências Sociais, Felipe Maia, é um privilégio receber a professora Paula Guerra, que tem uma trajetória muito consolidada de atuação no campo da sociologia da cultura e da juventude, com grande número de publicações e colaborações em projetos internacionais. “O tema que ela traz para o ‘Chá’ é altamente relevante ao dar visibilidade às condições de incerteza e de desigualdade que marcam a produção cultural, tema que ela investiga a partir do campo da produção musical em Portugal. Será sem dúvida uma ótima oportunidade para os pesquisadores da UFJF conhecerem seu trabalho e prospectar colaborações.”
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