Em evento realizado na sede da CBF, o aluno da Faefid Paulo Cesar Zanoveli recebeu escudo para atuar como árbitro internacional da Fifa (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Na última sexta-feira, 11, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou os novos indicados para integrar, a partir de 2023, o quadro de arbitragem internacional da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Entre os nomes apresentados na cerimônia, realizada na sede da CBF, no Rio de Janeiro, está o de Paulo César Zanoveli, aluno dos cursos de licenciatura e bacharelado da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Natural da cidade de São João Nepomuceno, mas morador do bairro juiz-forano Nova Era II desde a infância, Zanoveli, que tem apenas 32 anos, irá compor o conjunto de árbitros que vai atuar em partidas internacionais. Apaixonado por futebol desde cedo, ele desenvolveu o interesse pela arbitragem quando começou a apitar partidas de futsal na Faefid e jogos amadores em Juiz de Fora e região.

“Um dia, meu tio me convidou para apitar uma partida na cidade de Lima Duarte. Sem uniforme, com uma chuteira simples. E foi assim que tudo começou”, relembra Zanoveli. Ele conta que as primeiras partidas de futsal apitadas ocorreram em 2012, ao lado do professor da Faefid Renato Siqueira. Em seguida, começou a apitar futebol de campo, ao mesmo tempo em que passou a buscar cursos de arbitragem na Federação Mineira de Futebol (FMF). Até que, em 2018, foi indicado pela FMF a compor o quadro de árbitros da CBF.

A estreia na série B do campeonato brasileiro se deu no ano de 2020 e, após outros cursos de especialização, como para o de aprendizado da tecnologia do Video Assistant Referee (VAR), esteve no Paraguai, junto a outros jovens talentos, para adquirir mais conhecimento com a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). “A gente não pára. Estou sempre envolvido em cursos, palestras, treinamentos físicos. Afinal, todo árbitro sonha em ser um profissional internacional da Fifa. Por isso, sinto uma sensação de extrema realização após tanto investimento e tanto apoio da minha esposa, Bianca, da minha família, dos amigos”.

Apitos para a juventude

Zanoveli também foi o primeiro bolsista do projeto de extensão Apito Jovem, que atende jovens no Instituto Dom Orione (Foto: Carolina de Paula)

Ainda como estudante, Zanoveli já retribuiu os conhecimentos da arbitragem à comunidade por meio do projeto de extensão Apito Jovem, coordenado pelo professor Álvaro Quelhas, da Faculdade de Educação (Faced). O aluno ingressou como bolsista no projeto, em 2018, atendendo crianças e adolescentes assistidos pelo Instituto Dom Orione.

“Oportunizamos essa experiência relacionada ao campo da arbitragem, por meio do conhecimento de regras, de análises de lances que acontecem nas partidas, dos próprios jogos e campeonatos regionais e nacionais disputados pelos grandes times, com os quais eles têm muita relação como torcedores”, explica Quelhas sobre o funcionamento do projeto.

Segundo o coordenador, a demanda veio do próprio Dom Orione, para atender os beneficiários do programa Bom de Bola, da Secretaria de Esporte e Lazer da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). “Buscamos apresentar essa outra faceta do futebol, pois sabemos que, apesar de muitos casos de sucesso, a carreira de jogador é muito difícil”.

A troca proporcionada pelo projeto também foi importante para o ex-bolsista. “Foi um tempo de grande aprendizado, onde pude ensinar aos meninos e meninas sobre regras, sobre a arbitragem de uma maneira lúdica e apresentá-los a outro mundo para além do ser jogador de futebol. O Apito Jovem é um projeto que possibilita mudanças nas vidas desses jovens, que lutam, que trabalham e remam contra a maré”, acredita.

Para o professor, ter tido Zanoveli como bolsista demonstra a qualidade das ações da UFJF, que levam conhecimento para para aqueles e aquelas que se encontram em situação de vulnerabilidade social.